Em cartaz no Teatro Vannucci, Shopping da Gávea, “Estúpido Cupido”, de Flavio Marinho, é ambientada em uma festa, onde colegas de turma de décadas atrás relembram sucessos musicais do “seu tempo” (anos 1960), os romances, ciúmes, rivalidades, tudo ainda latente.
A temática se encaixa perfeitamente no estilo de um musical que tem a Jovem Guarda como boa parte de sua trilha sonora. É leve, despretensioso, sem abrir mão de ser caprichado, tanto técnica quanto esteticamente (com direção de Gilberto Gawronski, não podíamos esperar menos, não é verdade?).
Composto por estruturas metálicas em treliça, o cenário traduz bem o ambiente de uma festa, com ares de eletrônica, moderna. Arquibancadas permitem o jogo de planos, o que dá um ótimo colorido.
Os figurinos congregam a homenagem à passagem do tempo e a caracterização das personalidades (o certinho, o cafajeste, etc). Muito bom!
Não são personagens de relevo acentuado, então há pouco o que dizer das interpretações. Os atores desempenham (bem) papéis bem determinados. Destaco a parte vocal de Renato Rabello, que chama a atenção pelo timbre e pela afinação em um solo difícil.
As coreografias de Mabel Tude são excelentes! Elaboradas o suficiente para terem efeito cênico, mas não ao ponto de deixarem os atores desconfortáveis. O prazer de dançar contagia a plateia.
Gilberto Gawronski brinca com a passagem do tempo, e os personagens “novos” e “velhos” interagem. Os atores de ambas as épocas (1960 e atualmente) permanecem em cena simultaneamente. É um belo jogo, que enriquece inclusive os números musicais – coreografias, arranjos vocais, etc.
Vale conferir! Especialmente quem tem um afeto especial pela época.
Um abraço e até a próxima!
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