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Pode ser o que for, mas é o meu… e eu amo assim mesmo

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Meu pai é um cara incrível como pessoa! E claro, ele é um cara incrível como pai. Mas é um marido meio paranoico. Ele implica com minha mãe com tudo. Se eu tivesse um marido que implicasse comigo, como se todos os mínimos detalhes que eu fizesse fossem errados, eu não iria aguentar! Mas como pai, ninguém vence.

Papai já contratou um cara para cimentar uma praça pública só para eu andar de patins e não me machucar… E nós somos parecidos demais para que eu para não entenda o que ou como ele pensa. E aproveitando que é Dia dos pais, falo aqui de uns pais que aparecem em peças que gosto.

Tentei fazer diferente, mas Cafeína e Açúcar insistiram para qu’eu mantivesse meu costume. Meu estilo. Nem sabia que tinha um. As meninas me confirmaram, e segui com confiança. Começo por onde gosto de começar, pelo Bardo.
Não só por ser minha peça favorita, mas também porque encaixa perfeitamente no tema. “Hamlet” é uma excelente peça com um pai ‘presente’.

O Rei, Pai de Hamlet, está morto antes mesmo de a peça começar, só aparece como fantasma. No entanto, como Fantasma do Pai de Hamlet que volta para pedir ao filho a vingança de sua morte, é algo… fenomenal. Assim, se por acaso, foi a primeira vez que um fantasma voltou para dar indicações a quem ficou, sabemos muito bem que não foi a ultima vez.

Dad and I Foto: Acervo pessoal/Luciana Kezen

Como adaptação moderna da peça medieval do Bardo, ainda tiro meu chapéu para Disney. “O Rei Leão” dá nome e voz a Mufasa. No cinema e nos palcos. E como um bom Pai e Rei, ele protege, ele observa e acompanha para dar
força: “Ele vive em você, ele vive em mim; Ele vigia tudo o que vemos; Nas águas, na verdade. na sua reflexão, ele vive em você”.

Baseado no romance “O sol é para todos”, de 1960 da Harper Lee, em 2018 foi lançado na Broadway a peça com o mesmo nome, no original “To Kill a Mockingbird”. Atticus Finch é um pai herói, o cidadão modelo que defende as
causas morais certas. Uma pessoa de caráter exemplar, que procura sempre fazer o que é certo e justo. Um exemplo a ser seguido.

Em contraponto a Atticus Finch, temos o pai de “Os Sete Gatinhos”, de Nelson Rodrigues. Seu Noronha é desprezível de todas maneiras possíveis. Noronha é um pai que prostitui as próprias filhas. No teatro, tive a oportunidade de assistir à montagem dirigida pelo Bruce Gomlevsky, onde Seu Noronha era interpretado pelo magnífico Tonico Pereira, meu conterrâneo de Campos dos Goytacazes.

Já em “Agosto”, de Tracy Letts, temos um pai que se suicida. Começamos a peça assim. Depois do suicídio do pai, a família se reúne e conhecemos suas histórias. Essa figura que encerra sua vida logo na primeira cena da peça, é uma
presença constante em toda a trama. Como em Hamlet, um personagem é citado mais do que aparece.

Um pai divorciado que lida com suas duas filhas. Um pai que trabalha bastante. Um pai que não tem muito tempo para conversar com suas filhas, mas que tenta bastante estar com elas o máximo possível. Um pai que tenta mostrar a ideia de se juntar a uma outra família, com uma mãe e filho. Um Pai bem moderno. Uma
família simples. “Suelen Nara Ian”, de Luisa Arraes, é uma linda peça infanto-juvenil que vai permanecer comigo anos.

Reza a lenda que papai não trocava fralda, mas papai limpou um bocado de vômito, já segurou meus cabelos, já secou minhas lágrimas… Com ele, eu já limpei muito cabelo, já sequei muito vômito, já segurei muitas lágrimas. Dizem que a gente se parece bastante, e eu acredito. Meu Pai. Que me levava ao teatro desde sempre. E que permitia que eu alugasse qualquer filme na locadora, sem se importar com o limite de idade.

Prezem suas famílias e amigos. Usem máscaras. Lavem as mãos. Diga que você ama agora e não mais tarde.
Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.

Dúvidas, críticas e sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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