Quando assisti a esta peça, logo na segunda semana da temporada, em meados de setembro (2019), gostei bastante da montagem e me programei, dentro do meu planejamento de escritura de críticas, para escrever uma sobre ela, pois bem o merecia, por sua ótima qualidade, entretanto, como a temporada era longa, para os padrões atuais, fui escrevendo sobre outros espetáculos, de temporadas mais curtas, e esqueci-me de tratar dela. Só me dei conta disso muito tempo depois, e, como gosto de escrever com detalhes, quis assistir à peça novamente. Finalmente, estou vivendo o prazer de escrever sobre “FIM DE CASO”, em cartaz no Teatro Oi Futuro Flamengo.
Trata-se da primeira adaptação, para os palcos, do romance homônimo (Em inglês, “The End of the Affair”), do consagrado escritor inglês GRAHAM GREEN (1904 / 1991). O espetáculo é, deveras, interessante, pela proposta de adaptação, feita por THEREZA FALCÃO, e da excelente direção, de GUILHERME PIVA, amalgamando diferentes linguagens – artes visuais, música, TEATRO e vídeo -, “para contar os dois pontos de vista envolvidos no relacionamento e na separação de um casal’, segundo o “release”, enviado por ADRIANA BALSANELLI (ASSESSORIA DE IMPRENSA). Considerado a obra-prima de GREENE, o romance foi publicado, pela primeira vez, em 1951, traduzido em 25 idiomas e adaptado para o cinema, pelo diretor Neil Jordan, em 1999.
SINOPSE
Na trama, MAURICE BENDRIX (ERIBERTO LEÃO) ficou completamente sem chão, depois que sua parceira SARAH MILES (VANNESSA GERBELLI) terminou o caso extraconjugal que mantinha com ele, havia mais de dois anos.
A relação chegou ao fim sem qualquer explicação, depois que eles passaram, juntos, algumas horas da tarde, no quarto que ele alugava em uma pensão.
Se ela o amava verdadeiramente, o que a teria motivado a abandoná-lo, a pôr um basta na “proibida” relação? (As aspas são entendidas por quem assiste ao espetáculo.)
Não deveria o amor ser motivo suficiente para que continuassem juntos?
A impossibilidade de encontrar respostas para essas questões e a confissão de SARAH, de ter mantido outros casos extraconjugais, ao longo de seu atual casamento, com HENRY (ISIO GHELMAN), faz MAURICE pensar que ela, certamente, o teria deixado por uma terceira pessoa.
O espetáculo teve como um dos idealizadores FELIPE LIMA, o qual, além de ator, está sempre tão presente, no TEATRO, na idealização e produção de grandes montagens, como a mais recente delas, antes de “FIM DE CASO”, “Dogville”, que conquistou grandes prêmios, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Se formos contabilizar todos os espetáculos idealizados e produzidos por FELIPE, veremos que, em todos, sem exceção, há um traço comum: a ousadia. As adaptações que ele leva para os palcos ou, mesmo, os textos originalmente escritos para o TEATRO são de grande complexidade, os quais impõem um desafio a quem se envolve nos respectivos projetos. Este não é exceção.
Em 2016, FELIPE já havia trabalhado com THEREZA, quando esta adaptou, para o TEATRO, a seu pedido, o célebre romance “Memórias de Adriano”, de Marguerite Youcenar, num fantástico monólogo, interpretado por Luciano Chirolli, estrondoso sucesso, de público e de crítica. Muito tempo depois, em conversa com THEREZA, sobre projetos futuros, chegaram ao romance de GREENE, tendo surgido o nome de GUILHERME PIVA, para a direção. FELIPE, mais uma vez, acertou; com ambos. Uma “Santíssima Trindade”, para o TEATRO.
Embora eu não tenha lido o livro – mas li outros do autor -, considero muito grande o desafio relativo a essa adaptação, por se tratar de transpor para outra mídia uma obra da grandiosidade do livro, o que parece ser uma unanimidade. E é a própria adaptadora quem diz: “O texto de GRAHAM GREENE é repleto de imagens e frases belíssimas. Como não é possível levar quase 300 páginas para o palco, literariamente, escolhemos contar apenas a história do triângulo amoroso, formado por BENDRIX, SARAH e HENRY, excluindo as demais personagens do livro. Meu maior interesse sempre foi falar dessa história de amor. De como interpretamos situações a partir do ciúme e do medo da perda. Da maneira como, muitas vezes, reduzimos a pessoa amada à nossa estreita visão e conceito. De como a sufocamos, sem perceber, e o quanto a pessoa amada é capaz de suportar essa prisão. E das renúncias que somos capazes de fazer por um grande amor”. Agora, digam-me, aqueles que, como eu, não conheciam a obra, se não é extremamente estimulante assistir a este espetáculo! Quantas surpresas nos aguardam no palco! E como deve ter sido penoso, para THEREZA, conseguir passar tudo isso da forma delicada e inteligente, como o fez!
A trama, na adaptação, não segue uma cronologia, o que pode levar os espectadores menos atentos a uma certa dificuldade, para entender o que se passa em cena. Ainda contribuem, para isso, dois outros fatores. Um deles é que as ações se passam num cenário “compartilhado”, ou seja, um espaço cênico que reúne vários locais num só ou um deles pode virar outro, na cena seguinte. Falarei mais sobre a cenografia adiante. O outro motivo que pode dificultar a compreensão do que se está vendo – REPITO: refiro-me aos desatentos ou aos “menos esclarecidos” – é a grande “sacada” em que alguém está com a palavra, sem que seja ele/ela falando a outrem, e sim a sua fala, num texto lido por alguém, em momentos em que o leitor, lendo em voz alta, “dá voz” a uma(a) personagem. Isso é um riquíssimo detalhe da montagem, fruto, certamente, de um entrosamento entre THEREZA e PIVA, o diretor.
“FIM DE CASO” é um espetáculo desafiador, de verdade, não só para quem fez a adaptação, como também para o diretor, o elenco e os espectadores. Não é permitido, terminantemente, “engolir barriga”, distrair-se, durante a peça. E isso é muito bom e excitante, para quem está diante de uma obra de arte, seja ela qual for.
THEREZA FACÃO economiza nas palavras e esbanja nos sinais, os quais levam o público a se interessar, cada vez mais, pelo final da trama. A cada um deles, ela consegue prender, mais ainda, a nossa atenção, por meio de seus tão bem construídos diálogos e pela opção de unir narração e interpretação. O fato de centralizar a trama num triângulo amoroso parece-me uma acertada decisão da adaptadora, e é muito interessante a máxima que inicia a encenação, projetada na parede ao fundo: “Uma história não tem princípio nem fim. Apenas escolhemos o momento vivido de onde se deve olhar para a frente ou para trás.”. Ela abre nossos horizontes para outras percepções, para ilações acerca dos detalhes do envolvimento do triângulo amoroso.
GUILHERME PIVA assina uma direção muito dinâmica, inteligente e criativa, explorando o potencial do grande trio de atores e tornando o texto mais vivo, com suas marcações e resoluções para cada cena e encontros e reencontros dos personagens. PIVA utiliza muito bem o texto como um fio condutor de uma trama que exige cumplicidade total por parte do público. Há, na montagem, uma linguagem própria, que une a adaptadora e o diretor, na mesma direção, por meio da qual a dramaturgia, por vezes, é quebrada, misturando-se “os narradores em 1ª e 3ª pessoas, os tempos e as dimensões espaciais”. Há uma ótima intersecção entre as múltiplas narrativas e essas novas dimensões, o que pode levar o público, ou parte dele, por vezes, à impressão de que “os personagens estão em tempos diferentes”. Eu mesmo, por uma ou duas vezes apenas, vivi essa experiência, na primeira ocasião em que assisti à peça, já que o texto explora, e o diretor embarca na proposta, um ambiente onírico. (…)mas o que apresentamos, mesmo, para o espectador é um teatro multissensorial. Gostaríamos de fazê-lo sentir o que os personagens estão sentindo naquele momento”, explica o diretor GUILHERME PIVA. É curioso como, intencionalmente, em determinados momentos, ou de forma subjacente, em outros, a quarta parede é quebrada, recurso que me agrada bastante, quando oportuno e bem executado, como ocorre em “FIM DE CASO”.
“O trabalho dos atores também é fundamental para estabelecer esse universo sensorial. O jogo entre os três atores é muito importante. Todas essas mudanças de narrativas acontecem na cara dos espectadores, por meio da mudança nos estados dos intérpretes, como se fosse um corte seco. Essas mudanças, entre passado e presente e entre os três narradores são todas muito bruscas”, acrescenta PIVA. E, aqui, mais uma vez, alerto os futuros espectadores para o fato de não se se deixarem distrair durante a peça.
Reunir, num só palco, três dos maiores nomes do ofício de representar, como ocorre com o elenco deste espetáculo, é um privilégio e uma dádiva para qualquer diretor e uma espécie de “presente” para os espectadores. É a certeza de que o trabalho dará certo. VANESSA GERBELLI, ERIBERTO LEÃO e ISIO GHELMAN, embora sejam, talvez, mais lembrados por seus trabalhos na TV e no cinema, são atores “de raiz”, isto é, que tiveram, genuinamente, sua origem no TEATRO e é onde encontram, a meu ver, sua melhor zona de conforto. Aprecio-os em qualquer mídia, porém sempre me encantam mais seus trabalhos no palco. Sinceramente, não me lembro de nenhum que não me tenha agradado. Os três, durante os 75 minutos de duração da peça, nos brindam com uma verdadeira irretocável aula de interpretação, mergulhando, cada um deles, no seu personagem e brigando por eles, no sentido de fazer com que cada personalidade fique bem caracterizada, marcada, para o público, por suas palavras e ações, observando e comentando os fatos por uma ótica pessoal.
Os três personagens são de uma riqueza ímpar, carregando muita força emotiva e, por isso mesmo, cada um do elenco é contemplado, no texto, com momentos que lhe permitem um destaque em relação aos outros, contudo, no conjunto, não se pode destacar ninguém, sob pena de se estar cometendo uma injustiça.
VANESSA GERBELLI vive a personagem SARAH MILES, uma ateia, até o momento em que constata o que ela tomou como um milagre, depois de ter visto seu amante, MAURICE BENDRIX (ERIBERTO LEÃO), “morto”, sob os escombros causados pela explosão de uma bomba, durante a guerra por que passavam. Quando ele aparece à sua frente, ela se dá conta de que o homem sobrevivera, graças aos seus pedidos a Deus – uma total aparente incoerência, para quem não acreditava nEle – de que poupasse a vida de seu amado amante. Na verdade, esse desejo, se concretizado, faria com que ela aceitasse na existência e no comando do Todo Poderoso, como, de fato, aconteceu. “Sem ter para quem pedir ajuda, promete a Deus que, se a vida de seu amado fosse devolvida, ela faria um sacrifício e abriria mão dele para sempre. Ao dirigir-se à porta do quarto, SARAH encontra MAURICE vivo e é tomada por uma mistura de euforia, assombro e tristeza, ao entender que deveria cumprir sua promessa ao Criador”. Casada, havia muitos anos, com HENRY, (ISIO GHELMAN), vivendo um casamento infeliz, a personagem é uma “…mulher sedutora, vibrante, solar”, que se deixa apaixonar, perdidamente por MAURICE BENDRIX, o qual lhe corresponde o sentimento, numa relação tórrida e tempestuosa, em que o sexo é explorado à exaustão. Segundo VANESSA, ela e a personagem têm muito em comum, quanto ao fato de ambas serem corajosas, diretas e empáticas. Só a sua atuação já valeria cada centavo pago pelo ingresso; mas, quanto a isso, também poderíamos dizer o mesmo, ao falar das atuações de ERIBERTO e ISIO. VANESSA “se veste” de SARAH, da cabeça aos pés.
A ERIBERTO LEÃO cabe interpretar o escritor MAURICE BENDRIX, apresentado à amante pelo próprio marido desta, o qual muito o admirava. Dono de uma personalidade e temperamento fortes, BENDRIX é o protótipo do macho e do pragmatismo: agnóstico, cético, bem racional e muito possessivo, grande defeito este que o conduz, como não poderia deixar de ser, a um desenlace tortuoso, já que se revelava um fraco, quando se manifestava, deixando-se levar por um ciúme cego e doentio, motivado pelo amor absurdo, sufocante, que ele nutria por SARAH, amor doentio que o fazia achar que poderia ser seu dono, o dono de sua vida, mantê-la sob rédeas, tirando-lhe a total liberdade de viver e exercitar seus próprios sentimentos, como ela achasse que deveria fazer, na intensidade que julgava melhor. “Ele é completamente louco por ela, mas, ao mesmo tempo, é muito orgulhoso. A trama vai girar em torno desta pergunta, que ele nunca conseguiu responder: por quem ela o trocou?”, diz ERIBERTO sobre seu personagem. ERIBERTO se veste de BENDRIX, dos pés à cabeça.
ISIO GHELMAN, um dos meus atores de TEATRO favoritos, seja no drama, seja na comédia, veste-se, por inteiro, de HENRY MILES, o marido traído, no triângulo amoroso. Funcionário público de alto escalão da Coroa Britânica, não passa de um burocrata, que muito se orgulha das honrarias recebidas pelo governo e a muitas outras aspira. Seu casamento com SARAH é “de fachada”, totalmente funcional; passam a imagem de um casal feliz, porém isso não é verdade, mas é necessário que assim seja visto, na sociedade. Dividem o mesmo teto e um dá suporte aos projetos do outro. Aparentemente, o casal se dá bem, mas falta-lhes os combustíveis básicos para uma boa relação matrimonial: amor e paixão, além de respeito e empatia. Embora o “release” diga que “Ele não faz ideia de que a Sarah mantém relações extraconjugais. É como se ele não a olhasse e percebesse as necessidades dela”, penso que, por parte da autora, intencionalmente ou não, fica, para nós, espectadores, uma brecha, para que pensemos que ele é um “último a saber” por conveniência. Assim, pelo menos para mim, pareceu. “Ele é calmo, fleumático, meticuloso e, às vezes, frio. Ele até se mantém controlado, mesmo quando descobre o caso entre sua esposa e BENDRIX. Para ele, basta saber que a SARAH ainda está com ele”.
Tenho assistido, ultimamente, a alguns bons ou ótimos espetáculos nos quais há a opção de se utilizar um cenário “compartilhado”. Creio que por dois motivos, sendo um deles a economia que se faz, em termos de custo. Mas, como se costuma dizer que os momentos de crise são favoráveis à criatividade, fico com este, como sendo a intenção maior dos encenadores, em comum acordo com os cenógrafos. Se, por um lado, pode confundir um pouco a cabeça de alguns, creio que agrada à maioria. A cenografia é constituída de grandes janelas de vido, ao fundo, um espaço “neutro”, que serve a projeções. No palco, muitos pequenos móveis (mesas, bancos e cadeiras). Os conjuntos deles “vão ganhando novos significados durante toda a trama, de acordo com a narração de cada personagem desse triângulo amoroso”, podendo ser o “lar” do casal, um quarto de hotel e outros ambientes, sem precisar que os elementos cênicos sejam mudados de lugar. Três máquina de escrever completam os objetos de cena. O responsável por esse trabalho é o premiado artista ANDRÉ CORTEZ.
FÁBIO NAMATAME, também figurinha carimbada, daquelas que têm muito valor, num álbum, também está incluído nesta excelente ficha técnica, assinando os corretos e elegantes figurinos, os quais vão sofrendo transformações, ao longo do espetáculo, com sobreposições de peças, como casacos, cachecóis, vestidos e adereços, sem a necessidade de troca de roupas.
Nesse tipo de linguagem adotado pela direção, além do cenário, ganha relevo o desenho de luz, aqui muito bem representado por MANECO QUINDERÉ, preciso nos focos, seguindo as mudanças de ambiente e na criação de uma luz para os efeitos especiais de uma forte tempestade.
A trilha sonora original, composta por SACHA AMBACK, “também serve para marcar climas e tensões”. Todos os efeitos sonoros estão sempre de acordo com as cenas em que entram como suporte ou ilustração.
Em tramas que envolvem relações amorosas, principalmente quando o jogo se concentra num triângulo, é criada, como nesta montagem, “uma reflexão sobre o lado sombrio e sabotador dos relacionamentos”. Nessas histórias, caminham, lado a lado, sentimentos opostos e, paradoxalmente, alguns, muito próximos, como amor e ódio, desejo e medo, luz e sombra, com o sexo embalando, freneticamente, a história. E, se há amor no meio, abrem-se portas para a raiva, o ciúme e o sentimento de posse, este, aqui, como um prato cheio para o desenrolar do enredo.
Muito importante, para o trabalho do diretor, deve ser citada a alta relevância de MÁRCIA RUBIN, à frente de uma boa direção de movimento.
Bastante utilizadas, pelos encenadores, ultimamente, e que contam com minha total aprovação, são as projeções de imagens e os “video mappings”, pelos quais, de excelente qualidade, nesta peça, são responsáveis os irmãos RENATO e RICO VILAROUCA.
Quase nunca citada, nas críticas, abro, aqui, um espaço, para elogiar o belo trabalho de programação visual, a cargo de uma equipe, liderada por SIMONE DRAGO. É muito bom gosto o programa da peça.
“FIM DE CASO”, no momento, é uma peça que apresenta um diferencial, se consideradas as outras que nos estão sendo oferecidas. Não é simples, porém não contém um hermetismo que impossibilite a sua compreensão. É, sim, não me canso de repetir, um espetáculo que exige a nossa total atenção, uma vez que reuniu a inteligência de profissionais muito competentes, cada um na sua área, e o resultado é a maravilha que se pode ver no Teatro OI Futuro Flamengo, muito recomendada por mim. É daquelas peças que não terminam, para nós, com o apagar das luzes e o fechamento da cortina. As pessoas voltam para as suas casas, comentando sobre o que viram e entenderam, sobre os recados, claros ou nas entrelinhas, que perceberam, o que também pode ser feito num bar ou restaurante, como complemento ao menu.
E quase que eu ia me esquecendo: “FIM DE CASO” também é um grande desafio e um excelente exercício para qualquer crítico escrever sobre a peça, creio eu. Foi para mim, pelo menos, mas me proporcionou grande prazer o fazê-lo.
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