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Ator de solo em tributo a Paulo Freire sobre Bolsonaro tirar título do educador: ‘Só vai engrandecer seu nome’

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos
Richard está comemorando 40 anos de carreira com o solo sobre Paulo Freire Foto: Fabio Martins/Divulgação

Há quem não acredite em coincidências, mas que elas existem… A semana que começou na segunda-feira (29) com o presidente Jair Bolsonaro, durante um evento em Ribeirão Preto (SP), externando o desejo de tirar de Paulo Freire (1921-1997) o título de Patrono da Educação no Brasil – que lhe foi dado de forma póstuma em 2012 – vai terminar com um solo que exalta a trajetória do educador chegando pela primeira vez a um grande centro teatral no país. “Paulo Freire – O Andarilho da Utopia” estreia neste sábado (04), às 19h, no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, falando de um legado que, segundo um de seus idealizadores, não sofrerá em nada mesmo com a decisão do governante.

A primeira temporada carioca do manifesto cenopoético foi firmada no fim de 2018 – portanto, é apenas coincidência mesmo que estreie logo após a declaração de Bolsonaro. Antes disto, a peça havia estreado no fim de março em Vitória (ES) e circulado por teatros e praças públicas de cidades do Rio Grande do Norte. Neste período, vem sendo cumprido o objetivo do ator Richard Righetti e do diretor Luiz Antonio Rocha, mentores do projeto, de enaltecer a história do pedagogo e filósofo pernambucano, que é considerado referência não apenas nas universidades brasileiras, mas também nas internacionais, como Harvard, no Estados Unidos, por exemplo. Com base nesta reputação, Richard acredita que não há medida que possa minimizar a importância do homenageado.

— Com título ou não, Paulo Freire sempre será um grande homem brasileiro. Qualquer tentativa de diminui-lo só vai engrandecer seu nome. E ele também já tem muitos títulos — observa, em entrevista ao RIO ENCENA, o também palhaço Richard, de 61 anos, que fez questão de escolher o solo para celebrar quatro décadas de carreira.

Escrito por Junio Rocha, o espetáculo mostra a infância e a juventude de muita pobreza de Paulo, uma realidade, aliás, comum a milhões de brasileiros. Mas apesar das dificuldades, mesmo lutando contra a fome, o então jovem acaba conhecendo as palavras, pelas quais se apaixona. E é a partir delas que ele rompe as fronteiras de Recife – sua cidade natal – mundo afora, para disseminar seus conceitos e visão de liberdade de si e dos outros, de justiça, igualdade, e superação dos obstáculos – assista a imagens no fim da página.

Paulo Freire Foto: Reprodução/Instituto Paulo Freire

— Falar de Paulo Freire é falar de diálogo, de quem acredita na educação. A educação não como única ferramenta para se chegar a uma sociedade democrática, mas como uma delas e fundamental — explica Richard, completando: — O grande legado dele é a amorosidade, a convivência com o diferente, o amor pelas pessoas, pelo país, pela nossa cultura. Paulo Freire toca a possibilidade de uma sociedade mais justa através da amorosidade.

Com mais uma temporada já agendada no Rio, a partir de 07 de junho no Glaucio Gill, Richard espera que o espetáculo toque o público carioca com a amorosidade de Paulo Freire assim como fez pelos lugares por onde já passou. Ele recorda que muitos ainda não conheciam o educador – principalmente nas apresentações abertas nas cidades potiguares – mas garante que a maioria já conhecia o homenageado e ainda se identificava com sua história.

— A maior parte era de conhecedores de Paulo Freire. Recebemos muitos alunos, professores, pedagogos… E na roda de conversa que sempre fazemos após as apresentações, as pessoas sempre falavam sobre a ligação que a peça faz com as vidas delas próprias. Algumas balbuciavam o texto junto comigo. É incrível — encerra.

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