Com um slogan que diz “informação em segundo lugar”, o recado fica claro: o jocoso Pop Bola foi feito para quem quer rir sem muito compromisso. Mas dentro deste público adepto da zoeira, existem divisões com diferentes perfis – muito além dos “populares suados”, como os radialistas carinhosamente chamam seus ouvintes – a serem alcançadas. Tal realidade fez com que o grupo de humor, que começou a se notabilizar no rádio em 2002, sempre se dispusesse a se reinventar, atuando em diferentes plataformas e não se restringindo apenas ao futebol, assunto principal dos acalorados e irreverentes debates que hoje acontecem nos inícios de noite na Rádio Globo. E um fruto deste constante processo de transformação chega à Sala Baden Powell no dia 04 de julho: o show de humor “Cinco Contra Um”.
Apesar de aficcionados pelo esporte mais praticado no mundo, o vascaíno Alex Calheiros, o botafoguense Lopes Maravilha, o tricolor Frajola, o flamenguista Alexandre Tavares e o apresentador (que também é tricolor) Alexandre Araújo prometem subir ao palco uma vez por mês (até dezembro) para debater também sobre outros assuntos – o que já acontece na rádio, onde falam de novela e até do BBB. A ideia é provocar identificação de forma abragente, falando de relacionamentos e questões cotidianas em geral.
— A gente quer atrair outros públicos, principalmente o feminino. Então, vamos trazer à tona assuntos como casamento, traição, coisas do dia-a-dia… E vamos fazer piada também com assuntos da semana, vai ser um negócio bem factual. E com muito improviso — adianta Araújo, em entrevista ao RIO ENCENA, explicando que o título “Cinco Contra Um” tem origem na interação com a plateia, outra marca do show: — São cinco caras contra um da plateia. Talvez ele nem seja contra, mas seria o ideal para ter aquela discussão.
Além do dúbio título, o “Cinco Contra Um” carrega ainda outras curiosidades. Por exemplo, a ideia do quinteto é fazer um espetáculo multimídia reunindo características de experiências anteriores. Fora o improviso, a interação e o roteiro, haverá ainda sonoplastia de rádio e imagens de vídeo projetadas – vale lembrar que além das ondas radiofônicas, a equipe está no Youtube e já levou seu humor escrachado também para a TV (Sportv e Record).
E por falar em “experiências anteriores”, esta não é a primeira empreitada teatral do Pop Bola – que começou como Rock Bola na Rádio Cidade e já passou por outras frequências como OI FM e MPB FM. Em 2017, tiveram uma breve passagem pelos palcos com o “Chama no Azeite”, que, de acordo com Araújo, serviu para dar experiência a Calheiros e Frajola, os novatos da atual formação. Antes porém, em 2010, montaram, graças a um incentivo do produtor Sergio Said, o “Talk Show de Bola”, uma espécie de embrião para o “Cinco Contra Um”.
— O Sergio Mallandro foi uma vez no programa. E ele não estava lotando a plateia. Mas depois dessa participação, encheu. Então, o Sergio Said disse que poderíamos encher uma sessão nossa também. Fizemos uma em Niterói, e deu certo, mas só com homens. Aí, quando fomos ao Teatro dos Grandes Atores, lotamos só com homens novamente numa quinta, mas pensamos: “na sexta e no sábado, vamos precisar de mulheres, senão isso aqui vai ficar vazio”. É a mulher que leva o homem ao teatro no fim de semana. Então começamos a trazer assuntos do dia-a-dia. Então, inserimos as mulheres, e aquilo deixou se ser o nosso programa de rádio para ser um espetáculo de humor — recorda Araújo, que pretende lançar no Youtube as filmagens das sessões na Baden Powell.
Autor de teatro?
Assim como o “Cinco Contra Um”, Araújo, carioca de 43 anos, se diz multimídia. Radialista há 25 anos, é também roteirista de TV (onde já tem novo projeto encaminhado, mas ainda em segredo) e compositor de samba-enredo. Já no teatro, começou a engatinhar como autor com a comédia romântica “Lavou, tá Novo”, que recentemente fez uma única apresentação em Jacarepaguá.
A peça mostra um casal (Joe Ribeiro e Luciana Malcher) numa lavanderia, onde acontece uma metáfora: a cada peça de roupa suja que eles lavam, uma situação do passado vem à tona para dar continuidade à “DR”. Em parceria com Waguinho (que já representou o Vasco no programa), Araújo escreveu o texto, que, admite ele, poderá ser o primeiro de muitos outros.
— Sou radialista há 25 anos, e, apesar de ser um mercado complicado, adoro. Mas me considero um cara multimídia, porque gosto de estar em várias frentes, sempre fazendo bem feito. Teatro, eu não não tinha feito sem ser na base do improviso. Fiz com o Waguinho, com quem já fiz várias coisas, ele que foi roteirista do “Tá no Ar” e agora está no “Zorra” (ambos TV Globo). Agora, já estou escrevendo outra peça. Tenho ideia, sim, de seguir no teatro – conclui.