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‘Cartas a uma jovem poeta’ é um afago em meio à dureza dos nossos dias

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34 anos, doutora em Literaturas Africanas, pós-doutora em Filosofia Africana, pesquisadora, professora, multiartista, crítica teatral e literária, mãe e youtuber.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Estamos vivendo um momento de medo e catarse. A violência das notícias sobre a pandemia e o desgoverno estão nos deixando ansiosos e desesperançosos sobre o nosso futuro. Então quando vi que estava em cartaz a peça “Cartas a uma jovem poeta”, que une Carlos Drummond de Andrade, cartas e reflexões sobre a vida logo me interessei, pois além de eu ser formada em Letras, diversas foram as vezes em que aprendi sobre poética e rigor estético com o poeta mineiro. A sua obra “Sentimento do mundo”, escrita em 1940, é atualíssima ao expressar as angústias humanas diante dos descalabros que vivemos.

Neste sentido, o espetáculo é o convite íntimo ao pensamento do poeta que, entre 1949 e 1952, trocou cartas com Zuleika Castro Moreira, uma mulher de 32 anos, mãe e artista que fora internada num sanatório para tratar tuberculose. A peça conduz a um mergulho no diálogo dos poetas e a interpretação de Roberto Frota, filho de Zuleika, trouxe emoção e sensibilidade. O ator estabelece um pacto de verossimilhança ao compartilhar artisticamente uma herança tão delicada guardada há 64 anos. Acompanhado pela veterana Denise Weinberg que entrega uma dramática Zuleika e nos leva a refletir tanto sobre a sua condição e sentimentos quanto sobre as nossas próprias vidas.

O trabalho de direção de Marcos França é competente, mas deixa escapar alguns detalhes que mostram problemas técnicos em algum grau e, sobretudo, evidenciam uma falta de costume com o formato online de teatro. Algumas cenas perdiam a qualidade do som conforme o ator se movimentava pela sala de sua casa, por exemplo. Mas nada que prejudicasse efetivamente a apresentação.

O ator Roberto Frota é o protagonista da peça online Foto: Marcos França/Divulgação

O texto é delicioso. Excelente para um momento filosófico na dureza dos nossos dias. Os fãs do poeta vão gostar de conhecer mais essa versão. Para mim, foi bacana conhecer Zuleika e seus pensamentos guardados por tantas décadas. O espetáculo fica em cartaz até dia 11 de abril e faz parte da leva contemplada pela lei Aldir Blanc.

Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para aza.njeri@rioencena.com.

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