O drama “Incêndios”, primeira montagem brasileira do autor libanês Wajdi Mouawad, encerra neste domingo (03/04), às 20h, no Theatro Net Rio, em Copacabana, sua quarta e última temporada no Rio de Janeiro. Protagonista do espetáculo, que segue para mais dois meses de apresentações em outras cidades brasileiras, Marieta Severo conversou com o RIO ENCENA e fez um balanço sobre esta passagem mais recente pela Cidade Maravilhosa. Além disso, ressaltou também o impacto da forte carga emocional da peça sobre o público.
– Acho bacana a gente estar neste território das grandes questões, porque o público talvez esteja ficando um pouco acostumado só com comédia e musical. E as pessoas que assistem a “Incêndios” saem mobilizadas por outro tipo de texto – destaca a atriz carioca, de 69 anos.
No espetáculo, dirigido por Aderbal Freire-Filho, Marieta interpreta Nawal, uma mulher atormentada ao longo de anos por uma guerra civil aparentemente sem fim no Oriente. Desgastada e traumatizada, ela segue para um exílio voluntário no Ocidente, onde passa seus últimos anos de vida. Antes de falecer, deixa um testamento aos seus filhos gêmeos pedindo-lhes que encontrem o pai e um irmão perdido que ficaram em sua terra natal.
Tal enredo, pontuado por perdas, injustiças, guerras e exílio, faz de “Incêndios” a obra mais aclamada de Mouawad. Ao redor do mundo, foram várias produções, além de um longa homônimo de 2010 (França-Canadá), indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Já a montagem brasileira não ficou para trás ao faturar diversos prêmios dentro e fora do país. Aqui, foram conquistados o Shell 2013 (Melhor Direção) e o Aptr 2013 (Atriz, Cenografia, Atriz coadjuvante para Kelzy Ecard e Espetáculo), entre outros. Já no exterior, Prêmio Sony Labou Tansi (Canadá); Premio Molière (França) e Prêmio Escolha da Crítica (Bélgica) são alguns exemplos.
“Incêndios” é o seu trabalho no teatro com mais carga dramática e/ou emocional?
Com certeza um deles. Incêndios é uma história forte, densa e muito bela. Interpretar uma mulher sobrevivente a uma situação extrema, de tortura, de perda de um filho, de guerra, não é fácil. Mesmo nunca tendo passado por isso, fui de uma geração que viveu a ditadura e conheci mulheres que passaram por situações semelhantes. Isso tudo é muito doloroso e próximo de mim.
Quais as principais reações que você ouve ou nota nos espectadores?
As pessoas saem muito emocionadas do espetáculo. Mesmo as que já assistiram ao filme antes, dizem que no teatro a emoção é maior. O público sai falando “aquela frase, que coisa linda aquilo”. A peça traz muitas questões, é tocante.
Considera alguma das cenas da peça mais difícil de fazer?
Não há uma cena mais difícil ou mais fácil. Todas elas têm uma carga emocional forte e exigem muito.
Essa é a última temporada carioca do espetáculo. Que avaliação você faz dessa passagem pelo Rio?
A melhor possível. Eu acho bacana a gente estar neste território das grandes questões, porque o público talvez esteja ficando um pouco acostumado só com comédia e musical. E as pessoas que assistem a “Incêndios” saem emocionadas, mobilizadas por outro tipo de texto.
Tem projetos a curto prazo para TV ou cinema?
Faremos mais duas semanas no Teatro Net Rio e depois vamos viajar com “Incêndios” até fins de maio. A partir daí, vou me dedicar ao cinema. Televisão, provavelmente, só ano que vem.