O movimento que fez muito barulho na cena musical brasileira entre os anos 1960 e 1970 virou espetáculo de teatro. Depois de estrear em São Paulo, o musical “Novos Baianos” chega ao Rio de Janeiro nessa sexta-feira (31), às 20h30, para uma curta temporada no Teatro Riachuelo Rio, no Centro, que vai apenas até o dia 16 de fevereiro, com sessões também quintas, sábados e domingos.
Escrita por Lucio Mauro Filho e dirigida por Otavio Muller, a montagem relembra o grupo fundado pelos músicos Baby Consuelo, Galvão, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor e Pepeu Gomes, suas inovações rítmica e comportamental, além dos valores pregados como a liberdade, a poesia e, principalmente, a coletividade.
— Se o Tropicalismo abriu corações e mentes da juventude do Brasil, os Novos Baianos beberam na fonte e foram além: inventaram o rock brasileiro, aquele que mistura guitarra com pandeiro e apresenta ao Tio Sam o tamborim — brinca Lucio Mauro, que trablhou no projeto com Otávio ao longo de cinco anos, sempre seguindo uma cartilha proposta pelos homenageados.
— Tudo que veio deles foi original e brasileiro. Não existe nada mais teatral que uma gente que sai pelo mundo, fazendo música de porta em porta. Eles coloriram o mundo por onde passaram — complementa o diretor.
Herdeiros legítimos dos Novos Baianos, Davi Moraes, filho de Moraes Moreira, e Pedro Baby, filho de Baby e Pepeu, assinam a direção musical. Já o repertório carrega sucessos do movimento – que se encerrou em 1979 e teve dois retornos, em 1997 e 2015 – como ‘Mistério do Planeta’, ‘Preta Pretinha’, ‘Brasil Pandeiro’, ‘A Menina Dança’, ‘Tinindo Trincando’, ‘Brasileirinho’ e ‘Dê um Rolê’.
Escrito a partir de histórias e composições, o espetáculo começa na Bahia mostrando o momento em que os músicos vão se conhecendo pouco a pouco até decidirem montar num novo grupo. Em seguida, eles rumam para o Rio, onde começam a dividir um apartamento antes de comprarem um sítio em Jacarepaguá.
É neste imóvel, inclusive, que nasce “Acabou Chorare” (1972), aquele que é considerado um dos álbuns mais aclamados não apenas dos Novos Baianos, mas também da música nacional. O título, a propósito, era uma referência ao desejo do grupo de acabar com a tristeza provocada pela ditadura militar.
— Em meio à Ditadura, eles foram subversivos através do verso e pela mistura do rock americano com as melodias que moldaram a música popular brasileira, como o samba, o choro, a guitarra portuguesa e o batuque africano — encerra Lucio Mauro.