Parto do princípio de que se começo a caminhar por uma exposição, vou até o final. Quando começo uma peça, sigo até o final. Saí de um teatro apenas uma vez na minha vida. Mas quando comecei a assistir “Tectônicas”, de Samir Yazbek, não pensei que teria tanta dificuldade interior para terminar de assistir ao espetáculo como tive. Toda a trilha sonora leva a peça a um tom melancólico, soturno. E é a única característica definida que consigo exprimir sobre essa peça.
Todas as atuações parecem seguir um tom bem contido, com falas bem enunciadas. Parece que tem técnica visível tanto em cada frase dita, quanto em cada frase escrita. Grandes projeções são utilizadas como introdução de personagens, e até como representação de um momento íntimo do jovem casal em cena. Fiquei sem entender qual seria o exato propósito para tais projeções.
Samir Yazbek escreve um texto que me deixou um pouco confusa sobre o que é a peça. Algumas frases interessantes, de efeito, mas que parecem cair secas sem nenhuma grande consequência em toda trama. “Você sempre inventa alguma verdade”.
Os núcleos de personagens não expandem bem quando cruzam uns com os outros. A iluminação de Wagner Freire se faz gélida, assim como as histórias de todos os personagens. Os figurinos não me passaram nada específico.
Nada disso me pareceu falta de talento no palco, em nenhuma instância. Tudo me pareceu como uma escolha da direção. Marcelo Lazzarato, o diretor, opta por colocar, por inúmeras vezes, os personagens declamando o texto para frente. Por quê?
O cenário, também assinado por Marcelo Lazzaratto, é uma estrutura linda e futurista, que se faz em alguns tantos planos. Gostaria de ter visto esse cenário sendo usado com mais propósito. Como a arma que foi sacada inúmeras vezes em cena e nunca disparada. Fiquei com uma sensação de falta de propósito ao final do espetáculo.
“Tectônicas” está disponível 24h por dia, gratuitamente, no canal Sesi São Paulo, no YouTube, até 20 de dezembro, e também cumpre temporada presencial no Teatro SESI SP, sextas e sábados, às 20h, até 5 de dezembro.
Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
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