Busca
Menu
Busca
No data was found

‘Iolanta – A princesa de vidro’: opereta infantil tem vários acertos, mas não entra em debates atuais emergentes

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
34 anos, doutora em Literaturas Africanas, pós-doutora em Filosofia Africana, pesquisadora, professora, multiartista, crítica teatral e literária, mãe e youtuber.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Minha volta ao teatro para a temporada 2022 foi em grande estilo. Fui com minha pequena assistir a opereta infantil “Iolanta – A princesa de vidro” inspirada no clássico russo “Yolanta”, ópera de Tchaikovsky. O Rio de Janeiro não tem uma grande oferta de musicais e muito menos de ópera infantil, então, senti que era uma ótima oportunidade de introduzir minha filha nesse universo de rara encenação em nossos palcos.

A partir de uma estética barroca e medieval, a montagem traz brilho e seduz o olhar. Malia ficou maravilhada com o versátil cenário de Glauco Bernardi, que permite explorar novos ângulos e posições na cena. Entretanto, em termos de conteúdo, vi certa dificuldade para acompanhar a narrativa. Percebi o mesmo observando as crianças menores que assistiam, sendo assim, acredito que para uma experiência completa, a obra seja direcionada para um público infantil mais maduro a partir de 7 anos.

As lindas canções, portanto, são essenciais para o entendimento da história que fala sobre Iolanta, uma princesa cega (Mariah Viamonte) que, isolada  por seu pai (Marino Rocha), cresce sem saber de sua cegueira. A jovem aguarda o seu casamento com o príncipe (Tiago Herz), filho  de um rei rival (Kiko do Vale) ao seu pai. Valores sobre verdade, responsabilidade, (pré)julgamento e justiça fazem parte da construção.

Contudo, trabalhada no Amor Romântico Ocidental, a dramaturgia de Vanessa Dantas e Ana Paula Secco não explora debates contemporâneos emergentes da obra, como, por exemplo, o capacitismo sobre a princesa cega por parte de seu pai e demais personagens e o quanto, ainda sim, ela é altiva, autônoma e alegre, não negociando a sua humanidade em nenhuma situação.

“Iolanta” está em cartaz no CCBB Foto: Guilherme Fernandes/Divulgação

Vale ressaltar o trabalho de qualidade da direção (Daniel Herz) e da direção musical (Wladimir Pinheiro) e o diferencial dos atores que, além de excelentes cantores, tocam em cena múltiplos instrumentos. Destaco, ainda, a beleza das performances de Chiara Santoro. Atriz negra, cuja representatividade também ecoa no fato de ser a única em um elenco de dez atores. Saímos felizes do teatro. Minha filha comentando dos instrumentos que viu no palco. E eu pensando no poder lúdico do Teatro que possibilita o acesso das crianças ao universo da música. Algo que  já vale o ingresso!

Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para aza.njeri@rioencena.com.

SERVIÇO

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Teatro II | Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro. | Telefone: (21) 3808-2020 | Sessões: Sábados e domingos, às 16h | Temporada: 22/01 a 13/03 | Elenco: Caio Passos, Chiara Santoro, Kiko do Valle, Leandro Castilho, Mariah Viamonte, Marino Rocha, Saulo Vignoli, Sofia Viamonte e Tiago Herz | Direção: Daniel Herz | Texto: Vanessa Dantas, Ana Paula Secco e Wladimir Pinheiro | Classificação: Livre | Entrada: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) | Bilheteria: Eventim ou de quarta a segunda, das 9h às 20h | Gênero: Infantil | Duração: 80 minutos | Capacidade: Não informada


EM CARTAZ: Confira a programação teatral do Rio

Leia Também

No data was found
Assine nossa newsletter e receba todo o nosso conteúdo em seu e-mail.