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‘Uma noite sem o aspirador de pó’ tem um texto delicioso, mas jogo de câmeras é confuso

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35 anos, bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO, licenciada em Letras pela Estácio de Sá, atriz, escritora, tradutora e ávida leitora nas horas vagas.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Joelson Medeiros e Fláia Pucci em cena de “Uma noite sem o aspirador de pó” Foto: Reprodução/YouTube

Procurar novas peças para assistir online é algo que eu curto fazer, saca? E, claro, como eu procuro algo para que eu possa assistir, vou atrás de algo que acho que vai me interessar. Meus critérios são bem variados e seguem pouca lógica, se não meu próprio gosto. Muitas vezes, vou atrás de peças com alguma pessoa que sou muito fã na ficha técnica. Às vezes, vou atrás de temas específicos ou de uma arte que achei divertida… O que, aliás, são os mesmos critérios que seguia indo ao teatro presencial.

Mas a questão é que nada garante que eu vou gostar da peça ou não. Esta semana, acabei parando numa peça pelo nome: “Uma noite sem o aspirador de pó”. Achei da hora! Achei diferente, que ia me surpreender de alguma forma. O que não deixou de ser verdade.

“Uma Noite sem o Aspirador de Pó”, de Priscila Gontijo, vai, aos poucos, desnudando a vida de duas pessoas solitárias. São pessoas de realidades tão díspares, que em suas trajetórias cotidianas, se por ventura se esbarrassem, jamais sequer trocariam uma palavra. A partir de um fato corriqueiro, um dos vizinhos bate na porta do outro provocando o início de uma relação inusitada.

Ela, uma mulher à beira de um ataque de nervos, criou um mundo lúdico povoado por utensílios domésticos, que são tratados como confidentes e únicos amigos. Ele, um escritor paralisado pelos seus pensamentos repetitivos, cheio de
manias e que se encontra na maior crise criativa da sua vida. Ambos percebem, neste encontro “acidental”, uma possibilidade de mudança e de real aproximação, mas o destino prepara uma grande surpresa para o desfecho desta relação.

Alguns trabalhos que assisto online são muito bem executados a nível técnico; outros, como esse, me enchem de perguntas e questionamentos que não me ajudam a compreender o que está se passando em cena. Por exemplo, a atriz Flavia Pucci, que está muito bem em cena, está usando uma aliança de casamento na mão esquerda. Este detalhe poderia até passar despercebido no palco, mas não passa na câmera. Áurea não é casada, Áurea não é noiva, ela nem está em um relacionamento. E aquela aliança ali parecia que queria me dizer alguma coisa… Mas não era nada.

As decisões de mudanças de câmeras muitas vezes ficam confusas, não permitindo que eu assistisse a algo que estava acontecendo em cena. Não achei que estava servindo à estória. É consumida comida em cena, mas não há líquido na
xícara… Fiquei sem entender algumas escolhas feitas. Como também o figurino, assinado por Maurren Miranda, que Áurea veste ao final da peça.

Acho que a direção de Charles Asevedo teria sido, por mim, melhor compreendida presencialmente. Senti que perdi alguma coisa da peça e nem consigo saber o que foi. Talvez pelo jogo de troca de câmeras ter me incomodado tanto, porque achei o texto da Priscila Gontijo uma delícia. Sem contar que me identifiquei com a Áurea dando nome aos objetos de casa.

“Uma Noite sem o Aspirador de Pó”, da Priscila Gontijo, com direção de Charles Asevedo e com o Joelson Medeiros e Flavia Pucci no elenco não deixa de ser uma opção para você que está em casa. A peça está em curta temporada no YouTube até dia 18 de Abril.

Um aceno de mão efusivo e até a próxima semana.
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para luciana.kezen@rioencena.com.

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