Conforme noticiou o RIO ENCENA no último dia 17, um grupo de artistas se reuniu na tarde desta terça-feira (27) – Dia Mundial do Teatro – para uma manifestação na porta do Teatro Villa-Lobos, em Copacabana. Convocado pelo Mater (Movimento de Artistas de Teatro do Rio), o protesto pedia a reabertura da sala – vinculada à Secretaria Estadual de Cultura (SEC) – fundada em 1979, fechada desde 2011 após um incêndio e completamente abandonada atualmente.
Por volta de 16h45, um pequeno grupo partiu no Teatro Princesa Isabel e percorreu cerca de 200 metros até o Villa-Lobos – ambos ficam na Avenida Princesa Isabel. Bloqueando parcialmente a via, com faixas de protesto e palavras de ordem, a manifestação ganhou em seguida mais adeptos, chegando a aproximadamente 80 presentes. Entre eles, estavam Drica Moraes, Letícia Isnard, Arlindo Lopes, Julio Adrião, Adriana Birolli, Isio Ghelman, Stella Maria Rodrigues e Emílio de Mello, um dos principais entusiastas do Mater.
Em conversa com nossa reportagem, Emílio reconheceu que a adesão à manifestação por parte da classe artística poderia ter sido maior, mas ressaltou a importância de um protesto como este pela reabertura de um entre os 40 teatros que estão fechados atualmente no Rio de Janeiro.
— Deveria ser maior (o manifesto). Acho que deveríamos fechar estas duas avenidas. Só com união vamos conseguir coisas assim, como a reabertura do Villa-Lobos. Foi o que falei na outra entrevista: quando tivermos mais ciência da nossa união, faremos ainda mais pela cultura do Brasil — ressaltou o ator, completando: — Este protesto é um tijolo que estamos colocando para combater o abandono da cultura no Rio. Queremos ajudar a construir uma muralha. Está sendo importante porque acredito que vai crescer ainda mais, junto com outros movimentos.
Porém, a se tirar pelo atual estado do Villa-Lobos e pela crise no governo estadual, essa muralha vai levar muito tempo para ser erguida. Por trás dos tapumes que encobrem a visão de quem passa pela rua, o que se vê é uma sala totalmente abandonada, sem paredes e portas na fachada; mato alto e lixo espalhados por todos os lados; água acumulada no subsolo com larvas de mosquito.
— Acabei de entrar nos escombros e vendo o Villa-Lobos, assim, largado, vejo o retrato da nossa cultura. Este teatro abandonado representa nós, que trabalhamos pela cultura deste país e estamos nos sentindo da mesma forma. Este teatro já foi palco de grandes estrelas nacionais e internacionais, e agora está entregue aos mosquitos da dengue — lamenta Emílio.
Orçadas em R$ 36 milhões e de responsabilidade do Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio) – segundo a própria SEC – as obras de recuperação, modernização e ampliação estavam previstas para começar em 2014, mas não andaram. Com projeto do escritório carioca Archi 5 e da arquiteta Tânia Chueke, estavam previstas as seguintes melhorias: construção de um balcão para ampliação da sala de espetáculos de 422 lugares para 656; instalação de uma nova caixa cênica, novos camarins e equipamentos mais modernos; colocação de vidros transparentes na fachada para uma melhor integração com o espaço público; recuo na calçada para uma melhor movimentação para desembarque do público. No entanto, só que se vê no momento, é só o abandono.
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