Já há alguns anos, o teatro musical vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil – provavelmente, devido ao sucesso que o gênero já faz há muito mais tempo na Broadway, famoso circuito de teatro em Nova York (EUA). Em 2020, este crescimento tinha tudo para seguir a todo vapor, mas aí veio a pandemia e a consequente paralisação nas salas de espetáculos de todo o país. E com as medidas de restrição contra a Covid, entre elas o distanciamento, é provável que os musicais sejam os últimos a serem montados novamente por aqui, devido aos elencos numerosos e as grandes estruturas que marcam este tipo de produção. Porém, quem está sentindo falta de conferir uma história embalada por números coreografados, há a alternativa do teatro online. E o RIO ENCENA lista abaixo algumas opções.
Fomos à plataforma digital Espetáculos Online – que funciona como uma espécie de Netflix do teatro, mas é gratuita – e separamos quatro musicais de estilos bem diferentes e que foram levados ao palco presencialmente em anos distintos também. No site, é possível assistir à peça na íntegra e com gravação de alta qualidade.
A primeira dica é “O Musical Mamonas” (assista aqui), de 2016, que como o título já adianta, é uma homenagem ao grupo musical Mamonas Assassinas, que teve uma carreira meteórica e terminou de forma trágica, num acidente aéreo em São Paulo, no dia 02 de março de 1996. Este episódio triste, no entanto, não entrou na montagem por uma questão de bom senso e também por um pedido das famílias.
Ao longo de 90 minutos, o que é levado ao palco – com muito humor, marca registrada do quinteto – são as diferentes etapas da curta trajetória da banda. Entre elas, o período pré-fama, quando a formação ainda se chamava Utopia; e o sucesso, com a venda de mais de 3 milhões de cópias do primeiro e único álbum.
Ainda na linha biográfica, “Josephine Baker – A Vênus Negra” (aqui), de 2017, recorda vida e obra da personagem-título, cantora norte-americana naturalizada francesa que viveu em 1906 e 1975. Interpretada pela atriz Aline Deluna – indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz pelo papel – Baker ficou famosa não só pelas performances extravagantes e sensuais nos palcos, mas também pela personalidade forte fora dele: ora rebelde, ora militante por causas sociais.
Já “O Grande Circo Místico, o Musical” (aqui), de 2014, é uma versão teatro musical para o espetáculo homônimo dos anos 1980. Na ocasião, o ballet do Teatro Guaíra (PR) fez sucesso em todo o país com a montagem costurada por canções inéditas assinadas por Edu Lobo e Chico Buarque, que tiveram como inspiração o poema ‘A Túnica Inconsútil’, de Jorge de Lima.
Com um elenco encabeçado por Fernando Eiras e Letícia Colin, o musical apresenta uma história inédita escrita por Newton Moreno e Alessandro Toller. Na trama, uma improvável relação amorosa, entre o aristocrata Frederico e a bailarina circense Beatriz, ganha contornos ainda mais dramáticos depois que ele é obrigado a servir como médico do exército. Para complicar ainda mais o romance, há no caminho ainda Charlote, a atual noiva do mocinho com quem tem casório já marcado.
Por fim, “A Vida não é um Musical – o Musical” (aqui), de 2018, faz uma sátira ao mundo encantado Disney, à política brasileira e ao gênero musical. Com texto de Leandro Muniz – responsável também pela direção ao lado de João Fonseca – o espetáculo, que recebeu duas indicações no Prêmio Cesgranrio, é ambientado num bosque encantado, onde tudo é maravilhoso. No entanto, o local está encravado dentro do Rio de Janeiro, uma cidade caótica. Ou seja, quem está dentro do bosque não quer sair, e quem está fora, quer entrar.