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‘Loloucas’ não chega a ser uma obra de arte, mas é ótima reflexão sobre o privilégio de envelhecer

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Mesmo não sendo o mês do meu aniversário, em janeiro, talvez por conta da virada do ano, geralmente eu me sinto mais velha. Este ano não é uma exceção. Talvez até seja por conta do calor que me deixa mais letárgica, me fazendo lembrar das minhas limitações físicas. Não sei bem, só sei que me sinto mais velha. Por ironia ou não, acabei me deparando no YouTube com a peça “Loloucas”, da Heloísa Périssé.

No espetáculo, as velhinhas Leda e Iolanda, assíduas frequentadoras de teatro, chegam atrasadas a uma peça e, ao tentarem ir embora, se dão conta de que estão no palco, onde, a partir daquele ponto de vista inédito, acabam se abrindo sobre suas histórias de vida e virando protagonistas de seu próprio espetáculo – assista aqui.

Esta peça não é exatamente uma obra de arte, não pretende ser. É uma reflexão a envelhecer. Resultado este das reflexões da atriz, autora e roteirista Heloísa Périssé sobre a entrada na casa dos 50 anos, a peça também exalta a amizade com a parceira de longa data Maria Clara Gueiros, sua companheira de cena, e Otávio Muller, diretor da montagem.

Não espere uma direção rebuscada. Não vá atrás de grandes sacações no figurino. Você não vai encontrar uma genialidade na luz. No palco, estão as atrizes, não procure um cenário inusitado. Esse não é o propósito dessa peça. Vale pelo texto.

Maria Clara Gueiros (E) e Heloísa Perissé dividem a cena em “Loloucas” Foto: Reprodução/YouTybe

Como a própria Heloísa sintetiza lindamente ao final do espetáculo: “Chega uma hora na vida que todos os rótulos caem. Pai, mãe, irmão… e o que sobra é amizade. É o amigo”. Sim, eu entendo. Faz todo sentido. Por conta desta pandemia que estamos atravessando, me vejo na casa dos meus pais já fazem meses. Não sou mais a menina de 21 anos que era quando fui morar fora, sou uma outra pessoa. E meus pais também. Tanto eles quanto eu adquirimos costumes diferentes hoje em dia. Estar passando este período aqui com eles, me faz pensar bastante nisso, na queda de rótulos pessoais. Hoje, somos três adultos dentro de uma casa, que lutam para respeitar nossas próprias diferenças e não impor nossas vontades e crenças pessoais um no outro.

Acho um grande desafio realizar uma comédia com uma plateia vazia (o espetáculo foi gravado durante a pandemia), mas Heloísa Périssé e Maria Clara Gueiros mais do que dão conta do palco. Mesmo assistindo sozinha em casa, me diverti bastante e não segurei minhas risadas. Vale a pena conferir “Loloucas”. É uma digna homenagem ao tempo. Já que todos que nascem, morrem; mas nem todos têm o privilégio de envelhecer.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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