Falecida em setembro do ano passado, aos 53, Solange Badim fez uma carreira tão frutífera no teatro carioca que ainda existe trabalho inédito seu para ser lançado. É dela a adaptação e a tradução de “Heisenberg – A Teoria da Incerteza”, que estreia nessa sexta-feira (13), às 21h, no Teatro Poeira, em Botafogo, em forma de homenagem póstuma à atriz. Com texto do britânico Simon Stephens e direção de Guilherme Piva, a peça parte da ‘Teoria da Incerteza’, do físico alemão Werner Heisenberg (1901-1976) para retratar o encontro entre duas pessoas que vivem seus universos particulares.
A tal teoria da física quântica diz que “é possível medir a velocidade ou a posição das partículas subatômicas, mas nunca ao mesmo tempo”. Neste caso, as “partículas” seriam os personagens de Barbara Paz e Everaldo Pontes, duas pessoas solitárias e entediadas, que podem, a partir deste encontro, ter uma nova chance de dar um significado para as suas respectivas existências e para o mundo que as cerca.
Estas concepções que os personagens tem de si próprios e da vida vão mudando conforme as revelações vão sendo feitas e as palavras, ditas. Com o auxílio da encenação de Piva, a peça propõe valorizar as entrelinhas e os momentos de silêncio, para que o foco não fique somente no que está sendo dito, mas também nas subjetividades da dupla.
Apesar do título da peça, é claro que o enfoque de Stephens não é a física quântica, mas, sim, esta subjetividade e as particularidades do coração humano. A ideia é ilustrar como a percepção de uma pessoa em relação a outra – ou a relacionamentos – pode variar de acordo com o que se sabe, se vê ou da posição em que se encontra. Esta, aliás, é uma característica dos textos do autor, que muitas vezes são pesados, mas encerram com otimismo e autenticidade.