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‘Aqui Jaz Henry’ é divertida e opera reflexão proporcional ao escopo teatral

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Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Em cartaz no Teatro Candido Mendes, “Aqui Jaz Henry”, do canadense Daniel Maclvor, propõe reflexão sobre a relação entre verdade e mentira. A montagem consegue orquestrar uma estética em acordo com a natureza da discussão, em equilíbrio preciso entre a profundidade filosófica e a leveza permitida pela linguagem teatral.

A peça de Maclvor traz um protagonista que fala à plateia sobre sua vida. Nesta espécie de palestra, ele mente, desmente, omite, joga com as palavras, tudo na tentativa de criar uma narrativa interessante, ser alguém mais interessante, talvez porque julgue a mentira como uma ferramenta que existe para expandir a verdade. Se a ferramenta está à sua disposição, por que não?

O cenário de Teca Fichinki espalha rosas brancas pelo espaço, assim como baldes com areia que em algum momento me pareceram simbolizar cinzas. Em um espetáculo mais conceitual do que concreto, acho que foi uma solução elegante: não remete a uma fixidez (exatamente como verdade e mentira) e permite interação constante e bonita (especialmente a areia) com o ator.

O figurino de Claudio Tovar também optou pela elegância, colocando o ator de terno, (ligeiramente não neutro), que associamos também com a indumentária de um homem em um caixão, algo totalmente de acordo com a peça.

Renato Wiemer, idealizador, tradutor, ator, e responsável pela trilha sonora do espetáculo, ao lado da diretora Kika Freire, transparecem opções cênicas muito claras, o que sem dúvida é algo muito bom (e necessário, especialmente em peças conceituais), ainda que nuances mais sutis acabem ficando de fora. A montagem é conduzida de modo que a atenção do espectador não se esvai: a atuação valoriza o texto e, com ele, a reflexão proposta, além de fazer excelentes transições longas (do cômico ao trágico, do espaço interno ao espaço de desejo).

Em um contexto municipal que tende aos extremos (montagens excessivamente abstratas, herméticas, enquanto outras apelam a um didatismo desnecessário), “Aqui Jaz Henry” carrega um equilíbrio que, a meu ver, deveria ser sempre o objetivo primordial do fazer teatral. Ainda que a discussão tenha “uma barriga”, e que alguns pormenores fiquem de fora (algo totalmente natural, principalmente em um monólogo), a peça vale a pena pelo seu lugar intermediário entre a leveza proporcionada pela linguagem e a densidade conceitual de seu mote – aparentemente simples mas, como salientado pela diretora no programa, “provoca desdobramentos”.

Um abraço e até domingo que vem!
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para pericles.vanzella@rioencena.com.

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