Mais conhecido do grande público por sua veia cômica – principalmente por seus shows de stand-up comedy e pela participações no programa “Zorra”, da TV Globo – Nelson Freitas mostrará nos palcos a partir desta semana uma nova faceta: cantar. O ator e humorista – de 54 anos, sendo 35 de carreira -encabeça o elenco do musical “Uísque com Água”, que estreia nessa quinta-feira (09), às 21h, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea. Com direção e dramaturgia de Sacha Bali, o espetáculo, que fica em cartaz até 27/04 com sessão apenas às quintas, é livremente inspirado na obra de Charles Bukowski (1920-1994), poeta e romancista alemão naturalizado norte-americano que ficou famoso por escrever sobre temas como alcoolismo, autodestruição e a vida dos marginalizados.
Ao lado de cinco atores-músicos, Nelson Freitas vive a busca do detetive particular Nick Belane – último pseudônimo criado por Bukowski – por um sentido para a sua vida enquanto desvenda casos bizarros. Embalada por blues (tocado ao vivo), poesia e humor, a trama se passa na Hollywood de 1993, onde o protagonista, cuja bebida favorita é o uísque misturado com água – que o faz acreditar ter um desempenho melhor – se encontra afundado em dívidas.
A chance para mudar tal situação chega no dia em que um misterioso homem promete pagar 100 dólares por mês até o fim da vida para que Belane encontre um tal Pardal Vermelho. Logo em seguida, surge uma nova proposta: uma mulher sexy se apresenta como Dona Morte e pede que o detetive encontre Celine, famoso escritor francês falecido há décadas, mas que ela jura ter visto num bar. Na caça aos dois alvos, o protagonista se envolve com pilantras e vigaristas, incluindo seres sobrenaturais, o que o faz conviver com alucinações envolvendo ganância, violência e sexo
“Uísque com Água” é a continuação de um outro espetáculo sobre Bukowski, aliás, um dos pouquíssimos sobre o escritor encenados aqui no Brasil. “Pão com Mortadela”, também de Sacha Bali, retratava a infância e a adolescência do escritor, que chegou a trabalhar em mais de 200 subempregos para poder bancar duas de suas atividades preferidas: escrever e beber. O espetáculo foi indicado ao Prêmio Shell 2008 de Melhor Direção e rodou mais de 30 cidades brasileiras, além, claro, do Rio de Janeiro.