Busca
Menu
Busca
No data was found

‘Será que vai Chover?’ é peça doce que abarca várias questões de maneira quase imperceptível

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Site de notícias e entretenimento especializado no circuito de teatro do Rio de Janeiro
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Em cartaz no Teatro Eva Herz, dentro da Livraria Cultura, na Cinelândia, “Será que vai chover?” aborda tantas questões… Mas o grande mérito da montagem é fazer isso de forma quase imperceptível. O espetáculo é leve, muito divertido, com direção delicada e atores carismáticos e plurais.

A história gira em torno de diferentes embates étnicos: uma amizade branco/negro, um casal branco/negra e um casal negro/negra. Estas relações se articulam a partir de diferenças culturais, políticas e sociais,mas a peça não rumina estas diferenças de maneira repetitiva e panfletária. Pelo contrário: ela mostra como estas questões (profundas, arraigadas… importantíssimas de serem discutidas) afetam as relações humanas, das mais superficiais às mais íntimas.

Tudo acontece com uma leveza ímpar, em meio a brincadeiras e piadas. Tudo é apresentado quase como idiossincrasias de um casal… Mas em meio a elas, vemos a enorme beleza de um mundo praticamente ausente de nossos meios de comunicação: o mundo negro, mas sem ser tratado como “exótico”, e sim como o primeiro plano, onde o branco é o “de fora”. Samba de roda, instrumentos afro, sensualidade afro! Destaque para a dupla de músicos e sua “negritude”, desde a indumentária até o carisma e humor!

Por fim, os atores mergulham de cabeça na proposta do retrato de um cotidiano negro, e de relacionamentos que se constroem a partir de conversas de corredor, do jeitinho malandro, do flerte moleque. Ao mesmo tempo, o peso da personagem feminina, catalisadora das questões todas, dá relevo à leveza masculina e balanceia o espetáculo, que não deixa a peteca cair nem na força de suas questões nem na delicadeza de sua abordagem. Todos tocam, dançam, expõem sua “cor” no que têm de mais particular.

Orlando Caldeira, na direção, conseguiu afinar elementos de difícil manejo com precisão e sensibilidade. Só tenho a agradecer a ele, ao Coletivo Preto e aos Príncipes Negros pela experiência (talvez a que mais me envolveu em uma realidade da qual não faço parte). Uma delícia de espetáculo!

Um abraço e até domingo que vem!
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para pericles.vanzella@rioencena.com.

Leia Também

No data was found
Assine nossa newsletter e receba todo o nosso conteúdo em seu e-mail.