O ano de 2019 vai ficar na lembrança de Regina Casé como aquele que marcou o seu retorno ao teatro após um longo hiato. Depois de 25 anos, ela voltou aos palcos em meados de janeiro com o monólogo “Recital da Onça”, em curtíssima em Salvador (BA). Já na próxima sexta-feira (19), a atriz carioca de 65 anos – que em março passou também pelo 28º Festival de Curitiba – chegará ao Rio de Janeiro, para se apresentar no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon. As sessões vão apenas até 12 de maio, sextas e sábados às 20h e domingos, às 18h.
Dirigida pelo marido Estevão Ciavatta, Regina, que não fazia teatro desde “Nardja Zulpério” no início dos anos 1990, interpreta uma palestrante. A convite da Universidade de Harvard para inventar um novo formato de palestras sobre literatura brasileira para estudantes estrangeiros, ela ensaia suas propostas, reunindo textos de grandes autores nacionais, antes de partir para os Estados Unidos. No entanto, até cumprir sua missão, ela vai se ver diante de provações, como seu pavor de aeroportos, da fiscalização de imigrantes e do frio rigoroso de Cambridge, no estado de Massachusetts.
Um detalhe interessante sobre “Recital da Onça” é que o texto é mutável. Na criação da própria Regina ao lado de Hermano Vianna, a cada cidade que recebe o solo, novos autores e citações vão sendo inseridos. Isto porque é a plateia que ajuda a personagem a escolher os trechos mais adequados para a apresentação em Harvard.
— A ideia era mesmo passear pelos autores que a gente mais gosta e até apresentá-los para o público. Não gosto e nunca trabalhei com a distinção de alta e baixa cultura. Sempre busquei ser uma mensageira entre esses dois mundos, entre classes e interesses opostos. É o que queremos fazer no ‘Recital da Onça — complementa a atriz, que no palco, cita Clarice Lispector, Jorge Amado, Mario de Andrade e Paulo Leminski, entre outros.