O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro, recebe a partir desta quarta-feira (06) a oitava edição do Cena Brasil Internacional. Idealizado pelo produtor Sérgio Saboya e com curadoria do jornalista, diretor e dramaturgo Luiz Felipe Reis, o festival – que vai somente até o próximo dia 16 – reúne neste ano 10 espetáculos de quatro países diferentes, com ingressos a preços populares: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Há ainda palestras e workshops gratuitos. A programação completa está aqui e também no fim da página.
Além de seis montagens brasileiras – três de São Paulo e outras três de Pernambuco – estão na programação, ainda, outras quatro produções que vêm da Argentina, da França e dos Estados Unidos. No caso das peças internacionais, será disponibilizada para o público legendas eletrônicas em português. Já as nacionais contarão com legendas em inglês.
Em comum, de acordo com Luiz Felipe Reis, os 10 espetáculos propõem ampliar a percepção do público sobre as possibilidades do fazer teatral.
— São obras que se apresentam em cena através de formatos por vezes inclassificáveis, que exercitam vínculos e rupturas entre formas de teatro, dança, performance, instalação, intervenção e outras linguagens — explica.
SERVIÇO
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
Endereço: Rua Primeiro de Março, Nº 66 – Centro.
Telefone: (21) 3808-2020
Período: 05/06 a 16/06
Local: Escola de Cinema Darcy Ribeiro
Endereço: Rua da Alfândega, 5 – Centro.
Telefone: (21) 2233-0224
Período: 05/06 a 07/06
Entrada: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia) (*palestras são gratuitas)
Funcionamento da bilheteria: Quarta a segunda entre 9h e 21 horas
Capacidade: CCBB – Teatro I: 172 lugares; Teatro II: 152 lugares; Teatro III: 86 lugares; auditório: 64 lugares | Escola de Cinema Darcy Ribeiro (foyer) – 100 lugares
*As apresentações estrangeiras têm legendas eletrônicas em português, e as nacionais têm legendas em inglês
05/06 (quarta)
19h30 “Quando quebra queima” – Escola de Cinema Darcy Ribeiro foyer (10 anos)
20h “Black velvet– Architectures and archetypes” – CCBB Teatro I (14 anos)
06/06 (quinta)
19h30 “Quando quebra queima” – Escola de Cinema Darcy Ribeiro foyer (10 anos)
20h “Black velvet– Architectures and archetypes” – CCBB Teatro I (14 anos)
07/06 (sexta)
19h “Enchente” – CCBB Teatro II (16 anos)
19h30 “Quando quebra queima” – Escola de Cinema Darcy Ribeiro foyer (10 anos)
20h “Black velvet – Architectures and archetypes” – CCBB Teatro I (14 anos)
08/06 (sábado)
15h Palestras “Hackeando as velhas estruturas” (ColetivA Ocupação), “Black box – Little black book of red” (Shamell Pitts) e “Salvem as bactérias! A luta contra os antibióticos” (Flavia Pinheiro) – CCBB Auditório 4º andar
19h “Enchente” – CCBB Teatro II (16 anos)
19h30 “Isto é um negro?” – CCBB Teatro I (18 anos)
09/06 (domingo)
19h “Como manter-se viva?” – CCBB Teatro III (Livre)
19h30 “Isto é um negro?” – CCBB Teatro I (18 anos)
10/06 (segunda)
19h “Como manter-se viva?” – CCBB Teatro III (Livre)
19h30 “Isto é um negro?” – CCBB Teatro I (18 anos)
20h “Mi fiesta” – CCBB Teatro II (16 anos)
12/06 (quarta)
19h “Diafragma: Dispositivo versão beta” – CCBB Teatro III (16 anos)
19h30 “Black hole – Trilogy and triathlon”” – CCBB Teatro I (14 anos)
20h “Mi fiesta” – CCBB Teatro II (16 anos)
21h “Diafragma: Dispositivo versão beta” – CCBB Teatro III (16 anos)
13/06 (quinta)
15h Palestras “Branquitude: artista e a normatização do direito de criar” (Mirella Façanha) e “Corpo específico” (Mayra Bonard e Carlos Casella) – CCBB Auditório 4º andar
19h30 “Black hole – Trilogy and triathlon” – CCBB Teatro I (14 anos)
20h “Mi fiesta” – CCBB Teatro II (16 anos)
14/06 (sexta)
19h30 “Black hole- Trilogy and triathlon” – CCBB Teatro I (14 anos)
20h “Rester vivant” – CCBB Teatro II
20h30 “Altamira 2042” – CCBB Teatro III (16 anos)
15/06 (sábado)
20h “Rester Vivant” – CCBB Teatro II
20h30 “Altamira 2042” – CCBB Teatro III (16 anos)
16/06 (domingo)
15h Palestras “Possibilidades de um devir-documento daquilo que chamamos invisível” (Gabriela Carneiro da Cunha) e “Férias da realidade” (Yves-Noël Genod) – CCBB Auditório 4º andar
20h “Rester Vivant” – CCBB Teatro II
20h30 “Altamira 2042” – CCBB Teatro III (16 anos)
SINOPSES
Internacionais
“Black hole – Trilogy and triathlon” (Buraco negro – Trilogia e triatlon):Shamel Pitts divide a cena com a bailarina goiana Mirelle Martins para apresentar uma experiência de arte performática caleidoscópica que utiliza movimento, luz e artes visuais. O público é levado numa jornada hipnótica e cheia de cores na qual quatro artistas negros — Mirelle (Brasil), Tushrik Fredericks (África do Sul), Ricardo Januario (Brasil) e Shamel (Estados Unidos) — se unem para criar uma trindade de vigor, afro-futurismo e acolhimento.
“Black velvet – Architectures and archetypes” (Veludo negro – Arquiteturas e arquétipos): Pitts e Mirelle misturam dança, performance e projeções para refletir sobre as diversas cores da negritude.
“Rester vivant” (Permanecer vivo): do francês Yves-Noël Genod, é uma obra cujo processo criativo iniciou-se na Europa com três performers (o português Ricardo Paz, o francês Baptiste Ménard e a brasileira Isabela Fernandes Santana), que será finalizada numa residência ao longo do festival. A eles se juntarão outros performers, profissionais ou não, que vão participar de um workshop para formar um coro na montagem do espetáculo. “Rester vivant” investiga a condição do artista diante dos dilemas do nosso tempo. Livremente inspirada no ensaio homônimo de Michel Houellebecq – uma série de cartas a um jovem poeta que o autor aconselha a não se suicidar –, a obra trata da dificuldade de se permanecer vivo, criativo e ativo e, ao mesmo tempo, da inevitabilidade de continuar resistindo.
“Mi fiesta” (Minha festa): da coreógrafa e diretora argentina Mayra Bonard, solo inédito do Brasil investiga os limites e os atravessamentos entre as esferas do público e do privado. Em cena, Mayra se move em reação a um texto escrito pelo também argentino Pedro Mairal (“A Uruguaia”), que recria episódios afetivos, amorosos e violentos, vividos por uma mulher. Equilibrando-se sobre taças de vidro, assim como atando e desatando seu corpo, ela constrói, aos poucos, um espetáculo de superação.
Nacionais
“Isto é um negro?”: do coletivo paulista EQuemÉGosta?, faz uma alusão ao título da obra “É isto um homem?”, do escritor italiano Primo Levi. Com direção de Tarina Quelho, que assina a dramaturgia ao lado de Mirella Façanha, a montagem apresenta uma sequência de cenas que alternam seu foco no texto, na expressão verbal e na performance física de quatro jovens artistas: Ivy Souza, Lucas Wickhaus, Raoni Garcia e a própria Mirella. Além de articular as experiências de vida do elenco, o espetáculo traz reflexões de escritores e de pensadores como Angela Davis, Fred Moten, Achille Mbembe, Bell Hooks, Grada Kilomba, Frantz Fanon, Sueli Carneiro e Aimé Cesaire.
“Altamira 2042”: de São Paulo, tem como ponto de partida o deslocamento e o encontro entre artistas e comunidades locais do Rio Xingu. Com direção e performance de Gabriela Carneiro da Cunha, o espetáculo é uma instalação sonora composta por caixas que amplificam testemunhos diversos interlocutores sobre a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará: ribeirinhos, indígenas, lideranças de movimentos sociais, moradores da cidade de Altamira, funcionários do Governo Federal e de instituições socioambientais, a mata, os animais da região, o vento, a chuva e até o próprio rio. Uma polifonia de seres, línguas, sonoridades e perspectivas tomam o espaço para abrir a escuta do público para essas vozes.
“Quando quebra queima”: de São Paulo, do coletivA ocupação, com direção de Martha Kiss Perrone com estudantes/performers que participaram do movimento secundarista entre 2015/2016. Na apresentação, 15 artistas deslocam para a cena a experiência vivida durante o período da ocupação em que estiveram juntos. A peça, que está na fronteira entre performance e teatro, é uma “dança-luta” coletiva construída a partir das vivências e memórias de cada performer: diários, textos, músicas, coreografias, e fotos feitas pelos próprios secundaristas compõem a cena.
“Enchente”: de Recife, da performer e dramaturga Flávia Pinheiro. Inédita no Rio, surge de um estudo transdisciplinar do conto homônimo do também pernambucano Hermilo Borba Filho, uma metáfora para as catástrofes humanas atuais: a indiferença e o fracasso do mundo assim como o conhecemos. A montagem se constrói em base a procedimentos que envolvem restrições e obstruções de movimentos, jogos com regras e materiais de arquivo. As relações entre os corpos de três performers (Marcela Aragão, Rebeca Gondim e a própria Flávia) questionam as hierarquias e ampliam suas possibilidades ao realizarem tarefas de improvisação.
“Como manter-se viva?”: solo, também de Flávia Pinheiro, investiga a urgência de permanecer em movimento como um mecanismo de sobrevivência. Um questionamento de como nos relacionamos com a imaterialidade das relações propostas pelos dispositivos e a certeza da impermanência. A dramaturgia converge para uma estética do precário, de uma lógica invertida, de um saber desde a experiência e da percepção.
“Diafragma”: mais um trabalho de Flávia Pinheiro, um dispositivo versão “beta”, é uma performance manifesto construída em relação aos dispositivos low tech e às tecnologias obsoletas. Em cena, a artista pesquisa o músculo diafragma como parte de um mecanismo motor, utilizando princípios de Gerald Raunig, Michael de Certeau, Vilém Flusser e Gilles Deleuze como eixo que organiza uma grande máquina (o corpo) que atua no tempo de forma nômade em busca de (des)territorializar-se.
* Segundo informações do teatro e/ou da produção do evento