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Autor e diretor de peça sobre espiritualidade e sentido da existência opina sobre sociedade brasileira: ‘Perdida’

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos
Euardo Egrejas (E), Lucas Miranda, Ângela Câmara e Louise Zeni (de branco) em cena Fotos: Chico Lima/Divulgação

Em cartaz no Sesc Copacabana, “Felicidade” é o mais novo espetáculo no currículo de Marcos Americano que trata de espiritualidade e o sentido da existência. Muito interessado em tais temas, o dramaturgo, que é autodidata em filosofia e profundo leitor de autores como Maurice Materlinck, Nietzsche e Chico Xavier, acredita que o Brasil sofre com excesso de ignorância e violência, além de escassez de raciocínio e afeto. Em entrevista ao RIO ENCENA, ao ser perguntado como enxerga a sociedade brasileira, ele foi direto:

— Perdida! E só com uma mudança de paradigma poderemos ter um olhar mais saudável sobre a vida. Vivemos um momento de ignorância, de violência, nos deixando levar pelas paixões tristes: a paixão do medo, do ódio… O que leva um vascaíno e um rubro-negro irem a um estádio e se matarem lá? — indaga o autor, frisando que tal realidade não é só de hoje: — Vem de 500 anos. A chaga da escravidão, ainda não resolvemos. E as coisas estão só piorando. O caos está instaurado.

O autor, porém, ressalta que vê a situação delicada no mundo inteiro e não só por aqui.

— Não é um privilégio do Brasil. Na Europa, balsas chegam às praias lotadas de pessoas famintas que deixaram seus países com medo. Nos Estados Unidos, um empresário (Donald Trump) se torna presidente e quer construir um muro para fechar a fronteira com o México que vai custar bilhões de dólares. Enquanto isso, pessoas estão desempregadas — comenta o artista de 59 anos de idade, sendo destes dedicados ao teatro.

Ao falar em mudança de paradigma, Marcos já introduz a proposta do espetáculo, no qual assina também a direção. Além de espiritualidade e o sentido da existência, a peça da Cia Bela Vida aposta ainda em outros dois pontos que considera fundamentais para uma guinada: a transcendência, que no manual da filosofia, refere-se ao que está fora de ações e pensamentos do ser humano, e o diálogo.

À primeira vista, não se sabe se os personagens estão vivos ou se são espíritos

— Precisamos acordar urgentemente. Nós do espetáculo, enquanto sociedade, propomos o diálogo, falar de espiritualidade, transcendência. A pesquisa da alma, do espírito. Amamos a liberdade e respeitamos as minorias e as diferenças. Todas elas. Então, queremos tocar o público de alguma forma. Acreditamos no ser humano, no brasileiro, no carioca… — enfatiza Marcos, ponderando que a montagem não tem qualquer caráter político ou religioso: — Não é um espetáculo espírita ou religioso. E é apartidário. É político enquanto teatro, porque todo teatro é político.

Sobre o público, Marcos garante que “Felicidade” foi feita para todo perfil de espectador. No palco, as cenas são fragmentadas e apresentadas de modo que não obedeça a uma sequência. Além disso, os atores Ângela Câmara, Eduardo Egrejas, Louise Zeni e Lucas Miranda dialogam sobre questões da vida interpretando personagens que não se sabe à primeira vista se estão vivos ou se são espíritos. Mas apesar da proposta subjetiva, a peça é, segundo o autor, de fácil entendimento, não exigindo nenhum conhecimento de filosofia ou algo do tipo.

— Não é uma peça intelectualizada. Tem brincadeira e humor, e qualquer um pode entender. É agregadora e inclusiva, para todo mundo. Inclusive, isto é uma das coisas daquela mudança de paradigma que falei. Não tem essa de você é da minha turma, e ele não é. Precisamos evoluir para sobreviver — alerta.

Marcos assina texto e direção de “Felicidade”

Ainda quanto ao público, Marcos Americano – que durante a entrevista fez questão de se dizer grato aos diretores Rubens Corrêa, seu primeiro mestre, e Denise Stoklos –  espera as mais variadas reações vindas da plateia, tanto durante, quanto após as apresentações. Só não acredita que algum espectador venha a classificar o espetáculo como arrogante, como se tivesse a pretensão de ditar o comportamento da sociedade.

— Não fizemos para agradar ou provocar, alfinetar… Só é um espetáculo diferente, então corremos riscos. Por isso, acredito que possa haver todo tipo de reação. Mas não é nosso objetivo ser arrogante. Até ,pelo contrário, a simplicidade da peça é franciscana. Não apenas no figurino, mas no objetivo de chegar num outro ponto — explica o autor, finalizando: —  A gente faz para se fazer entender e também tocar. E se conseguimos tocar pelo menos uma pessoa por noite, já será maravilhoso.

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