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Neste Dia das Mães, parabéns e luto

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
-  Atualizado em 25-06-2021 às 12:00
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Hoje, segundo domingo de maio, Dia das Mães, desejo parabéns a todas as mães deste Brasil. Hoje, segundo domingo de maio, Dia das Mães, me vejo com o pensamento em Déa Lúcia Vieira Amaral, mãe do ator Paulo Gustavo, uma pessoa que nunca conheci.

Seu filho querido, não só por ela, mas também por grande parte do Brasil, não vai poder abraçá-la mais, não vai poder lhe fazer mais homenagens. Seu filho querido, não só por ela, mas também por grande parte do Brasil, não vai mais poder fazer Dona Hermínia, essa mãe incrível que cativou o país em vários sentidos e que se tornou um símbolo da família brasileira nos últimos anos.

Sinto muito por Déa Lúcia., sinto muito por todas as mães que perderam seus filhos, sinto muito por todas as famílias que estão sendo desfalcadas. Sinto pelos filhos que perderam suas mães, sinto muito, de verdade. Sinto muito pelas famílias que não conseguem se despedir dos seus mortos, sinto muito pelos caixões lacrados, pelos enterros com pessoas que nem podem se abraçar, sinto muito pelas pessoas que estão sozinhas, sem poder receber visitas em hospitais.

Paulo Gustavo é mais um nome em uma lista que parece não acabar pelo Brasil inteiro, uma lista que aumenta a cada dia. Cada um dos mortos por Covid-19 tem família, tem identidade. Aldir Blanc, Miss Biá, Agnaldo Timóteo, João Acaiabe, Genival Lacerda, Léo Marrone, Nicette Bruno, Daniel Azulay, Sérgio Sant'Anna, Cristina Rodrigues, Gésio
Amadeu, Antonio Bivar, Daisy Lúcidi, Eduardo Galvão são alguns artistas que padeceram por conta do Covid-19.

Artistas vítimas da Covid: Paulo Gustavo (E, no alto), Aldir Blanc, Nicette Bruno, Eduardo Galvão, Dayse Lúcidi e Gésio Amadeu Fotos: Divulgação

Não estou aqui escrevendo todos os nomes, sei que existem muito mais. Não estou aqui colocando os nomes dos parentes que perdi, dos amigos que não posso mais abraçar. Estou sim, indignada, frustrada, desesperançosa como tudo isso está sendo tratado. Estou com inveja de amigos que tenho pelo mundo que já foram vacinados em outros países enquanto aqui no Brasil seguimos com a vacinação lenta.

Por quanto tempo ainda há de se negar a seriedade da pandemia no Brasil? Por quanto tempo ainda vão negligenciar as condições da população nacional? Por quanto tempo as pessoas ainda vão apoiar esse governo que se nega a comprar vacina? Por quanto tempo ainda vão cair lágrimas dos olhos das mães que perderam seus filhos? Quantas crianças mais precisam perder suas mães para que a luta contra a Covid-19 seja levada a sério pelos governantes desse país? Quantos Ministros da Saúde tivemos no Brasil nos últimos três anos?

Não tenho mais frases de conforto em mim, não tenho mais força para confortar aqueles que perdem membros da família, amigos, parceiros… Tento, todos os dias, não deixar a raiva tomar conta de mim. Continuo apenas sentindo muito e sei que não é sinal de fraqueza me sentir assim, é sinal dos tempos em que vivo. Além de sentir muito, sigo me cuidando, usando máscara, sendo fonte de escárnio para um grande número de pessoas que não está nem aí para o que está acontecendo à sua volta. Sinto muito por essas pessoas também. A ignorância prejudica a todos.

Como canta Gilberto Gil, “toda saudade é a presença da ausência de alguém,” e hoje meu coração está tomado de saudade.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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