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Identidade e filosofia para crianças em ‘Marrom, nem Preto, nem Branco’

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34 anos, doutora em Literaturas Africanas, pós-doutora em Filosofia Africana, pesquisadora, professora, multiartista, crítica teatral e literária, mãe e youtuber.
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Esta semana assisti a “Marrom! Nem preto, nem branco” dirigida por Marcelo Alonso Neves, disponível até amanhã (25) no canal da Palavra Z Produções Culturais no YouTube (acesse aqui). No infantil, acompanhamos os dramas identitários de Linda, uma menina fruto de um relacionamento inter-racial que questiona o seu lugar no mundo.

Engraçada e lúdica, Vilma Melo nos entrega uma garota esperta e filosófica que muito me lembrou a personagem Sofia do clássico da literatura “O mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder. Com perguntas como “de onde vim?”, “por que eu sou como sou?”, Linda questiona o seu mundo e se encontra diante de um dilema existencial: ser marrom. Uma forma delicada de discutir o entre-lugar da inter-racialidade numa linguagem acessível para as crianças. A partir da afirmação “eu sou marrom”, a obra reflete sobre as identidades que constroem não apenas a menina, mas da nossa miscigenada sociedade.

O excelente texto de Renata Mizrahi, inspirado em Lorena, filha de Vilma Melo, usa o lirismo para apontar as violências raciais que as crianças negras são expostas, fazendo do espetáculo um material educativo para todos os públicos. A forma irônica que critica o papel das pessoas brancas na manutenção do racismo e seus estereótipos é muito interessante. Pelo Poder Político-Poético do riso, crianças e adultos vão entendendo que meninas negras são pluriversais e estão para além dos lugares de “princesas da favela”, “rainhas da comunidade”, escravas ou empregadas.

Importante destacar o cenário e figurino de Carlos Alberto Nunes. Colorido, me fez sentir como nos sonhos de infância e a estética da palhaçaria trouxe diversão. Isso sem falar no lindo guarda-chuva/balão!

A protagonista Vilma Mello interpreta a menina Linda (Guilherme Miranda/Divulgação)

Linda é uma personagem marcante. Traz no próprio nome uma bagagem de discussão semiótica. O espetáculo como um todo é um relevante produto semiótico, não à toa, as várias indicações a prêmios desde a sua estreia em 2016.  Eu fico muito feliz que “Marrom! Nem preto, nem branco” tenha sido agraciada pela lei Aldir Blanc, e a gente possa assistir gratuitamente online. As crianças merecem ter acesso a essas discussões de forma sofisticada, e a peça faz isso com maestria.

Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para aza.njeri@rioencena.com.

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