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‘Garota de Ipanema – O Amor é Bossa’ é musical carismático com elementos simples

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Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Antes de falar do espetáculo “Garota de Ipanema – O Amor é Bossa”, vale destacar o Teatro Riachuelo Rio, antigo Cine Palácio. Aberto recentemente, o espaço vem renovar o ambiente da Cinelândia, referência cultural, cinematográfica (de onde tirou sua denominação) no passado e que vinha perdendo importância.

O Teatro Riachuelo Rio, além de fornecer mais um espaço cultural para o local, recupera e atualiza o glamour do Cine Palácio e da própria Cinelândia em seu apogeu. Fora que traz mais um grande teatro para uma cidade cada vez mais consumidora de grandes musicais, que pedem espaços deste porte.

A peça escolhida para a sua inauguração veio “a caráter”. Não só seu tema e sua época, ambos entre os principais símbolos da “carioquice” do século XX, mas sua equipe técnica, craque em retratos do Brasil. E o espetáculo surpreende: toda a estrutura prévia remete a uma grandiloquência que contrasta com a opção cênica de falar da Bossa Nova através de uma de suas principais características: o minimalismo.

A cenografia de Helio Eichbauer traz ao fundo do palco formas em origami que imediatamente remetem ao espectador a simplicidade característica da bossa nova e que será também a marca registrada da peça. O cenário, por exemplo, chama muito menos atenção por sua beleza plástica do que pela praticidade com que interage com a cena.

O mesmo pode ser dito do figurino de Marilia Carneiro e Reinaldo Elias. Retratam a época, seu charme e suas inovações, sem chamar a atenção e, aparentemente, deixando os atores bem à vontade.

As atuações, com destaque para Thiago Fragoso (que transita com total conforto tanto na fala quanto no canto) coroam a estética naturalista, quase televisiva. São elas que nos mostram que de fato a peça optou por adotar o estilo da Bossa Nova, em detrimento do grande musical americano.

Contrastando com esta escolha, temos microfones que chegam a distorcer a voz dos atores (talvez inevitável, dado o tamanho do teatro) e o texto, que narra uma história de amor padrão, pontuada de ciúme, desilusões e números musicais nos momentos de clímax emocional.

Confesso que o minimalismo estético contrastado com o gênero e a estrutura do Teatro Riachuelo Rio me causou um estranhamento considerável. Mas no fim, acho que Gustavo Gasparani acertou na opção pela Bossa Nova, e foi lindamente acompanhado por sua equipe, sobretudo no trabalho com os atores.

Um abraço e até domingo que vem!
Dúvidas, críticas e sugestões, escreva para pericles.vanzella@rioencena.com.

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