Nesta semana, comemorou-se o Dia das Crianças e, deixando de lado a discussão capitalista sobre a data e, considerando que ainda estamos em pandemia, eu vim provocar sobre como manter a programação cultural de forma online pras crianças. Tenho uma filha pequena, e não tem sido fácil. Ela não tem onde gastar energia, e eu ainda não me sinto segura para me aglomerar nas pracinhas, cinemas, teatros e museus.
Minha caçula frequenta o teatro desde bebezinha. A primeira peça que assistiu foi “O Pequeno Príncipe Preto”, de Rodrigo França. E de lá pra cá, o seu contato com histórias no palco italiano só aumentou. Em 2020, entretanto, dadas as circunstâncias, seu contato com a dramaturgia foi interrompido.
Tentei recorrer ao teatro infantil online para que a pequena continuasse sua conexão com este bem cultural. E, foi nesse momento, que começaram as minhas dificuldades: as peças infantis são muito coloridas e lúdicas no ao vivo, mas quando passadas para o formato audiovisual boa parte da ludicidade se perde, e, com ela, a atenção da criança também vai embora. As experiências com histórias curtas entre 15 e 30 minutos costumam ser mais fáceis, principalmente porque, em casa, as possibilidades de desvio de atenção aumentam. A palhaçaria também é melhor sucedida nesse aspecto. O riso é poderoso e conecta as crianças com a experiência online. Já a contação de história não prende tanto a atenção se não tiver elementos lúdicos acompanhando.
Também percebi que quando a família senta para assistir com ela o espetáculo, a experiência torna-se outra. Definitivamente não dá para colocar uma criança diante de um espetáculo online e querer que ele tenha o mesmo efeito dos vídeos infantis do YouTube. O teatro continua exigindo presença e é uma espécie de antídoto antialienação.
Eu vou continuar minha busca pelo teatro online infantil que, assim como o que vem acontecendo com o teatro adulto, deve incorporar o novo formato e pensar o fazer arte dentro dessa perspectiva. Um desafio, eu sei! Mas acredito que também seja uma experiência para pensar cultura infantil nesse novo (nada) normal e não deixar que os laços com a dramaturgia sejam perdidos nessa pandemia.
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