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Ouvir Bibi cantando o repertório da sua vida foi algo divino

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Dessa vez Cafeína, uma excessiva Açúcar e eu discutimos. Não foi tão agradável quanto da outra vez. Nossas opiniões divergiam em certos pontos, mas quem escreve a coluna sou eu. Então, pronto!

Depois de indicar um lindo livro sobre um século de teatro nacional e um livro sobre um grupo de teatro carioca, eu queria falar de uma pessoa esta semana. Fiquei pensando em quem seria. Cafeína e Açúcar sugeriram nomes com uma rapidez assustadora. Só um ressoou em minha mente. E eu acabei ficando com quem tenho um carinho especial desde criança. Que até minha vó admira.

Tive o privilégio de assistir Bibi Ferreira no palco três vezes. Não tive como assistir à montagem original de “Gota d’Água”, de Paulo Pontes e Chico Buarque. Minha inexistência não me permitiu. Creio que meus progenitores
ainda não haviam se conhecido em 1975. Me deparei com uma cópia do texto na faculdade, que tinha material extra no livro. Uma entrevista com Chico Buarque, curta, claro. Onde Chico falava do amor de Paulo pela Bibi. Achei lindo.

Fiquei imaginando como Bibi Ferreira representaria aquela Medéia, como que ela cantaria em cena. Ouvi incontáveis vezes gravações de Bibi cantando “Gota d’Água”. Me sentia traída sem nunca ter me apaixonado.

Bibi Ferreira nos deixou 13 fevereiro de 2019 Foto: Willian Aguiar/Divulgação

Em 2008, enquanto ainda cursava a faculdade, assisti a “Às favas com os escrúpulos”, onde Bibi fazia um discurso por volta da metade da peça onde ela só ia ficando mais bêbada no meio das falas. Genial! Escrita por Juca de Oliveira e dirigida por Jô Soares, eu sabia que ia assistir Bibi brilhando no palco. Não deu outra. Eu fiquei encantada.

Em “Bibi canta e conta Piaf”, ela contava e cantava sobre a vida de Edith Piaf. Fomos meu irmão e eu. Ele é de 83 e eu de 85. Se somasse nossa idade, não chegava perto da idade da terceira pessoa mais nova ali. Foi maravilhoso! Meu
irmão e eu somos fascinados por Edith Piaf. Chegamos a visitar o túmulo de Piaf em Paris. Cada um com suas idiossincrasias.

Bibi foi maravilhosa aquela noite. Como imagino que tenha sido a vida inteira. Lindo vê-la cantando ao vivo.

E por último, eu assisti no Oi Casa Grande, Bibi Ferreira em cartaz com o espetáculo “Por Toda Minha Vida”. Ali… Ali foi algo diferente. Ali eu entendi minha vó.

Ouvir Bibi cantando o repertório da sua vida foi algo divino. Sentada, com o corpo já começando a parecer não o mesmo, a voz de Bibi estava intocada. Eu sabia o que eu queria escutar. Bibi também sabia. Ela sabia que havia tanto amor naquela música que mexia com as pessoas. Devia mexer com ela. Mexia comigo. E deixei as lágrimas caírem do meu rosto enquanto ela cantava “Gota d’Água” como eu nunca havia escutado em nenhuma gravação.

Nascida em 1 de junho de 1922, Bibi Ferreira nos deixou 13 fevereiro de 2019. Quase um século de arte! Vovó ainda está pela parte de cima da Terra e ela ainda fala que “nunca houveram pernas como as de Bibi Ferreira”. Paulo Pontes deve ter sido muito feliz.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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