Em cartaz no Teatro XP Investimentos, no Jockey (Gávea/Lagoa), “Frida, Frida, Frida” tem bom formato, mas excesso de didatismo e vínculo pequeno com a pintora que dá nome à peça.
O espetáculo compõe-se de três histórias independentes, centradas na relação de um adulto e uma criança, e conectadas pelo denominador comum de que, em algum momento, a criança entra em contato com algum aspecto de Frida Kahlo. Este contato acontece em meio a uma virada nas pequenas tramas, que culmina com uma lição ao final.
O cenário opta por um espaço vazio no centro do palco, o que é ótimo pois deixa a cena a cargo de cada uma das esquetes, permitindo-lhes uma boa diversificação.
Os figurinos investem em muitas cores e em estilos urbanos, seguindo a linha das histórias.
Os atores estão muito didáticos, principalmente o elenco masculino. Levando em consideração o tom que a montagem parece querer imprimir, estão de acordo, mas vale ressaltar as nuances alcançadas pelo elenco feminino, que dão um pouco de cor a uma estética que fica saturada depois de um tempo.
Musicalmente, tudo é bem feito: todos os atores cantam bem e o elenco adulto se reveza numa banda que toca ao vivo. Acho sempre um charme quando a música é executada ao vivo, especialmente com a informalidade proposta aqui.
Em síntese, o espetáculo tem um formato interessante, sobretudo porque as relações adulto/criança em cada uma das histórias são bem distintas e imprevisíveis, o que também vale para os pontos de contato com Frida Kahlo. Contudo, diversos elementos excessivamente didáticos, entre eles algumas atuações e certa noção de “moral”, ou lição a ser aprendida, comprometem. Por último, a peça intitula-se com o nome de uma pintora que é muito pouco abordada, seja sua vida, seja sua obra. Isso é delicado, sobretudo se levarmos em consideração que Frida Kahlo é famosa o suficiente para atrair espectadores curiosos por saber mais sobre a artista.
Um abraço e até domingo que vem!
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