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‘Cascavel’: relacionamentos abusivos e suas consequências

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Como falar de relacionamentos abusivos? Como não se paralisar ao escutar que passamos por certas situações porque merecíamos tal coisa? Ou porque estávamos procurando esse tipo de relacionamento? Culpamos vítimas sem nem mesmo levarmos em conta os antecedentes dos agressores. Por que fazemos isso?

Até 22 de agosto, estará disponível, diariamente, a qualquer horário, o espetáculo “Cascavel”, de Catrina McHugh. Para assistir ao espetáculo é só garantir seu ingresso pela plataforma online Sympla, gratuitamente, com possibilidade de
contribuição solidária a partir de R$10.

Eu não tinha noção para onde estava indo quando fui atrás de assistir “Cascavel”. Fui pega de surpresa e fiquei admirada com todo o trabalho. Por vezes, fiquei com vontade de dizer a Suzy e Jen, “Não se engane, esse cara é um cretino!” Mas como fazer isso? E se fizesse, será que elas iriam acreditar em mim?

Um relacionamento abusivo pode se manifestar de inúmeras formas. Podemos estar em um relacionamento abusivo no trabalho, com algum parente, com alguma pessoa que consideramos um amigo. Agressores podem deixar suas marcas fisicamente em suas vitimas, podem deixar marcas psicológicas. Não há uma só maneira de sermos agredidas.

Carol Cezar (esq.) e Fernanda Heras interpretam diferentes personagens em “Cascavel” Foto: Enrique Espinosa/Divulgação

“Cascavel” é sobre duas mulheres que se encontram vítimas, em diferentes momentos da vida, de um homem muito perigoso. Vemos os impactos do relacionamento sendo refletidos na saúde mental destas mulheres e como isso pode
ser usado contra elas. Nessa estória sem fim, percebemos como elas estão presas, não só no relacionamento com esse homem, mas também pelo Estado, que as descredita de suas experiências.

Nello Marrese desenvolve uma cenografia minimalista, em tons de cinza. O cenário é escuro. A iluminação de Adriana Ortiz é soturna. Os elementos em cena se entrelaçam bem com a narrativa da peça.

Carol Cezar está, particularmente, perturbadora na pele do agressor, James. Fernanda Heras me faz prender a respiração em alguns momentos interpretando a primeira esposa. É inspirador de assistir à sintonia das atrizes em cena.

Nessa encenação gravada no palco do Teatro Poeira, a direção de Sérgio Ferrara se desenvolve muito bem apesar de optar por cortes excessivos de câmera. No entanto, nada fica confuso. No começo da peça, na cena inicial, as duas
mulheres encenam seu primeiro encontro com o agressor – as duas alternando entre homem e mulher.

O texto da inglesa Catarina Mchugh desenvolve o drama de uma maneira rápida: são 50 minutos intensos para fazer justiça de como um relacionamento abusivo se entranha na vida de uma pessoa. Diego Teza assina a tradução dessa
obra fazendo um excelente trabalho como de costume.

Em sua primeira montagem no Brasil, “Cascavel” é uma peça que me fez refletir sobre todos os meus relacionamentos, não só os amorosos. É, sem duvida, uma peça que indico a todos.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

SERVIÇO

Local: YouTube | Sessões: Quinta a domingo, a qualquer horário | Temporada: Até 22/08 | Elenco: Carol Cezar e Fernanda Heras | Direção: Sérgio Ferrara | Texto: Catrina McHugh (com tradução de Diego Teza) | Classificação: 14 anos | Entrada: Gratuito, com possibilidade de contribuição solidária a partir de R$ 10 | Bilheteria: Sympla | Gênero: drama | Duração: 50 minutos


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