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Emílio de Mello analisa reunião de movimento de artistas, lamenta desunião da classe e fala em ação pelo Villa-Lobos

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos
A primeira grande reunião do Mater atraiu mais de 150 pessoas Fotos: Mauro Marques

O Teatro Poeira, em Botafogo, recebeu na noite da última segunda-feira (17), o primeiro encontro do Mater (Movimento de Artistas de Teatro do Rio), que como o nome já adianta, agrupa os chamados trabalhadores de teatro, ou seja, técnicos, produtores, diretores, autores e, principalmente, atores. Na reunião, que contou com mais de 150 presentes, alguns tópicos foram discutidos, entre eles, o considerado o mais vital: a volta do protagonismo do artista no fazer teatral. Mas para que isso se torne viável, um outro ponto precisaria ser resolvido: a união da classe.

Em entrevista ao RIO ENCENA, Emílio de Mello, um dos homens de frente do movimento, compartilhou alguns assuntos que foram debatidos na reunião de segunda – além de outros que ainda nem tiveram tempo de entrar em pauta – e apontou como prioridade a união, a representatividade e a valorização dos atores de teatro no Rio de Janeiro.

— O Rio não tem uma representatividade de artistas de teatro. Tem de produtores, de autores, mas não de artistas. E discutimos isso, pois estamos querendo ter a união desta classe desunida e acéfala. A frase que vou dizer é clichê, mas essa união vai fazer uma força imensa. Conseguir isso seria nossa maior vitória — destaca o ator, completando: — O artista está sendo desvalorizado de forma inconsequente e ilógica. Precisamos recuperar o protagonismo da arte para o artista, porque sem ele, o teatro não existe. Por exemplo, o ator ganha menos que operadores de luz e de som e três vezes menos que produtores. Esta relação de valor é incoerente e absurda.

Emílio – no ar atualmente como o diplomata Henrique da novela “O Outro Lado do Paraíso” (Globo) – acredita que esta união pode, inclusive, refletir no público, que tem frequentado as salas teatrais bem menos do que os profissionais da área desejam.

Emílio de Mello é um dos entusiastas do Movimento de Artistas de Teatro do Rio Foto: Divulgação

— Acho que a falta de público é uma conjunção de valores. A união da classe não traz público, mas valoriza a questão. Porque se a gente não valoriza nossa profissão, o espectador fica desiludido.O teatro é a busca pelo pensamento, é reflexão, e precisamos recuperar isso. Se trabalharmos neste sentido, o público volta — torce.

Perguntado sobre algum possível avanço da reunião de segunda – a primeira com um número maior de presentes após sete meses com outras mais restritas – Emílio ressalta que mobilizar tantas pessoas ligadas ao teatro, tanto no Poeira como em outros lugares, já foi um primeiro resultado concreto.

— Quando você junta 160 artistas falando e querendo mudar paradigmas, isso é concreto e relevante. Agora, temos uma voz que vai se somar a outras para transformar esse grupo forte e com representatividade política e artística. Na quinta (15), vários artistas cariocas se uniram para participar do evento sobre a (vereadora assassinada) Marielle Franco.  Todos em repúdio a esse momento de violência e de total irresponsabilidade do sistema público sobre esse assassinato brutal — lembra.

Uma maior união da classe foi um dos principais pontos debatidos na reunião

Ainda sobre política, Emílio critica a atuação do governo na cultura e garante que o movimento pretende se engajar também neste campo.

— Vivemos um momento de escassez, seja de projetos, de público, de dinheiro… Não existe política pública neste governo, neste país, neste estado. Estes governantes não pensam na cultura, só fazem joguetes de interesses particulares de um grupo pequeno. A Lei Rouanet tem um valor grande de dinheiro que vai para poucas pessoas. Temos muita voz e força e vamos usar isso para exigir transparência no uso de verbas públicas. Queremos estar conscientes do que se faz com o dinheiro publico, somos contra a emenda (anunciada em novembro de 2017) do ministro (Sérgio) Sá Leitão para a Lei Rouanet deixar 50% do valor captado para o proponente. Isso legaliza a corrupção, o dinheiro vai ser desviado. É absurdo e inconstitucional! Mas esta foi a primeira reunião que participei em 30 anos de carreira que me deixou esperançoso e convicto.

Depois do encontro no Poeira, o próximo deve ser no dia 27, em frente ao teatro Villa-Lobos, em Copacabana

Por fim, sobre os próximos passos do Mater, Emílio adianta que está em estudo uma manifestação no próximo dia 27 em frente ao Teatro Villa-Lobos, no número 440 da Avenida Princesa Isabel, em Copacabana. Considerada um importante equipamento cultural da cidade, a sala, inaugurada em 1979, está fechada há sete anos, depois de ser atingida por um incêndio, e é vinculada à Secretaria Estadual de Cultura. As obras de recuperação, aliás, estavam previstas para começar em 2014.

— O movimento vai exigir dos órgãos públicos a reabertura do Villa-Lobos. Mais de 30 teatros já fecharam por aqui. Uma cidade sem teatro é uma cidade morta. E o Rio está morrendo — encerra.

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