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‘Dona Ivone Lara, um Sorriso Negro – O Musical’ ataca histórica discriminação étnica e sexual

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Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Em cartaz no Teatro Carlos Gomes, na praça Tiradentes, com idealização e direção geral de Jô Santana e dramaturgia e direção artística de Elísio Lopes Jr., “Dona Ivone Lara, um Sorriso Negro – O Musical” já nasceu polêmica: a atriz Fabiana Cozza, escolhida para viver Dona Ivone Lara (com concordância da própria), se retirou do espetáculo após críticas a seu tom de pele, que seria mais claro que o da compositora e cantora. Absurdos a parte (sobretudo porque este veio de fora do espetáculo), a tensão espelha bem o tom da montagem: um grito de revolta contra as discriminações de gênero e etnia, mais do que uma história de Dona Ivone Lara em si.

Vale lembrar o primeiro espetáculo da Trilogia do Samba (como referida no programa da peça, que nos foi gentilmente cedido), “Cartola – o Mundo é um Moinho”, também assistido por nós, e onde o foco também não era o cantor particularmente, mas seu legado, seu papel como bastião da Estação Primeira de Mangueira.

Em “Dona Ivone Lara, um Sorriso Negro”, a leitura a partir de uma perspectiva de identidade de grupo vai mais além, e busca ressonância em identificações mais amplas (com as comunidades negra e feminina, primordialmente). Nestas abordagens, em linhas gerais, “ganha-se” na releitura histórica e “perde-se” na dimensão individual dos artistas retratados – mesma falta que senti em “Cartola” (leia a crítica aqui).

Neste sentido, a direção coreográfica de José Carlos Arandiba Zebrinha é o ponto alto da montagem, por sua ousadia em elaborar partituras características do contexto em que acontecem. Mérito deve ser dado também aos atores que abraçaram a proposta e executam as coreografias com a ginga que elas requerem.

O cenário de Paula de Paoli é formado por grandes composições de aspecto neutro (não imprimem tempo ou época, rico ou pobre, estado de conservação, etc.), aparentemente de metal e pesadas, e que entram e saem do palco com certa dificuldade. A dimensão das estruturas funciona na caracterização dos variados ambientes; visualmente, contudo, não gostei delas: parecem muito abstratas para um espetáculo todo construído em torno de códigos bem estabelecidos.

Já os figurinos de Carol Lobato procuram dar conta das referências históricas e culturais (como orixás, por exemplo) que a peça abarca.

Os atores estão muito bem na personificação dos arquétipos propostos, sobretudo nas partituras corporais, como já destacado. Infelizmente, a falta de um relevo maior das personagens, sacrificadas em nome da identidade de grupo, impede atuações (e, naturalmente, análises) mais elaboradas.

Um abraço e até domingo que vem!
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para pericles.vanzella@rioencena.com.

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