Há bem pouco tempo, a chamada “cura gay”, uma espécie de reversão sexual proposta por psicólogos, ainda não havia sido vetada legalmente no Brasil como “tratamento” para a homossexualidade. Em abril, acabou barrada por Carmem Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF). Em tempos mais remotos, contudo, a patrulha sobre relações homoafetivas ia muito além, chegando a considerá-las, em diversos países, um crime. Tal realidade é recontada em “Amar é o Crime Perfeito”, espetáculo que estreia na próxima quarta-feira (17), às 21h, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea.
A trama se passa na Inglaterra, no ano de 1954. De noivado marcado com Juliet, Richard balança quando Philip, a quem conheceu durante a 2ª Guerra Mundial, retorna de Londres. Em meados do século XX, neste contexto de criminalização de relacionamentos homoafetivos (mesmo os privados), acabavam pesando os interesses familiares e a cultura repressiva.
Com direção de Paulo Trajano, o espetáculo tem texto de Thales Paradela – que também atua. O autor, inclusive, foi premiado no concurso nacional de dramaturgia Seleção Brasil em Cena do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Como inspiração para o texto ficcional, Paradela buscou referências históricas/factuais relacionadas ao mesmo ano de 1954. Há 65 anos, o célebre escritor britânico Oscar Wilde, que fora acusado de “crimes homossexuais”, completaria 100 anos; o jornalista e dramaturgo italiano Peter Wildblood era preso por “conspiração para incitar certos homens a cometer ofensas graves com pessoas do sexo masculino”; o matemático inglês Alan Turing morria depois de acabar preso por ser homossexual – e submetido a tratamentos com hormônios femininos e castração química.