Quando o teatro fala sobre o cinema. Estreia nesse sábado (06/08), às 16h, no Oi Futuro Ipanema, o infanto-juvenil “Um Sonho Para Méliès”, que mistura ficção e fatos reais da trajetória de Georges Méliès (1861-1938), ilusionista francês considerado o inventor do cinema, como ele é feito até os dias de hoje. Através dos fantasiosos filmes do protagonista – interpretado por Márcio Nascimento – o espetáculo leva uma mensagem ao público mirim sobre realização de sonhos, amizade e amor à arte.
Como não poderia deixar de ser, o texto de Aline Macedo – em processo colaborativo com estímulos da diretora Flávia Lopes – é recheado de referências cinematográficas que são ilustradas no palco com máscaras cênicas, projeções, palhaçaria e um boneco, representando Méliès ainda menino. Com um jogo de cena, a dramaturgia ainda faz do público um coautor da apresentação.
– Georges Méliès é reconhecidamente o pai do cinema e dos efeitos especiais. Mas, mais do que isso, o que me motivou a falar dele foi por acreditar que ele foi um homem sonhador, um visionário. Um dia teve um sonho e não desistiu dele. As grandes descobertas só são possíveis através dos sonhos e da credulidade que perdemos quando não guardamos a infância dentro de nós – destaca Flávia Lopes.
Na trama, que se passa numa Paris imaginária do fim do século XIX, o menino Méliès, de dentro da sapataria de seu pai, sonha em viajar à lua. Enquanto pensa nessa viagem, ele ouve de Stela, a estrela de seus sonhos e musa inspiradora, que “um filme é sonhar de olhos abertos”. A partir dessa mensagem, e mesmo sem o apoio do pai, o protagonista começa sua trajetória como mágico ilusionista, o que, posteriormente, o leva a pensar em filmar “A Viagem à lua”, um de seus mais famosos filmes, lançado em 1902.
Ao longo do processo de produção e filmagem, Méliès ganha a companhia de Toto, um garoto que faz alusão a “O Garoto” de Charlie Chaplin (1889-1977), e a inimizade de Max Vigarista, seu arqui-inimigo. Em meio a prós e contras, ele convence os atores da Trupe Sanzussô a abraçarem o projeto que já prometia algo diferente do que já havia sido visto. Ao contrário de outras produções da época, que nada mais eram do que meras gravações de situações corriqueiras – como o famoso vídeo de um trem chegando a uma estação – “A Viagem à lua” continha uma história, com direito a fadas e fantasia, o que acabou, de fato, marcando o início de uma história cinematográfica.