Já quase virou um mantra: eu não faço parte dos fanáticos por NELSON RODRIGUES; nem de seus simples admiradores. Sustento a minha opinião sobre sua obra dramática (não a de cronista, que adoro), sem medo de apedrejamentos, porque não tenho compromisso com ninguém, a não ser comigo mesmo, com o meu pensamento, com o meu gosto e a minha verdade, embora respeite a opinião alheia e saiba que sou minoria. Só tenho dúvidas quanto a um fato: será que a legião de “rodrigomaníacos” é sincera ou não exprime suas verdadeiras convicções, para não ficar “desenturmada”? Acredito que muita gente o incensa, para não se sentir “out” ou sofrer críticas negativas, o que não é problema para mim.
Repito o que já disse, em outras críticas, sobre textos do “Anjo Pornográfico”: de suas 17 peças, agrada-me meia dúzia e, certamente, “SENHORA DOS AFOGADOS” não é uma delas, nem mesmo depois de ter assistido à brilhante montagem de JORGE FARJALLA, em quem reconheço um enorme talento, já tantas vezes demonstrado, inclusive em outras produções com textos de NELSON. Aplaudo, e muito, a encenação, incluindo direção, elenco e profissionais técnicos envolvidos no projeto; não o texto. Não gosto dele e considero-o, inclusive, um pouco hermético, de difícil compreensão para o grande público.
FARJALLA é tão criativo, inventivo, inteligente e genial, que consegue me fazer gostar de um espetáculo teatral, montado sobre um texto pelo qual não tenho a menor simpatia. Isso porque ele, um rodriguiano convicto, profundo pesquisador da vida e da obra de NELSON, sabe enxergar, nas profundezas da obra do autor, aquilo que, talvez, eu não consiga ver nem na superfície; ou melhor, até enxergo, mas não gosto do que vejo. Não vou perder a oportunidade de me utilizar de uma frase nada original, porém verdadeira: “GOSTO NÃO SE DISCUTE”. E, por conta disso, FARJALLA parte para direções incríveis, da obra do autor em tela, utilizando uma estética singular, com destaque para a recente “Dorotéia”. Não foi diferente com o espetáculo aqui analisado.
SINOPSE
Ligações incestuosas, obsessões, pulsões arcaicas, conflitos entre o lógico e o irracional, todas as amarras são rompidas, os personagens se movem num tempo verdadeiramente mítico, do inconsciente. “SENHORA DOS AFOGADOS” é uma peça que se aproxima das tragédias gregas, em que os clãs familiares se devoram, reciprocamente, num inferno de culpas desmedidas.
DONA EDUARDA (ALEXIA DECHAMPS), esposa de MISAEL (JOÃO VITTI), e MOEMA (KAREN JUNQUEIRA), única filha mulher que restara, além do irmão, PAULO (LETÍCIA BIRKHEUER), se digladiam, em torno da questão do pudor e da honra da mulher, hostilizando-se, mutuamente, devido a um ódio primordial.
Na trama, ainda há espaço para NADIA BAMBIRRA (DONA MARIANINHA), DU MACHADO (VENDEDOR DE PENTES e VIZINHO) e JAQUELINE FARIAS (PROSTITUTA MORTA, OUTRA PROSTITUTA e VIZINHA).
MOEMA, a filha mais velha, de três irmãs, nutria um amor incestuoso pelo pai, a ponto de afogar suas duas “rivais”, CLARINHA e DORA, que não aparecem na trama, para poder ser a única a merecer a atenção de MISAEL. Por desejar, compulsivamente, o pai, como homem, ela intenta ser a única a dividir a cama com ele, porém, sua vontade jamais será consumada, já que, assim como nas tragédias, “o desejo anda sempre ao lado da morte” (JORGE FARJALLA).
Ela, que gostaria de viver sozinha com o pai, arquiteta um plano, numa trama quase macabra, cheia de mistérios, para que a mãe traia o marido com o próprio NOIVO – este não é chamado pelo nome próprio – (RAFAEL VITTI / FRANCISCO VITTI), um ex-oficial da marinha.
Ocorre que o NOIVO se apoia naquela ignomínia, para desvendar a morte de sua mãe, uma prostituta, assassinada, por MISAEL, há 19 anos.
A peça foi escrita em 1947, baseada em “Electra Enlutada”, do dramaturgo americano Eugene Oneill, já tendo este feito uma adaptação de “Orestíada”, de Ésquilo, um trágico grego antigo. Esteve sob censura, de 1948 a 1954, nos governos de Dutra e Vargas. Apesar de o texto de “SENHORA DOS AFOGADOS” ser classificado, oficialmente, como um drama, nota-se, claramente, que ele se aproxima mais de uma tragédia.
Sua estreia ocorreu em 1954, com um grande elenco, capitaneado por Nathalia Timberg, sob a direção de Bibi Ferreira. Como também aconteceu em outras peças de NELSON, houve uma cisão na plateia. Parte aplaudia. Uns, naturalmente; poucos, com bastante entusiasmo, chegando ao extremo elogio de considerá-lo “gênio”. Outra parte do público apupava o autor, com assovios, vaias e xingamentos, como o de “tarado”, como atesta o noticiário da época.
Os elementos presentes nesta ficção são facilmente encontrados em quase todas as obras dramáticas de NELSON: traição, incestos, destruição da instituição família, fratricídios, falta de pudor, desvalorização da honra, infidelidade, repressão sexual, vingança e morte; os principais. Com eles, o dramaturgo construiu seu universo criador e FARJALLA apropria-se dele, para, sem fugir ao cerne dos textos, dar o seu toque pessoal, fazendo a sua adaptação, uma leitura “sui generis”, de grande admirador e conhecedor da obra de NELSON.
No original, a ação se passa no Rio de Janeiro, porém o encenador houve por bem – e o fez de forma magnífica – transferir o espaço para um mangue pernambucano, creio que para homenagear o autor do texto, nascido em Recife, onde viveu até o início de sua juventude, quando se transferiu para o Rio de Janeiro, cidade em que viveu o resto de sua vida.
O grande diferencial, nesta montagem, é a opção, de FARJALLA, de unir o divino e o profano, puxando para o misticismo e o sincretismo religioso. É extremamente interessante a associação que o diretor faz entre os personagens e alguns orixás e elementos das matrizes religiosas africanas, como pode ser comprovado no interessante e bem detalhado e ilustrativo programa do espetáculo, pelos textos e as informações que contém: MISAEL = Xangô, deus da justiça; MOEMA = Iemanjá, rainha das águas; DONA EDUARDA = Oxum, deusa da beleza; PAULO = Oxumaré, meio homem, meio mulher; DONA MARIANINHA, a avó de MOEMA = Obá, ranzinza; NOIVO = Oxaguiam, o justiceiro; PROSTITUTA = Maria Padilha, pomba-gira; VENDEDOR DE PENTES = Zé Pelintra, exu; VIZINHOS = Odus (inteligências que participaram da criação do universo; cada pessoa traz um odu de origem, que a influencia e cada orixá é governado por um ou mais odus).
Ao contrário de muitos diretores, FARJALLA entende, como eu, que o trabalho de mesa, de descobrir e discutir a essência e a estrutura dos personagens, é da maior importância e facilita o trabalho de todos, quando se parte para os ensaios no palco. Assim age em todas as suas montagens. Nesta, foram quarenta dias de intenso trabalho de leitura e ricas descobertas.
Trecho extraído do “release” que me foi enviado por MARY DEBS (DEBS COMUNICAÇÃO): “Os DRUMMOND, uma família de três séculos, com mulheres que se gabam da fidelidade conjugal, choram a morte, por afogamento, de CLARINHA, uma das filhas de DONA EDUARDA e MISAEL. Ao mesmo tempo, prostitutas do cais do porto interrompem suas atividades, para lamentar a impunidade do assassinato de uma das suas, que morrera dezenove anos atrás. O assassino é MISAEL DRUMMOND, pai de DORA, CLARINHA e MOEMA. Ele matara a ‘mulher da vida’ (a impura – grifo meu), com quem tivera um caso, pois ela insistia em experimentar o leito conjugal antes da esposa, no dia do seu casamento”. Perdão, se considerarem esta última parte um “spoiler”, mas não resisti a escrevê-la.
O projeto desta montagem nasceu de um desejo de LETÍCIA BIRKHEUER de que FARJALLA a desconstruísse num papel de TEATRO, ou seja, desse a ela a oportunidade de interpretar um bom personagem, que fizesse o público deixar de vê-la, apenas, com uma das modelos mais bonitas deste país. FARJALLA topou o desafio e lhe deu um papel masculino, PAULO, transformando-a numa espécie de “Diadorim do mangue”. Para que não paire nenhuma dúvida com relação à metáfora anterior, atenção para este detalhe: não se trata de uma mulher, disfarçada de homem; é um personagem masculino, interpretado por uma mulher, deixando, no ar, uma certa dualidade, até porque a atriz utiliza seus próprios cabelos compridos, naturalmente, mas assume uma postura masculina, até onde consegue, no corpo e na voz. Apresenta-se, como os demais personagens, sob uma figura suja e desleixada, graças ao ótimo visagismo, de VAVÁ TORRES, como um ser meio carcomido, pele seca, gasta e curtida, pelo tempo e pelo sol. São muito boas as caracterizações físicas, em função de uma perfeita combinação: maquiagem (VAVÁ TORRES) e figurinos (JORGE FARJALLA e ANA CASTILHO), ambos responsáveis, também, pelos adereços. Os figurinos são confeccionados com a predominância de tecidos de textura grosseira, em tons escuros, muito parecidos com trapos, andrajos, a maioria.
Já que mencionei LETÍCIA BIRKHEULER, cujo trabalho me agradou, complemento o comentário sobre sua atuação, dizendo que superou as minhas expectativas, o que deve ocorrer com a maioria dos espectadores, embora já diga, logo, que eu havia deixado todo e qualquer vestígio de preconceito do lado de fora da entrada do lindo Teatro XP Investimentos, antigo Teatro do Jockey, onde o espetáculo faz sua temporada carioca, depois de ter obtido imenso sucesso, de público e de crítica, no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, onde tive a oportunidade de assistir à peça pela primeira vez. Já a vira em trabalhos anteriores, porém em papéis de menor importância e nos quais não se dera a desejada “desconstrução”. É muito prazeroso vê-la em cena, assim como todos os demais do elenco.
ALEXIA DECHAMPS, uma das protagonistas, que já me encantara como a viúva Dona Maura, em “Dorotéia”, ratifica seu talento de atriz, num papel denso, em que a personagem ora se aproxima de uma madona, ora flerta com uma “operária de um prostíbulo”. O desejo pelo sexo é forte, mas autorreprimido. A personagem é plena de uma sensualidade e um erotismo, que procura conter, em família, mas acaba cedendo aos prazeres da carne, quando se entrega ao NOIVO. ALEXIA, também uma mulher de rara beleza e porte físico invejável, se permite viver uma personagem que a deixa quase irreconhecível, numa entrega total à DONA EDUARDA, “uma mulher forte, resignada, triste, doce, assustada e com vontade imensa de amar e ser amada. Complexa, silenciosa e de família perturbadora” (ALEXIA DECHAMPS). E eu acrescento: opaca, descolorida. Felicito-a pelo trabalho.
MOEMA (KAREN JUNQUEIRA) é a outra protagonista deste enredo. “MOEMA é densa, tem uma suavidade e quase uma inocência, no início; essa é sua máscara social” (KAREN JUNQUEIRA). Creio que seja a personagem que NELSON mais utiliza, na trama, para provocar, no público, uma reflexão acerca da verdade que há em cada ser humano: uma parte boa, revelada, representada ou fingida, que seja, e outra, ruim, perversa, escondida nas nossas entranhas, pronta a entrar em ação, quando um desejo maior nos acomete. É quando atropelamos tudo, passamos, como um trator, por cima de todos, até cometendo as maiores atrocidades, para atingir nossos objetivos, sejam eles justos ou não, corretos ou tortos, como o seu desejo incestuoso pelo próprio pai. KAREN é uma atriz de grandes possibilidades, que agasalhou o grande desafio de enfrentar uma personagem muito forte, que vai desencadear uma sucessão de desgraças, dentro e fora da família. Ótimo é o trabalho da jovem atriz.
Passo a falar de dois importantes personagens na trama, pai e filho bastardo, interpretados, aqui, por pai e filho, na vida real, trabalhando juntos pela primeira vez. O pai, MISAEL, é JOÃO VITTI; o filho, na verdade, o NOIVO, é RAFAEL VITTI, alternando com o irmão, na vida real, FRANCISCO VITTI, em corretíssimas atuações. JOÃO, para mim, não seria uma novidade, pois acompanho seu trabalho, no TEATRO, de longa data. RAFAEL, porém, me surpreendeu e, com toda sinceridade, visto que não sou de meias verdades nem de eufemismos, tinha, até então, minhas dúvidas sobre seu potencial de ator, já que nunca o vira pisando num palco e, principalmente, defendendo um personagem tão forte, como o NOIVO. Não era preconceito; era ceticismo. Meu lado São Tomé falava mais alto. Mas aí, para que possamos conhecer quem nasceu para a arte de representar ou não, existe o TEATRO, veículo em que ninguém consegue enganar e nem pode contar com recursos tecnológicos ou com a possibilidade de refazer a cena, como no cinema e na TV. No palco, a pessoa mostra que é ou não do ramo. JOÃO já o é, há muito tempo; RAFAEL, para mim, acaba de ser incorporado ao clã. Infelizmente, não tive a oportunidade de conferir o trabalho de FRANCISCO VITTI, mas, em breve, tenho certeza de que o farei, assistindo à peça pela terceira vez.
MISAEL é um “cristão-burguês, um homem sem fé e prisioneiro da sua irracionalidade, (in)fidelidade conjugal; incesto e assassinato são alguns dos venenos que nutrem sua obsessão pela luz e sombra, simbolizadas do Farol, cravado no meio das águas de um mar que não devolve o cadáver de seus afogados” (JOÃO VITTI). O sangue mancha-lhe as mãos e parece sair por seus poros. O ator vê, no personagem (está no programa da peça) a possibilidade de o autor desejar que cada espectador se veja refletido nele (personagem), obrigando-nos a enxergar a própria violência, a nossa natural maldade. Eu me permito não considerar tanto essa possibilidade, muito mais presente em MOEMA. É muito boa a atuação de JOÃO VITTI.
RAFAEL, um ator muito jovem, é digno de total respeito, não só pelo fato de topar um grande desafio, mas também, ou principalmente, por ter mergulhado fundo em livros e pesquisas, até chegar aos contornos do NOIVO. O resultado é bem satisfatório, para um incipiente (com “c”; não com “s”). O fato de o nome do personagem não ser revelado pode estar ligado a uma representação simbólica daquilo ou de quem surge no nosso caminho, sem que tivéssemos programado, para gerar o caos e nos desafiar, para que continuemos a viver; também para fazer justiça.
NADIA BAMBIRRA, segundo a própria, “estava trancada no cofre”, como um tesouro, algo muito valioso, acrescento eu, concordando com ela, pois tem dedicado seu tempo mais às atividades de diretora, preparadora de elenco e professora de interpretação teatral. NADIA, excelente atriz, incorpora uma DONA MARIANINHA, com toda a sua força de mulher sisuda, misteriosa e louca. Durante toda a peça, a personagem, enlouquecida, guarda um segredo, que a sufoca, que seria conhecer o autor do assassinato da prostituta.
Desde sua primeira aparição na peça, DU MACHADO (VENDEDOR DE PENTES e VIZINHO), segundo o qual o personagem é “místico, profético; às vezes, engraçado e lúcido, que está em todos os lugares ao mesmo tempo”, chama a atenção do espectador para a sua presença em cena. Mesmo quando fora, diretamente, da ação, visto que os atores nunca saem do palco, algumas vezes, me dei conta de que estava desviando o meu foco da cena e transferindo-o para ele, tão marcante que é a sua presença cênica. Salvo engano, só conhecia um único trabalho do ator, que também é músico, como um dos “homens-jarro”, de “Dorotéia”, em que, além de ser um personagem bem coadjuvante, aparecia com o corpo todo coberto, incluindo o rosto. Aqui, ele se despe, no sentido de se mostrar inteiro, como um bom ator, trabalhando, com maestria, voz e, principalmente corpo, apoiado a um cajado, pelo fato de seu personagem ser aleijado, o que lhe exige um trabalho corporal que muito aplaudo.
JAQUELINE FARIAS, que, em “Dorotéia”, vivia a viúva Carmelita, personagem de maior destaque, com relação às que representa em “SENHORA DOS AFOGADOS”, consegue, com personalidade, por meio de personagens bem coadjuvantes, deixar sua marca em cena: PROSTITUTA MORTA, VIZINHA e OUTRA PROSTITUTA.
Um dado interessante, julgo eu, é que cinco, dos oito atores do elenco (JOÃO, RAFAEL, KAREN, NADIA e LETÍCIA), mais da metade, portanto, está, pela primeira vez, experimentando um texto de NELSON.
“JORGE FARJALLA é mestre em levar NELSON RODRIGUES ao extremo contemporâneo e destacar a singularidade da religião em suas obras, em que o sagrado se alimenta do profano, teatralizando, ainda mais, através dos signos e símbolos, revisitando a obra numa estética que comunga cenário, figurino, desenho de luz, som e música original, em um contexto singular aos olhos do TEATRO pós-moderno, riscando, nesta montagem, mais uma vez, sua visão própria e original do texto, com a marca arrojada e diferente, que imprime nas encenações que dirige”. (texto extraído do “release”, com mínimas intervenções minhas).
Em “Dorotéia”, os “homens-jarro”, genial criação de FARJALLA, faziam as vezes do coro das tragédias gregas. Aqui, tal função cabe aos VIZINHOS, sempre presentes, espionando, espreitando as ações dos personagens principais.
O premiado cenógrafo JOSÉ DIAS, que, há algum tempo, vem acompanhando os projetos de FARJALLA, fazendo parte de seu time de grandes criadores, tem, nesta peça, uma enorme importância, uma vez que é o responsável pela direção de arte e pelo espaço cênico, algo além, simplesmente, de um cenário. DIAS criou uma ambientação, incorporada ao todo da montagem, que dialoga com tudo e todos os que ocupam aquele espaço cênico. Gostei muito dos galhos retorcidos, nas laterais do palco, à guisa de representar a vegetação de um manguezal. Já assisti a várias montagens de “SENHORA DOS AFOGADOS” e não me recordo de nunca ter visto um farol em cena. Não é, porém, um mero farol, com a função de orientar os navegantes; é uma peça que se transforma em quarto, num leito conjugal ou num catre de bordel. Ao mesmo tempo, toma a forma de um altar, com direito a um enorme crucifixo, este utilizado, pelo diretor, para nos oferecer boas surpresas.
Também tendo assinado a direção musical e as canções originais da montagem farjalliana de “Dorotéia”, JOÃO PAULO MENDONÇA volta a trabalhar com o diretor, nas mesmas funções, criando canções ingênuas e pueris, bem ao jeito do cancioneiro popular da beira do rio e do mar. A ciranda não foi esquecida.
Quanto à luz, criada por VLADIMIR FREIRE e JACSON INÁCIO, esta segue a estética da peça e é bem parcimoniosa, soturna, criando áreas de sombras, para ocultar o que não deve ser exposto ou, apenas, sugerir e aguçar a inteligência e a atenção do espectador; para valorizar o mistério. Um belo trabalho.
É uma pena que eu só tenha tido a oportunidade de ir a São Paulo, para assistir à peça, já no final da temporada, que foi muito bem recebida, pelo público e pela crítica paulistana. Ainda bem que pude revê-la na temporada carioca.
Os cariocas merecíamos que “SENHORA DOS AFOGADOS” também atracasse no porto do Rio, fazendo o caminho inverso ao de “Doroteia”, que estreou na capital fluminense, onde fez um estrondoso sucesso, e partiu, depois, para uma boa temporada na “terra da garoa”, além de uma bela turnê por todo o Brasil. Que “SENHORA DOS AFOGADOS” tenha o mesmo destino, por merecimento, na temporada carioca!
Recomendo, com empenho, o espetáculo!
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