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‘Te falo com amor e ira’: apesar das boas construções, solo sobre feminismo é massivo por vezes e não desperta empatia

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34 anos, doutora em Literaturas Africanas, pós-doutora em Filosofia Africana, pesquisadora, professora, multiartista, crítica teatral e literária, mãe e youtuber.
Tempo estimado de leitura: < 1 minutos

“Te falo com amor e ira”, solo de Branca Messina, discute os lugares estanques que mulheres performam por conta do machismo e patriarcado em nossa sociedade, a partir das experiências e subjetividades da personagem. O mote é uma chamada online entre uma mulher e um homem, em que somente a mulher fala e nós, espectadores-interlocutor-homem, escutamos.

A obra tem construções bacanas, como o passeio pela casa da mulher explorando o formato de videochamada e mostrando uma direção segura de Fernanda Bond. Assim, por meio do celular na vertical, a mulher nos convida a visitar os cômodos. Naturalmente, como numa conversa entre amigos, entramos em sua intimidade, conhecemos seu banheiro, sentamos em seu sofá e conversamos, ou melhor, ouvimos. E ouvimos muito. Ouvimos sobre família, maternidade, sexo, trabalho e subjetividade. O texto é longo e por vezes massivo. Um desafio.

Ouvimos as experiências e críticas da mulher costuradas por símbolos universais e pela mitologia bíblica. Trazer as figuras de Lilith e Eva é interessante, mas também um lugar comum em obras de cariz feminista. De certa maneira, é um monólogo que fala sobre e para mulheres brancas. Apesar de nós ainda precisarmos discutir em nossa sociedade os papéis das mulheres, a monogamia, a heteronormatividade, a maternidade compulsória etc., as experiências e cosmovisão compartilhadas estão para mulheres brancas de classe média. Não acho que seja um problema, mas não consegui me identificar com a personagem e nem ser solidária a ela.

Branca Messina é a protagonista do solo Foto: Ana Alexandrino/Divulgação

A escolha da trilha sonora trouxe muito sentido às cenas, mas o monólogo não consegue despertar nenhum de nossos afetos, nem de amor, nem de ira.

Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para aza.njeri@rioencena.com.

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