A Festa Internacional de Teatro de Angra (Fita) 2016 chegou ao seu sétimo dia em grande estilo. Entre as atrações da última sexta-feira (10/06), Thiago Lacerda, Marco Antônio Pâmio, Luisa Thiré e grande elenco subiram ao palco principal do evento, montado sobre a areia da Praia do Anil, para se apresentar com uma obra de William Shakespeare. Na plateia, os cerca de 1.500 espectadores presentes aplaudiram de pé a apresentação de “Medida por Medida” e saíram com a sensação de que o espetáculo apenas corroborou com o sucesso do festival idealizado pelo empresário João Carlos Rabello.
Em conversa com alguns presentes – entre eles, angrenses, pessoas de outras cidades que moram atualmente na cidade, além de turistas -, a reportagem do RIO ENCENA pode testemunhar a satisfação do público em relação à 12ª edição da Fita. Para a jornalista Claudia Caetano, que mora no Rio de Janeiro e estava no evento pela primeira vez, a noite de encenação daquele que é considerado por muitos o maior dramaturgo de todos os tempos é digna de celebração.
– Estou admirada com a organização, essa tenda é linda. E o espetáculo foi muito bom, um elenco de primeira com Thiago Lacerda e outros grandes atores. É uma noite especial com Shakespeare. Eles apresentaram essas duas peças no Rio (“Macbeth” é neste 11/06 na Fita). E agora virem para Angra é algo assim de primeira qualidade – constata Claudia, partilhando da mesma opinião do marido Luiz: – O peso dos atores só deu mais grandiosidade ao espetáculo.
Assim como o casal carioca, a pedagoga baiana Ireneide Afonso, que mora no município do sul do estado há 50 anos, também chamou a atenção para o elenco de “Medida por Medida”. Pela primeira vez assistindo a um espetáculo shakesperiano, ela admite que suas expectativas foram superadas.
Já o casal de servidores públicos Roberto e Eliane, que moram na cidade sede da Fita, destacaram mais duas questões. Enquanto ele ressaltou a reação dos artistas à boa presença do público, ela assegurou que a lotação dos equipamentos culturais tem sido quase a máxima em todos os dias.
– A empolgação dos atores quando veem o teatro lotado me chamou atenção. Parece que se esmeram mais ainda para agradar à plateia. A Denise Fraga (de Galileu Galilei) ficou encantada – relembra Roberto, antes de Eliane dar o seu testemunho: – Não é o primeiro ano que venho, então sei que o angrense responde bem a essa iniciativa. O grande público não me surpreende, mas esse ano as tendas têm estado lotadas. Inclusive dias de semana e chovendo.
– O evento como um todo está maravilhoso. Venho todos os anos, mas é a primeira vez que assisto a Shakespeare. E adorei! Superou minhas expectativas pelo elenco, pela performance de cada um… – analisa Ireneide, que ficou admirada ainda com outra montagem do festival: – Gostaria de falar também sobre “BR-TRANS” (06/06). Fiquei encantada com o ator (Silvero Pereira). Só lamento não ter podido conversar com ele após a apresentação.
Quem também teve a primeira experiência com o autor britânico foi a angrense Elienae Faria. Aliás, essa foi a primeira vez de uma maneira geral da professora e artista plástica no teatro. E a paixão pelas artes cênicas começou de forma especial para ela que assistiu no último dia 05 a “Frida y Diego”, sobre parte da vida da artista espanhola Frida Kahlo, com quem muito se identifica.
– Shakespeare em Angra é ótimo. Que venha mais vezes, porque gostei muito. Mas minha primeira vez no teatro foi na peça sobre a Frida. Adorei porque eles conseguiram falar muito sobre ela em 75 minutos – recorda.
Carência
Em contrapartida à euforia pela realização da Fita, o RIO ENCENA ouviu também lamentações e clamores por mais eventos do gênero na cidade. Fátima Toledo, comerciante carioca morando em Angra há 20 anos, garante que esteve em praticamente todas as edições da Fita. Só nesse ano, ela comprou ingressos para 14 montagens. Tudo para aproveitar ao máximo, já que após o fim do festival, segundo ela, serão escassas as opções culturais.
– Adoro esse evento porque traz para cidade muita coisa que o pessoal daqui nem sempre pode ter. É ímpar para cidade.
Também carioca, a professora Michele Aragão, que se mudou para a cidade da Costa Verde há sete anos, é outra que reclama por não ter mais oportunidades de consumir cultura onde vive.
– Sinto falta. Angra, infelizmente, tem poucos eventos culturais. Então esse é um dos poucos que a gente espera todo ano acontecer. Quando estou no Rio, vou a peças e cinemas. Aqui é muito raro.
Já a professora aposentada Mariangela Costa pensa diferente. De acordo com seu depoimento, a vida cultural de Angra proporciona, sim, opções à população.
– Acho que a cidade está sempre provendo algo. Respira cultura. Talvez eventos nessa proporção, não. Mas tem sempre um evento aqui ou outro ali. Por isso voltei depois de ter passado 10 anos fora.
PROGRAMAÇÃO
Nesse ano, a Fita vai homenagear Tarcísio Meira, que se apresenta no evento com ” O Camareiro”, no dia 18/06. Além dessa peça, o público poderá acompanhar outros 29, que serão encenados até o próximo dia 19. Para saber mais sobre a programação, clique aqui.
