Depois de temporadas no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo e de Belo Horizonte, o espetáculo “Leopoldina, Independência e Morte” chega à unidade do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (08), às 19h, jogando luz sobre um lado da imperatriz que vai muito além de apenas primeira esposa de Dom Pedro I. A temporada vai até 23 de fevereiro, com sessões de quinta a domingo, sempre no mesmo horário.
O que é amplamente divulgado sobre Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena é que ela veio da Áustria, onde nasceu numa tradicional família, para se casar no Brasil com o imperador Dom Pedro I, num matrimônio arranjado, algo muito comum na época.
O que se sabe também é que D. Maria Leopoldina, como ficou conhecida por aqui, viveu em terras brasileiras dos 19 anos aos 29, quando veio a falecer, que tinha suas atividades quase que totalmente restritas ao aspecto privado do casal (como todas as mulheres daqueles tempos) e que engravidou por nove vezes – numa delas, deu à luz Dom Pedro II. Uma faceta pouco divulgada dela, porém, é a de uma mulher estadista articuladora e estrategista, que, em 1822, durante viagem do imperador a São Paulo, teria assumido como regente interina e reunido ministros a fim de decidir pela independência do país.
No espetáculo, Leopoldina, interpretada pela atriz Sara Antunes – recentemente no ar como a evangélica Márcia da série “Segunda Chamada” (TV Globo) – reivindica o protagonismo de tal manobra. Além disso, já em seus últimos dias de vida, tomada por delírios, ela correlaciona sua vida, sua época e os projetos em disputa naquele momento com os dias de hoje.
Com um elenco formado ainda por Plínio Soares, que interpreta José Bonifácio, principal aliado de Leopoldina, e a musicista Ana Eliza Colomar, a peça tem direção e texto de Marcos Damigo, que pegou o livro “Cartas de uma Imperatriz” (Estação Liberdade/2006) como ponto de partida para a construção do projeto.
— (O livro) foi o estopim para encontrar o recorte de uma história tão rica e interessante, enfatizando a transformação da princesa europeia em estadista consciente de seu tempo histórico. Queremos também mostrar para o público de hoje o projeto de um país que, infelizmente, fracassou com a sua morte e o exílio de Bonifácio. Falar deste sonho de quando o Brasil se tornava uma nação independente é importante para nós, principalmente neste momento em que parecemos ter que negociar pressupostos muito básicos dos entendimentos sobre a vida em sociedade — complementa Marcos Damico.