Nos dramas sociais que costumeiramente são encenados no teatro, diversos personagens da sociedade são retratados. Em “Inferno”, solo que estreia na Sala Multiuso do Sesc Copacabana nessa quinta-feira (22), às 18h, a vez é do trabalhador doméstico. O espetáculo, aliás, é levado aos palcos pouco mais de seis anos após a aprovação da PEC das Domésticas, lei que equipara os direitos destes empregados aos dos demais, mas que, na prática, pouco resultou.
No palco, a atriz, bailarina e coreógrafa Ana Paula Bouzas dá vida à diarista Vânia, personagem que representa as figuras que boa parte da sociedade tem ou já teve em casa, como, por exemplo, a “moça da faxina”, a “secretária do lar”, a “menina que me ajuda em casa” e a “mulher que vem de quinze em quinze”, entre outras. Sob direção de Fábio Espírito Santo, Ana interpreta o texto que Rodrigo de Roure e Luiz Felipe Andrade escreveram especialmente para ela.
Ao longo de 60 minutos, Vânia varia entre o humor e um tom crítico para falar de assuntos relacionados ao empregado doméstico, como a conflituosa relação com os patrões, invisibilidade, subserviência, exploração, intimidade, privacidade e preconceito. Toda esta reflexão, acontece numa área de 2,20m x 2,20m, repleta de objetos domésticos como panelas, tábua de passar, rodo, panos, copos, talheres, pratos e afins.
“Inferno” encerra uma trilogia que reúne as histórias de três mulheres. Antes de Vânia, tiveram voz Águida, de “Senhora Coisa” (2002) e Gilda “Os últimos dias de Gilda” (2003), todas presentes no livro “Os Últimos Dias” (2009), do próprio Rodrigo de Roure.