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Balanço 2019: Teatro megafone

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Site de notícias e entretenimento especializado no circuito de teatro do Rio de Janeiro
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Antes do balanço do ano de 2019, quero dizer que hoje me despeço do RIO ENCENA, deste espaço onde aprendi tanto, que foi o meu canal de comunicação com o meio teatral nos últimos cinco anos. Meu agradecimento ao Luiz Maurício Monteiro, fundador do portal, à parceria tão saudável que fizemos, e aos leitores que dedicaram parte de seu tempo diário a ler análises minhas. Agradeço principalmente àqueles que comentaram, aqui ou por e-mail, interlocução que sempre estimei.

Este balanço retoma apontamentos dos anos anteriores: não é segredo que o teatro carioca assumiu, há tempos, o papel de divulgador de opiniões. Para entender algumas razões ou implicações disso, é preciso visualizar que dois princípios tornaram-se uma unanimidade em meio à classe artística como um todo: 1) A compreensão de que a arte (e o teatro, particularmente) é como um norte da sociedade, devendo iluminá-la moral e intelectualmente, e 2) Isso deve ser feito a partir da transformação da visão de mundo do espectador, que sai de sua “zona de conforto”. Estas duas sentenças têm raízes comuns e encontram belas justificativas nas teorias do teatro do século XX; não obstante, concordando-se com elas ou não (eu questiono ambas, por exemplo), o que quero salientar é que sua aplicação pela maioria dos espetáculos cariocas tem sido, em geral, pobre.

Em primeiro lugar, porque o papel de “bússola” tem sido exercido exclusivamente em função de uma agenda político-partidária. Não à toa há uma indignação generalizada, proferida em cena ou ao final das peças desde 2015 (ano que o RIO ENCENA entrou no ar e passei a acompanhar mais de perto o circuito teatral carioca) que teve um salto de ostensividade entre 2018 e 2019, antes mesmo da eleição dos novos governos. Em segundo lugar, porque a “abertura dos olhos do espectador” se dá também através de um único vetor, que é o do incômodo negativo, o de “colocar o dedo na ferida”, levando o público a se conectar com o que existe (ou existiu) de ruim e desagradável no mundo.

É óbvio que tudo isso é uma generalização e existem peças que passam ao largo do questionamento político e de costumes, mas é assustadora a quantidade de dramaturgos, diretores e atores que entendem que devem tocar no assunto, de determinada maneira, como parte de seu papel como artistas. Diante dessa reincidência, não pude deixar de destacar meus pensamentos a respeito, mesmo porque, ao analisar as peças durante o ano, sempre procurei não me deter em seus temas, mas na forma como os abordam, na originalidade da linguagem, na harmonia entre os elementos (cenário, figurino, atuações…), enfim.

Um 2020 maravilhoso para você, leitor, muito obrigado e até uma próxima!

Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para pericles.vanzella@rioencena.com.

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