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Baseado em heroína de clássico de Dostoiévski, ‘Nastácia’ chega ao CCBB abordando violência contra mulheres

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Tempo estimado de leitura: 2 minutos
Odilon Esteves (E) e Flávia Pyramo em cena de “Nastácia” Fotos: Guto Muniz/Divulgação

Criada por Fiódor Dostoiévski (1821-1881) na segunda metade do século XIX como protagonista do clássico “O Idiota”, Nastácia Filíppovna chega ao Rio de Janeiro nesta semana vindo direto de Petersburgo. Inspirado na heroína de um dos mais famosos romances do dramaturgo russo, o drama “Nastácia” estreia na quarta-feira (23), 19h30, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro, tratando de violência contra mulheres.

— Ela é um exemplo de mulher que transformou fragilidade em força, que lutou por sua dignidade com muita coragem, mesmo vivendo um turbilhão interno e uma violência terrível. Contar sua história foi meu objetivo nos últimos seis anos. Falar sobre Nastácia no teatro, hoje, é uma forma de dar um grito coletivo: chega — resume Flavia Pyramo, protagonista e idealizadora do projeto.

Acompanhada no palco de Julio Adrião e Odilon Esteves, Flavia apresenta um recorte na vida da personagem-título: a noite de um aniversário seu. Em seu apartamento, ela deve anunciar seu casamento com Gárnia (Odilon). Tal união, porém, foi articulada pelo oligarca Totski(Julio), que na ocasião, a está submetendo a um verdadeiro leilão. Isto depois de a ter colocado como concubina desde os 12 anos de idade. Apesar do cenário desfavorável, porém, Nastácia vira o jogo.

— A escolha do recorte na festa do seu aniversário se deu pela importância deste momento da história dela, o momento em que ela enfrenta seu algoz e toda a sociedade que a rodeia, e trata a todos e ao seu dinheiro (com o qual tentaram comprá-la) com o mais altivo desdém — acrescenta Flávia, que se inspirou em fazer uma peça sobre um momento específico de uma personagem a partir de Kamas Ginkas, diretor de teatro russo que montou “KI from Crime”, uma adaptação de “Crime e Castigo”: — Já amava o livro e fiquei com muita vontade de fazer um espetáculo sobre a Sônia, uma personagem linda de ‘Crime e Castigo', mas quando eu conheci Nastácia, fiquei louca por ela.

Embora seja personagem de um obra criada entre os anos de 1867 e 1869, Nastácia representa uma realidade atual para muitas mulheres – o que serviu de combustível para a montagem do espetáculo dirigido por Miwa Yanagizawa e escrito por Pedro Brício. Segundo o instituto de pesquisa Datafolha, em 2018, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio.

A atriz Flávia Pyramo é protagonista e idealizadora do projeto

— Às vezes, os números são terríveis, eles nos espantam sem tocar. São séculos de opressão e crueldade contra as mulheres e, muitas vezes, acho que não nos vemos responsáveis pela manutenção de tais tragédias humanas. Tomamos distância como se elas pertencessem a outro universo, como coisas que acontecem somente fora de nossas casas. Lemos números e seguimos nossas vidas repetindo gestos que alimentam a irracionalidade e a negligência com os outros, mas, sem perceber, estamos colaborando com o crescente e alarmante número da violência contra a mulher — complementa Miwa.

“Nastácia” segue no CCBB até 22 de dezembro, com sessões de quarta a domingo, sempre às 19h30, e ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

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