Otávio Augusto estreou “A tropa” em 2016 e, desde então, vem emendando uma série de temporadas do drama familiar – exceto, claro, no período mais severo da pandemia. Entretanto, a atual sequência de apresentações, que começou nesta sexta-feira (01) no Teatro Petra Gold, tem um sabor especial, já que marca os 60 anos de carreira do ator de 77. Mas longe dele estar satisfeito com a trajetória até aqui ou com a sensação de dever cumprido.
— Talvez me falte tempo para fazer tudo que ainda desejo (risos) — brinca Otávio Augusto, em entrevista ao RIO ENCENA.
No bate-papo, o veterano ainda falou sobre o personagem que interpreta, um pai autoritário que, num leito de hospital, recebe a visita de quatro filhos. O encontro – um verdadeiro acerto de contas – é regado a reflexões sobre acontecimentos dos últimos 50 anos da história brasileira. Confira a entrevista abaixo:
O texto é o mesmo da estreia em 2016? Porque o pano de fundo da peça são os últimos 50 anos de história no Brasil. E de 2016 para cá, houve acontecimentos bastante relevantes.
Sim, é rigorosamente o mesmo texto. A questão é que mesmo depois de seis anos, a peça contempla pensamentos vigentes porque o Brasil anda em círculos. Além disso, temos dois novos atores no elenco (Alexandre Galindo e André Rosa), o que muda o jogo cênico, novas intenções são descobertas.
E o seu olhar em relação à sociedade brasileira atualmente é o mesmo de 2016?
Não. Infelizmente o meu olhar é de profunda tristeza com o Brasil de hoje.
Você tem pontos em comum com seu personagem?
Não, nada.
No espetáculo, seu personagem é vilão, mocinho, vítima ou nada disso?
Ele é covarde, mau-caráter, hipócrita. Ele se acha melhor que os filhos, talvez seja vítima da imagem de homem perfeito que fez a vida inteira de si mesmo.
E sobre seus 60 anos de carreira, chega a essa marca com que sentimento? De satisfação, de dever cumprido, de que faltou muita coisa para fazer…
Sinto grande satisfação com a minha carreira, com a minha história. Sobre o futuro, talvez me falte tempo para fazer tudo que ainda desejo (risos).
SERVIÇO
Local: Teatro Petra Gold | Endereço: Rua Conde de Bernadote, 26 – Leblon. | Sessões: Sextas às 20h30 | Temporada: 01/07 a 26/08 | Elenco: Otavio Augusto, Alexandre Galindo, Alexandre Menezes, André Rosa e Daniel Marano | Direção: Cesar Augusto | Texto: Gustavo Pinheiro | Classificação: 14 anos | Entrada: R$ 70 (inteira); R$ 35 (meia) | Bilheteria: Sympla | Gênero: drama | Duração: 80 minutos | Capacidade: 409 lugares
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