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‘A Serpente’ tem digital forte a partir da valorização de aspectos do texto de Nelson Rodrigues

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Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Em cartaz no CCBB, “A Serpente” marca pela capacidade de imprimir sua digital mesmo diante da dramaturgia de Nelson Rodrigues – ou melhor, através dela.

Última peça do autor, “A Serpente” narra a relação próxima de duas irmãs, que casam-se no mesmo dia e moram juntas. De um lado, Guida, a mais velha, vive um casamento feliz com Paulo; Lígia, por outro lado, acaba de se separar sem nunca haver consumado o casamento. É virgem ainda, e de uma infelicidade tamanha que decide suicidar-se. Guida, para impedir o suicídio da irmã, oferece o próprio marido por uma noite. Ligia aceita e, claro, após a fatídica noite de sexo entre Ligia e Paulo, o conflito instala-se na casa.

A marca do espetáculo em relação ao texto e à “instituição” Nelson Rodrigues começa, e tem seu elemento mais forte, na cenografia composta por uma estrutura quadrada no centro do palco, uma espécie de gaiola que isola e aprisiona o quarto. Assim, não só destaca um espaço fundamental para a trama, onde as relações se transformam, como simboliza plasticamente um dos aspectos mais discutidos da obra de Nelson Rodrigues: a moral como prisão.E aqui, se fizermos qualquer relação entre moral e religião (como se costuma fazer), “A Serpente”, apesar de normalmente desvalorizada dentro da obra de Nelson, torna-se particularmente denunciadora e trágica – os três são punidos, cada um a seu modo, por caírem em tentação.

Figurinos e maquiagem estabelecem sua própria estética: algo ligeiramente fora do padrão, outra característica forte da obra de Nelson e, particularmente, aquela que considero mais interessante.

As atuações buscam uma embocadura mais exagerada que o normal, o que casa perfeitamente com tudo o que foi falado até aqui: se, em Nelson, a linguagem coloquial dá uma falsa pista de previsibilidade das relações, a montagem, também nas atuações, faz o trabalho de sublinhar o que poderia passar despercebido por nós.

Menção honrosa deve ser feita ao texto do diretor Eric Lenate no programa do espetáculo: não só disserta sobre Nelson Rodrigues e explica o que pretendeu fazer dentro da peça, como insere o trabalho num contexto teatral. Análise valiosa!

Um abraço e até domingo que vem!
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para pericles.vanzella@rioencena.com.

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