Acho muito positiva a convivência de diversos gêneros no Rio. O “teatro de texto”, o musical, o alternativo, o engajado, o teatro de rua, universitário, de bonecos, todos têm seu espaço e seu público. E com toda a beleza e qualidade desta coexistência, é curioso observar que estes estilos raramente convivem no mesmo espetáculo, salvo infantis (que possuem sua própria categoria).
Estes, aliás, seguem com qualidade, apesar de ainda presenciarmos (destacadamente no Shopping da Gávea) peças que subestimam a inteligência das crianças e jovens. Excesso de didatismo e falta de temas criativos e profundos não param de assolar o teatro carioca.
Musicais e “Stand-ups” permanecem como os estilos de maior público. Segundo Bárbara Heliodora, o sucesso da comédia na cidade faz jus à “tradição carioca da piada”. Os musicais, por sua vez, adquiriram tamanha legitimidade que muitos espetáculos fazem uso de artifícios para serem enquadrados na categoria, como “playbacks”, alguns passos ritmados ou inserções musicais de fundo. Fica muito ruim. Rebaixamento da qualidade de “arte” para a de “entretenimento”.
Impossível não salientar, por outro lado, a constância na alta qualidade de alguns espaços.
Teatro Poeira
Espaços Oi Futuro
Centro Cultural do Banco do Brasil
Estes espaços mantêm, há muitos anos, uma excelente programação, tanto em termos de qualidade dos espetáculos como de relação custo-benefício – estão entre os ambientes mais baratos. Os melhores espetáculos do ano fizeram temporadas nestes espaços: “Nu de botas” e “Os Cadernos de Kinzu” (CCBB); “Filhote de Cruz Credo” (Oi Futuro Flamengo) e “Antígona” (Poeira).
Beijos a todos e até o ano que vem! 😉
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