Semana passada, assisti a “Paulo Freire: o Andarilho da Utopia”, protagonizado por Richard Riguetti. Em um momento de abismo socioeducaional e pandemia, achei interessante revisitar as reflexões do educador. Paulo Freire, que faria 99 anos em 2020, me foi apresentado na graduação em Letras na UFRJ, e as obras “Pedagogia do oprimido” e “Pedagogia da autonomia”, desde então, exercem grande influência na maneira como eu penso e escrevo sobre Educação Pluriversal, principalmente após a intelectual afro-americana Bell Hooks trabalhá-los em “Ensinando a transgredir”.
O espetáculo – cuja encenação é assinada por Luiz Antônio Rocha e dramaturgia, por Junio Santos – é pedagógico, o que soa até como metalinguagem! O lirismo também habita a construção performática, como no diálogo com a clássica cena “O dono do mundo”, de Charles Chaplin, no filme “O grande ditador” (1940).
A experiência circense de Riguetti eleva ainda mais a qualidade, trazendo uma leveza. Não à toa, a montagem foi vista por mais de 50 mil pessoas no país e exterior e possui uma indicação ao Prêmio Shell (2019).
Neste novo formato, a linguagem audiovisual incorporada ao on-line é interessante, principalmente, o jogo de câmeras e a interação com a plateia, que ajudaram a dar agilidade e espantar a monotonia que poderia vir de um monólogo.
“Paulo Freire: o Andarilho da Utopia” está em cartaz até dia 29 de novembro pela plataforma Sympla. E é um espetáculo para aqueles que buscam um fôlego político-poético para encarar os nossos tempos. Paulo Freire é um educador atemporal e visitá-lo traz alguma esperança.
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