Busca
Menu
Busca
No data was found

‘3 Maneiras de Tocar no Assunto’: elegância e atuação focada na palavra

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Site de notícias e entretenimento especializado no circuito de teatro do Rio de Janeiro
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Em cartaz no Teatro Poeirinha, em Botafogo, “3 Maneiras de Tocar no Assunto”, que tem direção de Fabiano de Freitas, aborda a discriminação a homossexuais. Como o próprio título explicita, a peça faz isso a partir de três pontos de vista, três solos curtos. Tudo é muito elegante e flui muito bem.

O texto de Leonardo Netto tem como ponto de partida a escola, o preconceito destilado pelo “bullying” infantil e adolescente. O segundo solo é um relato em primeira pessoa sobre o episódio americano da boate Stonewall Inn, em Nova Iorque, que foi palco de um conflito entre policiais e civis em 1969. O terceiro é um compilado de pronunciamentos de Jean Wyllys no Congresso Nacional entre 2011 e 2018.

A cenografia de Elsa Romero compõe uma bacia com água à esquerda e um banco à direita, dando à montagem um espaço considerável de circulação, além de elementos propositivos para interação.

O figurino de Luiza Fardin segue a mesma linha solene da cenografia, colocando o ator de terno escuro; isto ajuda no estabelecimento de uma atmosfera pesada, fundamental para o discurso do espetáculo.

A iluminação de Renato Machado, que já costuma ter uma digital importante no contra-luz, encontra neste espetáculo interlocutor especial.

Leonardo Netto realiza a difícil tarefa de personificar três narradores completamente diferentes, evidenciando a natureza de cada solo, e, ao mesmo tempo, imprimir uma fluidez que perpasse os três textos, sem cansar. E isto acontece. E de maneira aparentemente confortável, natural, o que é surpreendente. A razão para este conforto se deve, em grande medida, claro, ao fato de Leonardo Netto ser também o dramaturgo da peça. Ok. Mas outra razão me parece igualmente evidente e de muito maior relevância para ser destacada, que é a “escola” teatral de valorização da palavra, uma estética que praticamente não vemos mais no Rio de Janeiro. Já levantei esta bandeira aqui algumas vezes: são raras as peças em que temos a oportunidade de presenciar um ator que nos enlaça por meio da fala, no “simples” ato de dizer o texto.

Esta experiência ímpar, somada à elegância do espetáculo como um todo – que passa por cenário, figurino, iluminação, e tem sua expressão mais visível nos caminhos escolhidos pela direção e pela atuação – justificam a ida ao teatro mesmo para quem não compactua com o discurso.

Um abraço e até domingo que vem!
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para pericles.vanzella@rioencena.com.

Leia Também

No data was found
Assine nossa newsletter e receba todo o nosso conteúdo em seu e-mail.