Em 21 de agosto de 2009, estreava, no Teatro Villa-Lobos, Rio de Janeiro, de saudosa lembrança, administrado pelo Estado, palco de tantas inesquecíveis produções, hoje, transformado num espaço abandonado pelo poder público, após dois incêndios seguidos, suspeitos e, até hoje, não esclarecidos, um dos mais lindos e emocionantesespetáculos teatrais, em forma de musical, a que já assisti em toda a minha vida, uma OBRA-PRIMA: “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”, baseado na obra do alemão FRANK WEDEKIND, um dos precursores do movimento expressionista, escrito em 1891. O espetáculo aborda o universo de um grupo de adolescentes, os quais vivenciam situações de descoberta pessoal, despertar sexual e opressão, entre outras questões. A montagem daquele fantástico texto, até então, inédito, no Brasil, na forma de musical, foi dirigida por CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO, baseada numa versão teatral musical da Broadway, de 2006, indicada em 11 categorias, no “Prêmio Tony”, o mais importante do Teatro americano, vencedora de 8 estatuetas, a saber:Melhor Musical, Melhor Direção de Musical, Melhor Ator Coadjuvante em Musical,Melhor Libreto para um musical, Coreografia, Orquestrações, Partitura e Iluminação. “A produção também recebeu 4 “Drama Desk Awards”, enquanto seu álbum de elenco original recebeu um Grammy. Além disso, o show foi reavivado, em 2015, na Broadway, e recebeu 3 indicações ao “Tony Award”, entre outras honrarias”. (A última informação foi extraída da Wikipédia).
“O espetáculo (a montagem brasileira) foi considerado um fenômeno cultural, sucesso de público e crítica, colecionou fãs e conquistou diversos prêmios. Cultuado por um público, em sua predominância, formado por jovens e adolescentes, a maioria indo, pela primeira, vez ao Teatro, o espetáculo marcou toda uma geração. A comoção era tanta, que muitos voltavam, para ver a peça, duas, três, dez, até vinte vezes, e organizavam encontros e eventos, como ‘flash mobs’”. (Embora chegando aos 60 anos, na época, eu superei a marca das vinte vezes, como um daqueles jovens assistentes.)
Em 2009, eu escrevia, esporadicamente, sobre TEATRO e não tinha, ainda o meu blogue. Em 2009, eu não me considerava um crítico de TEATRO. Em 2009, eu não era jurado de dois prêmios de TEATRO (“Prêmio Botequim Cultural e “Prêmio Brasil Musical”). Em 2009, eu era, apenas, ator, afastado dos palcos, um amante de TEATRO, alucinado por TEATRO, um “rato-de-TEATRO”, já que ia, quase diariamente, aos espetáculos (Hoje, vou todos os dias.) e, com relação à primeira montagem de “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”, durante toda a longa temporada,de 21 de agosto a 15 de novembro (Sim! Para quem não sabe, antigamente, as temporadas teatrais eram longas, até bem mais que esta.), assisti a todas as sessões das 6ªas feiras, na poltrona A 2, a maioria das vezes, como pagante, e, de vez em quando, ainda voltava, num domingo ou outro, levando grupos enormes de familiares, amigos, conhecidos e alunos. Tornei-me amigo de todos do elenco, alguns mais que outros, queridos amigos, até hoje, dez anos depois, do que muito me orgulho. Não escrevi sobre aquela montagem. E, por tudo o que disse neste parágrafo, não poderia iniciar a análise crítica da versão 2019, sem, antes, falar um pouco da primeira, sem, contudo, de forma alguma, estabelecer comparações, embora saiba que isso me será profundamente difícil e perturbador, uma vez que ouço, com frequência o CD com a trilha sonora original da peça, com aquele elenco (O CD não sai do meu carro.), e consigo visualizar a montagem original, da primeira à última cena, detalhe por detalhe. Mas vou conseguir me distanciar.
A trajetória de “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” é marcada por muitas conturbações e datas emblemáticas e bem representativas. Em 1891, FRANK WEDEKIND publicou a peça, que foi, imediatamente, proibida pelas autoridades. Apenas em 1974, o National Theatre de Londres estreia a primeira montagem, sem cortes, na língua inglesa. Um estrondoso sucesso torna a peça conhecida no mundo todo. O psicanalista Jacques Lacan afirmou que “WEDEWKIND antecipa Freud”. Em 1906, houve uma montagem, com cortes, em Berlim, censurada após apenas algumas apresentações. Em 1999, STEVEN SATER e DUNCAN SHEIK começam a trabalhar no projeto de um musical sobre a peça original de WEDEKIND. Iniciam-se“workshops” e diversas montagens experimentais são feitas em algumas cidades americanas. Em 2006, “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” estreia na Broadway, em forma de musical, tendo recebido indicações (11) e prêmios (4) de TEATRO, o maior sucesso, considerado “o melhor espetáculo do ano”, por vários dos mais importantes órgão da imprensa de Nova Iorque. Em 2009, após montagens em diversos países,sempre sob a mesma direção, o musical recebe permissão dos autores para ser produzido, no Brasil, com novas concepções e direção, no Teatro Villa-Lobos, Rio de Janeiro. Em 2010, sucesso de crítica e público, depois do grande “frisson”, causado no Rio, com indicações a prêmios e tendo vencido alguns, a montagem de CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO faz duas temporadas em São Paulo, repetindo o sucesso anterior. Em 2019, “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” retorna às mãos deCHARLES e CLAUDIO, para uma nova e inédita montagem, no Theatro NET Rio,Rio de Janeiro, com temporada projetada, para 2020, em São Paulo.
O trecho, em destaque, a seguir, foi retirado do “release”, enviado por PEDRO NEVES (FACTORIA COMUNICAÇÃO) e, por achá-lo muito relevantes, optei por transcrevê-lo: “A peça original denunciava os preconceitos e o conservadorismo das três principais instituições que regem a educação do homem: a família, a igreja e a escola. É considerada um dos precursores do expressionismo, movimento artístico que se caracterizou por uma oposição ao naturalismo. O teatro expressionista é antirrealista, utilizando-se, quase sempre, de uma dramaturgia combativa, com ênfase nos conflitos sociais, e de um estilo de cenografia que optava pela fantasia, com espaços que não são mero fundo para a ação teatral, mas interagem e atuam como um novo personagem. WEDEKIND foi, sobretudo, um feroz inimigo da hipocrisia social e combateu dogmas da sociedade, especialmente na sua negação dos instintos sexuais. Escreveu espetáculos polêmicos, como ‘O Espírito da Terra’, ‘A Caixa de Pandora’, e ‘A Morte e o Demônio’, que compunham a trilogia ‘Lulu’. Ele pagou um alto preço, por ter coragem de desmistificar os tabus e celebrar a vida. A cultura ocidental reverencia a morte, mas recusa o ponto de partida, que é o sexo. Ele sabia que a informação era uma arma poderosa. A ignorância leva ao extermínio.” (CHARLES MÖELLER).
Na verdade, para que este texto não fique mais longo do que acabará sendo, tocarei em alguns pontos, apenas, referentes à versão 2009. Centenas de jovens se inscreveram para as audições, dos quais foram selecionados apenas 500, na primeira fase de seleção. Depois de muitos filtros, chegou-se ao número de 19 jovens e talentosíssimos atores, do Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Brasília e Porto Alegre: Malu Rodrigues (Com 16 anos, teve de ser emancipada.), Pierre Baitelli, Letícia Colin, Rodrigo Pandolfo, Thiago Amaral, Alice Motta, André Loddi, Bruno Sigrist, Danilo Timm, Davi Guilhermme (Hoje, conhecido como Azullllllll.), Eline Porto, Estrela Blanco, Felipe de Carolis, Julia Bernat, Laura Lobo, Lua Blanco. Mariah Viamonte, Pedro Sol e Thiago Marinho. Quase todos, a grande maioria, faziam sua estreia nos palcos e parecia que cada um havia vindo ao mundo com a missão de interpretar aqueles papéis. No decorrer da temporada, Gabriel Falcão entrou no elenco, como alternante. Todos os personagens adultos foram brilhantemente interpretados por Débora Olivieri e Carlos Gregório. Do elenco jovem, praticamente, todos seguiram suas carreiras e alguns são nomes consagrados, hoje, em outras mídias também, além do TEATRO.
Na ficha técnica, quase todos os nomes daquela montagem estão presentes na atual. No elenco paulistano, houve apenas duas alterações e a entrada de um outro alternante.
“A montagem brasileira de ‘O DESPERTAR DA PRIMAVERA’ conseguiu autorização para ser a primeira ‘non-replica’ no mundo, desde a estreia na Broadway. Isso significa que, usando o mesmo texto e canções do musical, CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO realizaram a primeira direção e concepção diferente em tudo das originais. Consultados, os autores foram seduzidos pela possibilidade de verem sua obra encenada com outra visão pelos artistas brasileiros”. (Extraído do “release” da época.).
“Foi um fato inédito montarmos uma produção tão recente da Broadway com a autorização para uma direção autoral. Geralmente, os espetáculos de grande sucesso levam muitos anos para que comecem a ser ‘licenciados’ pelos autores sem a obrigatoriedade da cópia”, revelou CLAUDIO BOTELHO. “Tive total liberdade para a tradução dos textos e as versões das canções, e só me interessa trabalhar assim. Só não mexi nas partituras e nos arranjos, que considero perfeitos e que são, como sempre, a alma e o sentido principal de um musical”, complementou.
“Eu já era muito apaixonado pela peça, antes mesmo de virar um musical. Várias vezes, em adaptações para musicais, perde-se a força do texto, mas o caso da ‘O DESPERTAR DA PRIMAVERA’ é uma coisa raríssima, pois o musical consegue ser ainda mais contundente do que o original”, afirmou CHARLES.
A montagem de 2009 ganhou os seguintes prêmios: Qualidade Brasil: Melhor Musical e Melhor Direção; Melhor Espetáculo Teatral Musical; Melhor Direção Teatral Musical, para MÖELLER & BOTELHO. Ganhou, anda, três prêmios da APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro): Paulo César Medeiros, pela Iluminação; Rogério Falcão, pelo cenário (ao lado de Bia Junqueira, por “Na Solidão dos Campos de Algodão”) e Rodrigo Pandolfo, como Ator Coadjuvante.
“O DESPERTAR…” marcou a minha vida, como um verdadeiro “despertar” para uma nova visão de mundo. Identifiquei-me muito com os personagens masculinos jovens. Acho que, no fundo, de uma forma incrível, eu tinha um pouco de cada um. Sim,“É verdade esse bilete”. Senti, na pele, na minha juventude, muito do que vi em cena e apeça foi, para mim, uma catarse. Acho que o é, até hoje. Cada vez que ouço o CD ou assisto a uma nova sessão do musical, aquele “VAI SE FODER!” me torna mais leve e mais cônscio da minha missão neste mundo. “O DESPERTAR…” me remete a décadas atrás e mexe com a minha capacidade plena de exercitar a empatia.
“O DESPERTAR DA PRIMAVERA – VERSÃO 2019”
Hoje, já não faço mais, porém, por tantas vezes, me perguntei por que este musical, baseado numa história escrita há mais de um século (128 anos, exatamente, considerando-se 2019.) ainda faz tanto sucesso. E a resposta é muito simples: porque ele é atualíssimo, porque, a despeito de tantos progressos tecnológicos, surgidos a cada segundo, a cabeça do ser humano não evoluiu na mesma proporção e velocidade, na parte humanística. Evoluiu, sim, para criar tecnologia, que facilite a vida moderna, mas não evoluiu o suficiente para respeitar o outro ser humano, para se colocar no lugar dele, para aceitar as suas diferenças. O Homem, de forma geral, não está, ainda, preparado para enxergar o semelhante, como ele é, e aceita-lo, acolhê-lo, compreendê-lo; amá-lo, enfim. Parece-me – e podem me achar pessimista ou o que desejarem – que o ser humano não deu certo. E, em nome de uma falsa moral, de uma “verdade absoluta”, e por meio de uma hipocrisia desmedida, as pessoas maltratam, ofendem, humilham as outras, quando não as destroem, completamente, moral e, até mesmo, fisicamente.
A peça se dá em dois atos, sendo que o segundo nada mais apresenta do que as consequências do que ocorre no primeiro: a mentira, a falta de informação, a falta de empatia, a desonestidade, a falta de respeito ao semelhante, a hipocrisia, o falso moralismo… Em suma, não haveria a peça, se não houvesse o primeiro ato. Ele é o deflagrador de todos os males e desgraças que acontecem no segundo, de tantas vidas ceifadas, física e interiormente, de gente que foi destruída, em plena juventude, que só queria ser feliz e estava em busca de verdades. E tinham, como sempre tiveram, e continuam tendo, direito a isso. Eu nem diria que há um conflito de gerações, na peça. Há, sim, uma total opressão, um pleno desrespeito ao ser humano, por parte dos adultos, sobre os jovens. Não há como mensurar a hipocrisia dos pais e dos professores daquela época (Eu disse “daquela época”?). Infelizmente, de muitos, hoje, também, embora com a utilização de outros métodos, que podem parecer mais leves, mais suaves, mas são tão devastadores como os empregados na narrativa encenada, num universo luterano, de uma rigidez brutal, passado numa Alemanha na qual qualquer pessoa sadia, mentalmente, não desejava viver.
SINOPSE
A história se passa na Alemanha, no final do século XIX, e retrata uma sociedade, profunda e exageradamente, enraizada em conceitos e moralidades patriarcais e religiosos.
Uma sociedade doente, na verdade.
A narrativa se dá pela óptica dos jovens, que se rebelam (Até a página 5.), diante do desabrochar da sexualidade e do fim da inocência da infância.
O protagonista, tecnicamente falando, se bem que, para mim, todos o são, é MELCHIOR GABOR (RAFAEL TELLES), um jovem brilhante e rebelde, que ousa questionar os dogmas vigentes, o que o levará a pagar bem caro por sua “ousadia e coragem”, na busca de verdades e de uma maneira simples de ser feliz.
WENDLA BERGMAN (TABATHA ALMEIDA), a protagonista feminina, é uma adolescente, criada por uma mãe com rígidos e estapafúrdios princípios morais e religiosos, a qual trata a jovem como se fosse ainda criança, falando, inclusive, em “cegonha trazendo bebês”.
Quando o jovem casal se aproxima – nada mais natural -, surge um interesse mútuo e a explosão do desejo, da vontade de conhecer o sexo e o amor, na sua forma mais pura.
Paralelamente à história dos dois protagonistas, giram outras, de jovens, como o oprimido e trágico MORITZ STIEFEL (JOÃO FELIPE SALDANHA), o melhor amigo de MELCHIOR, a bela ILSE (MARIA BRASIL), uma jovem errante, que, após ter sido expulsa de casa, ousou aventurar-se pelo mundo e usufruir da liberdade, para fugir dos abusos físicos praticados pelo próprio pai, com a conivência da mãe, como também fazia com a outra filha, mais nova, MARTHA (BIA LOMELINO), além de aplicar-lhe muitas surras violentas.
Comum a todos os personagens jovens, o peso da repressão e do conservadorismo, a pressão moral e a hipocrisia, nos mais diversos estágios da sociedade, que têm de ser enfrentados diuturnamente.
O musical fala do universo de um grupo de adolescentes, os quais vivenciam situações de iniciação sexual, violência doméstica, abuso sexual, gravidez na adolescência, incesto, prostituição, aborto indesejado, homossexualidade eopressão, tudo mostrado em cenas fortes, de masturbação, homoafetividade,aborto e suicídio.
Mas, a despeito de tanta devastação, de tanto sofrimento, de tanta injustiça, de tanta violência, fica uma mensagem de que “um novo sol vermelho” virá, trazendo um “verão”, para aquecer tantos corações gelados.
Depois de assistir à peça, o espectador sai se perguntando em que a raça (dita) humana evoluiu, o que temos para comemorar, se, de formas diversificadas, é verdade, ainda vemos, todos os dias, nos noticiários, histórias que nos causam a mesma comiseração que sentimos por MELCHIOR, WENDLA, MORITZ, ILSE, MARTHA, ERNEST e outros.
Insisto em dizer que, embora me seja muito custoso, não intento fazer comparações entre as duas montagens do musical. Digo “musical”, porque outras já existiram, no Brasil, na forma de teatro convencional. Uma delas, inclusive, obteve muito sucesso, em 1979, com um grupo de TEATRO, formado por jovens, à época, “O Pessoal do Despertar”, do qual faziam parte, dentre outros, Miguel Falabella, Maria Padilha, Paulo Reis, Fábio Junqueira, Clarice Niskier, Daniel Dantas e Zezé Polessa. Foi o espetáculo de estreia do grupo e a primeira encenação do texto no Brasil.
Em 2019, exatamente uma década após a sua estreia, MÖELLER & BOTELHOnos oferecem um “revival” do musical, com um elenco formado, mais uma vez, por jovens e talentosos artistas, atores/cantores, revelados em difíceis disputadas, em audições. Do elenco, formado por 18 profissionais, apenas BEL KUTNER e AUGUSTO ZACCHI, que fazem todos os personagens adultos, foram especialmente convidados para os papéis. Três personagens jovens, coadjuvantes, foram suprimidos da trama.
Quando de sua estreia, na “Meca dos Musicais”, assim se manifestou o New York Times: “A Broadway nunca mais pôde ser a mesma, após ‘Spring Awakening’.”(Título original.). Um crítico do The New Yorker foi enfático, ao escrever que “Com uma poderosa e poética inteligência, o despertar, aqui, não é apenas o da sexualidade, mas o da narrativa musical”. Não resta a menor dúvida de que, na Broadway, como no Brasil, “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” representa um divisor de águas, com relação à estética dos musicais.
“A união do rock com um texto de 1891 foi um escândalo. É diferente de tudo o que vinha rolando nos Estados Unidos nos últimos anos, absolutamente vanguardista”, declarou o diretor CLAUDIO BOTELHO, já na montagem de 2009. Na mesma ocasião, CHARLES MÖELLER também se pronunciou: “A grande sacada é colocar a música de hoje relacionada aos jovens daquela época. Seus gritos e buscas permanecem os mesmos. O tempo passou, mas a essência do homem se mantém oprimida, muitas vezes, especialmente diante da família, da Igreja e do Estado.”.
Geralmente, em “revivals”, os encenadores não se prendem tanto aos originais e muita coisa muda, é sempre uma nova leitura, o que não é o caso, por completo, nesta nova montagem de “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”. Trata-se de uma releitura da obra, sim, sem a menor dúvida, porém, mudou muito pouco. O elenco, evidentemente, é a novidade maior. Não foi acrescida ou suprimida uma vírgula, com relação ao texto, medida acertadíssima, uma vez que ele parece estar mais atual que nunca. É forte, vibrante, agressivo e, ao mesmo tempo, suave e lírico, em determinadas cenas, retratando, com o máximo de fidedignidade, a alma humana, com seus anseios, seus desejos incontidos, suas idiossincrasias. Na boca de cada personagem, estão as palavras que nos permitem conhecê-los a fundo, assim como em cada gesto, pensamento e ação, para o que, em muito, devemos à primorosa versão brasileira, feita por CLAUDIO BOTELHO, um experto no assunto, tanto na parte declamada quanto nas letras das belíssimas canções, as quais, como deve ser, em musicais, ajudam a contar a história.
Na direção geral, CHARLES MÖELLER, também responsável pela ótima direção de movimento, preservou as marcações – creio que todas, ou quase – da sua montagem original, que já eram excelentes, tendo, apenas, que se adequar à nova concepção de cenário, o qual, embora assinado pelo mesmo cenógrafo da versão anterior, o grande artista ROGÉRIO FALCÃO, apresenta uma nova proposta cenográfica. Degraus, de cada lado do palco, ao fundo, que davam acesso a uma espécie de passarela, sob a qual ficava a banda, desapareceu, dando lugar a um palco nu, com três paredes lisas, nas quais há portas, que se abrem e fecham, em movimentos deslizantes, de acordo com as cenas. Encostados às paredes, bancos, que servem à construção de alguns espaços específicos, com uma tumba, por exemplo. Excelente resolução. Cadeiras e carteiras escolares, além de uma escrivaninha, também fazem parte do cenário, em algumas cenas, da forma como era antes.
Esse novo cenário exigiu que a iluminação, de PAULO CESAR MEDEIROS, que também executou a mesma tarefa na montagem de 2009, tivesse de sofrer mudanças radicais. Tão linda quanto a anterior, a atual apresenta, como grande diferencial, o fato de muito da luz vir de dentro para fora, ou seja, muitos elementos da iluminação estão por trás do cenário e aquele importante elemento, numa montagem teatral, com belíssimos matizes e variações, de acordo com a carga emocional das cenas, vaza, propositalmente, pelas já citadas portas, quando abertas. O efeito é muito bonito, acrescido ao que sai dos pontos de luz instalados no palco.
Completamente diferentes dos anteriores, os figurinos levam a assinatura de MARCELO MARQUES, que é um competente profissional e – tenho notado – vem passando por uma excelente fase em seu ofício, ultimamente. Para chegar aos trajes vistos em cena, MARCELO mergulhou, bem fundo, numa pesquisa de época, sobre os hábitos de se trajar dos conservadores luteranos alemães do final do século XIX, e o resultado é deslumbrante: roupas lindas e muito bem-acabadas, com seus respectivos complementos e adereços. Como o casal de “adultos” interpreta vários personagens, com muitas trocas de roupa, rápidas, o figurinista teve de encontrar uma técnica de confecção das vestimentas e soluções práticas, de modo a facilitar essas trocas, que implicam, obviamente a mudança de personagens. Assim, utiliza uma “base”, com pequenos detalhes, para caracterizar os pais de um ou de outro jovem, com o acréscimo de uma ou mais peças ou a supressão de outra(s), por exemplo, o que leva a plateia a identificá-los, a cada nova entrada em cena. Os figurinos dos jovens, apesar de “muito pano”, deixando pouco dos corpos à mostra, a não ser em raros momentos, dão-lhes um quê de sensualidade, que o texto exige.
Musical de qualidade não pode prescindir de uma boa coreografia. ALONSO BARROS, outra vez, é o responsável pelas “coreôs” da peça, mantendo quase tudo o que idealizou para a primeira montagem, que era ótimo, por sinal. Mudou um pouco, mas manteve a forma. Segundo o que me disse o consagrado e premiadíssimo coreógrafo, na primeira montagem, ele coreografou “em cima do elenco”, já que tiveram mais tempo pra a criação dos números e ele foi vendo a característica de cada pessoa. Chegaram a fazer uma semana de “workshop”, o que, agora só foi possível em dois dias, uma vez que o tempo era muito curto e ALONSO foi levado a ir adaptando o que já havia feito antes, fazendo questão de destacar a qualidade do elenco, o qual “entrou de cabeça”, o que, para ele, foi uma grata surpresa . Segue o coreógrafo: “Então, eu usei o mesmo raciocínio coreográfico, mas achei outros caminhos, outras personalidades, principalmente no número ‘Touch Me’, no qual, individualmente, achamos a estória de cada um. Foi bem gratificante. Tudo isso foi muito bom, pois saímos do ‘vamos fazer igual como antes’ e descobrimos novos caminhos e resultados.”. Todos os números de dança, apesar de eu não ser especialista no assunto, são, para mim, muito bem pensados e realizados, inseridos no contexto das cenas em que se fazem presentes.
O desenho de som é de responsabilidade de ANDRÉ BRETAS e FELIPE MALTA, contando com o “design” de som associado, de GABRIEL D’ANGELO eERICK FIRMAMENTO. Até agora, já assisti ao espetáculo duas vezes: no dia da estreia para o público (1º) e três dias depois (4 de novembro/2019), na sessão que chamam de “VIP”, mas que eu prefiro denominar “para convidados”, porque não me considero “VIP”. Ou somos todos (Ou quase todos.). No primeiro dia, fato até compreensível, mas que não deveria ter ocorrido, notei algumas pequenas falhas na equalização, o que já se tornou menos perceptível, quando da segunda vez em que fui ao NET Rio. A não ser que já tenham aparado todas as pequenas arestas relativas ao som, este carece de alguns superficiais reparos. Vou conferir isso daqui a uma semana. Nada, porém, que comprometa a qualidade do espetáculo.
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A música, creio que 50% do sucesso do espetáculo, tem a supervisão musical de CLAUDIO BOTELHO e a direção musical de MARCELO CASTRO, que, praticamente, manteve todos os arranjos da versão anterior, belíssimos, tendo feito algumas mínimas mudanças, na formação da banda (Eram dois teclados e uma guitarra; agora, é o inverso.) e alguns ajustes de tons, o que é totalmente compreensível, já que tinha à mão um novo elenco, novas vozes, novos registros vocais. E o resultado é excelente, tanto nos solos, como nas canções executadas em duetos ou por grupos de atores. E já que o assunto é música, acho pertinente relacionar as canções que fazem parte da belíssima e inspirada trilha sonora, executada e cantada, ao vivo, com o acompanhamento de uma banda, que fica nas laterais superiores do balcão, deixando o palco livre para as ações, formada por 8 exímios músicos, os quais, de forma impressionante, produzem o som de uma orquestra: MARCELO CASTRO (regente e teclado), MÁRCIO ROMANO (bateria e percussão), ANDRÉ BARROS / THIAGO TRAJANO (guitarra 01 e violão), ANDRÉ DANTAS (guitarra 02 e violão), KELLY DAVIS (violino), STOYAN GOMIDE (viola), SAULO VIGNOLI (violoncelo) e OMAR CAVALHEIRO (baixo acústico e elétrico).
E passemos a comentar a atuação do elenco. Bom elenco! Muito bom o elenco! Já há algum tempo, tornou-se muito difícil e uma grande responsabilidade selecionar e escalar um elenco para musicais, em função do grande número de pessoas talentosas que se apresentam para as audições. Não foi diferente desta vez. O número de interessados em participar desta montagem superou o da anterior. A equipe de criação assistiu a centenas de vídeos, de candidatos de todas as partes do Brasil, antes da convocação dos que passariam por peneiras de furos, cada vez mais, estreitos. Filtros pós filtros, num trabalho hercúleo, para examinadores e examinados. Afinal de contas, quem não gostaria de fazer parte do elenco de “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”? Que jovem ator, em início de carreira, não sonha em pisar um palco sob o comando dos chamados “Reis dos Musicais”, com todo merecimento?
Apesar de ser considerado um casal de protagonistas, penso que estes são um trio: MELCHIOR, WENDLA e MORITZ. Talvez seja um ato falho meu considerar este também como um protagonista, dada a minha paixão pelo personagem. Talvez, até, pudéssemos dizer que só há um protagonista na trama: o ser jovem. O jovem oprimido, humilhado, cerceado em sua liberdade de livre pensar, perseguido e aterrorizado por dogmas, falso moralismo e muita hipocrisia.
Mas fiquemos apenas no casal MELCHIOR (RAFAEL TELLES) e WENDLA (TABATHA ALMEIDA). Ambos, como todos os demais do elenco jovem, apresentam, como não poderia ser de outra forma, traços de quem ainda precisa de um amadurecimento no palco, o que é perfeitamente compreensível, uma vez que, para a quase total maioria deles, é a primeira vez que atuam profissionalmente, e já começam com a responsabilidade, o grande peso de subir ao palco pelas mãos de MÖELLER & BOTELHO, e, mais ainda, dez anos após uma montagem que se tornou emblemática, na história do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO.
De uma forma geral, não conseguem manter o mesmo nível de atuação, durante todo o espetáculo, alternando momentos irretocáveis com outros em que precisam de um pouquinho mais de lapidação. Numa visão e análise geral, todos dão conta do recado, executam, com muita dedicação e seriedade suas funções, com um destaque, que, se eu não fizesse, não ficaria em paz com a minha consciência. Falo de JOÃO FELIPE SALDANHA, que interpreta o desnorteado, desorientado, atormentado MORITZ STIEFEL. Disse, no início destes escritos, que não estabeleceria comparações com a primeira versão da peça, mas, como tenho um carinho especial pelo personagem, tão irretocavelmente interpretado, na versão de 2009, por Rodrigo Pandolfo, que, inclusive, foi premiado por seu trabalho, não imaginei que alguém, um dia, pudesse interpretar o personagem à altura, como ele ficou marcado na minha memória afetiva, E eis que surge JOÃO FELIPE, compondo um MORITZ tão digno e perfeito quanto o do meu querido amigo “Panda”. É muito fácil ir às lágrimas, neste espetáculo, mas é MORITZ o responsável por provocá-las, na maioria das pessoas.
Não quero que esta análise chegue ao elenco como uma crítica negativa. Pelo contrário!!! Tenho certeza de que todos atuam, cantam e dançam muito bem, e que estão apenas se iniciando numa bela carreira de atores de musicais. Estou certo de que cada um, humilde e profissionalmente, tem consciência de que, com o decorrer da temporada, o espetáculo vai “azeitando” e cada um superará seus pequenos tropeços. Aliás – é minha obrigação dizer –, não acho justo, correto nem honesto criticar um espetáculo, tendo como base o dia da estreia. Ainda mais com tantos estreantes, neófitos. E ressalto que já notei avanços, no trabalho do elenco, na segunda vez em que assisti à peça, apenas três dias depois da primeira, após só duas sessões, entre uma e outra, apesar de que tinham tudo para estar mais nervosos ainda, expondo-se para pessoas do universo teatral, grandes intérpretes de musicais, e mais críticos, jurados de prêmios e a imprensa. Sugiro que todos deveriam rever o espetáculo. Só gostaria de escrever sobre“O DESPERTAR…” após a terceira vez em que assistirei a ele, de hoje a uma semana, mas confesso que não aguentava mais de vontade de dividir, com quem me lê, a enorme alegria de poder voltar dez anos no tempo.
Daqui a uma década, quando for montada uma nova versão de “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” (Quem sabe? Queiram os DEUSES DO TEATRO!!!)), aqueles“meninos” e “meninas” já terão alcançado (Torcerei muito para isso.) o patamar de uma Malu Rodrigues, de um Pierre Baitelli, de um Rodrigo Pandolfo, de uma Letícia Collin, de um Felipe de Carolis, de um André Loddi, de um Thiago Marinho e tantos outros, que começaram, também, a grande maioria, em seu primeiro trabalho profissional e com a mesma responsabilidade diante da qual o atual elenco se encontra agora. Ninguém nasce sabendo e o importante é aproveitar as oportunidades com que a vida nos presenteia.
Parabéns, meninos!!! Sigam em frente, que o futuro é de vocês!!! Este é só o primeiro de muitos outros desafios e sucessos que lhes hão de vir!!!
BEL KUTNER e AUGUSTO ZACCHI, já com grande experiência nos palcos e carreiras consolidadas, vitoriosas, se saem muito bem, em todos os personagens adultos que representam.
Por oportuno, aqui escrevo algumas poucas palavras sobre as características dos personagens:
MELCHIOR GABOR = RAFAEL TELLES: Determinado, bonito e carismático. Sabe muito mais que os outros, devido ao seu hábito de ler livros, o que é um “perigo” e o torna um “subversivo”, um corruptor, aos olhos dos adultos opressores.
WENDLA BERGMAN = TABATHA ALMEIDA: Uma amiga de infância dos garotos e que se apaixona por MELCHIOR. É colocada dentro de uma redoma de vidro, pela mãe, que não lhe ensina “as coisas da vida”, nem como uma criança é gerada, apesar de já estar se tornando uma “mocinha”, com seios em formação.
MORITZ STIEFEL = JOÃO FELIPE SALDANHA: Inseguro, melhor amigo de MELCHIOR, obcecado por sexo. Vive tendo sonhos com mulheres, que lhe tiram seu sono, e não consegue se concentrar nas aulas. Sua fragilidade emocional é comovente e o leva a um destino trágico, sob o peso de uma brutal opressão.
ILSE = MARIA BRASIL: Outra amiga de infância do grupo, a qual foge de um lar de abuso sexual, por parte do próprio pai, para se tornar uma boêmia; uma prostituta, aos olhos de algumas pessoas, mas não para os amigos.
HANSCHEN = THIAGO FRANZÉ: Um colega de sala dos garotos. É bem-humorado, porém bastante arrogante, cínico, tirando partido de seus dotes físicos. Um perfeccionista ímpar, que, facilmente, seduz ERNST.
ERNST = DIEGO MARTINS: Um colega de sala dos garotos. Extremamente ingênuo e romântico, apaixona-se por HANSCHEN, por quem é desdenhado e iludido.
GEORG = LEONARDO ROCHA: Outro colega de sala, que vive fantasiando situações eróticas com sua professora de piano, “peituda”.
MARTHA = BIA LOMELINO: Uma das amigas de WENDLA. Irmã de ILSE, ela também é abusada, sexualmente, e violenta e constantemente espancada, pelo pai, com a conivência da mãe, mas não consegue encontrar coragem para fugir daquele inferno.
OTTO = GABRIEL LARA: Outro colega de sala, que sonha (e deseja), incestuosamente, com sua mãe.
THEA = GIOVANNA RANGEL: Melhor amiga de WENDLA, é uma garota que tenta esconder seus sentimentos sexuais debaixo do tapete, para satisfazer os adultos.
ANNA = CAROL PITA: Melhor amiga de MARTHA, que não consegue se conformar com a situação da moça e acha que o pai da pobre jovem deveria ser denunciado, que alguma coisa deveria ser feita para livrá-la daqueles maus tratos.
RUPPERT = DAVI PITHON: Colega de turma dos rapazes.
DIETER = VICTOR LEAL: Idem.
EMMA = DANIELE THOMASELLI: Amiga das moças.
MANU = GABI CAMISOTTI: Idem.
INGA = SARA CHAVES: Ibidem.
Os adultos são representados por BEL KUTNER (mãe de WENDLA – um exemplo de intolerância, falso moralismo e hipocrisia; FANNY GABOR, mãe deMELCHIOR – bastante compreensiva com o filho; mãe de ILSE e MARTHA – uma desequilibrada emocional ou uma sádica, depravada e amoral, totalmente submissão ao sadismo do marido; FRAULEIN GROSSENBUSTENHALTER – professora de piano de GEORG; e Professora – uma espécie de assistente do diretor, no colégio em que os rapazes estudam; uma total subserviente) e AUGUSTO ZACCHI (HERR GABOR, pai de MELCHIOR – dá liberdade, à sua mulher, para deixar o filho viver a vida como bem entender, mas é quem o manda para o reformatório, no final; HERR STIEFEL, pai de MORITZ – tem altas expectativas em relação ao seu filho, mas não lhe dá a devida atenção e é extremamente rigoroso na sua educação; O médico (ir)responsável pelo aborto em WENDLA, levada ao “carniceiro” pela própria mãe: Diretor, no colégio em que os rapazes estudam – extremamente rigoroso, desonesto, corrupto e ardiloso, procurando um meio de reprovar MORITZ e fazê-lo abandonar o colégio, “para não corromper os colegas”. O Diretor e a Professora odiavam MORITZ e endeusavam MELCHIOR, no início, porém, depois da desgraça acontecida com aquele, ambos passam a enxergar este como uma espécie de “demônio” e também querem vê-lo expulso do colégio.).
Para que um espetáculo como este possa acontecer, dezenas de pessoas dão o seu suor, nos bastidores, técnicos e gente como BEATRIZ BRAGA, na direção de produção; LUCIANA CONDE, na produção executiva; TINA SALLES, na coordenação artística; e CARLA REIS, na coordenação de produção, por exemplo.
“A peça discorre sobre vários temas, mas é, fundamentalmente, sobre o sexo. O adolescente é um mundo secreto e este espetáculo oferece uma possibilidade de espiarmos esse mundo pelo buraco da fechadura.”. São palavras do diretor,CHARLES MÖELLER, com as quais concordo plenamente. Os espectadores somos uma espécie de “voyeurs” privilegiados.
Com este espetáculo, indiscutivelmente imperdível, que eu não me canso de recomendar e que existe para ser visto mais de uma vez, a dupla CHARLES MÖELLER & CLAUDIO BOTELHO, a mais importante referência do TEATRO MUSICAL no Brasil, aclamada pela crítica e reconhecida pelo grande público, parceria, iniciada em 1997, responsável por mais de 40 espetáculos, apresentados nas principais capitais brasileiras e também no exterior, colecionadores de indicações e prêmios, só faz engrossar e enriquecer o seu vasto currículo de sucessos, dentre os quais podem ser citados “A Noviça Rebelde”, “Pippin”, “Cole Porter – Ele Nunca Disse Que Me Amava”, “Se Meu Apartamento Falasse”, “Rocky Horror Show”, “O que Terá Acontecido A Baby Jane?”, “Kiss Me Kate – O Beijo Da Megera”, “Nine – Um Musical Felliniano”, “Os Saltimbancos Trapalhões”. “Todos Os Musicais De Chico Buarque Em 90 minutos”, “Como Vencer Na Vida Sem Fazer Força”, “O Mágico De Oz”, “Milton Nascimento, Nada Será Como Antes”, “Um Violinista No Telhado”, “Hair”, “Beatles Num Céu De Diamantes”, “As Bruxas De Eastwick”, “Gypsy – O Musical”, “Avenida Q”, “7 – O Musical”, “Ópera Do Malandro” e muitos outros espetáculos.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
CENSURA NUNCA MAIS!!!
Dúvidas, críticas ou sugestões, envie para gilberto.bartholo@rioencena.com.