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Phellipe Azevedo e João Pedro Zabeti: Para quem se faz arte?

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Phellipe Azevedo e João Pedro Zabeti*
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Quando idealizamos o reality show “Canceladas 2 – Crias da Z.O”, não imaginávamos o quanto ele poderia afetar nossas vidas e das pessoas que o fizeram acontecer. Como criar um reality que foge de toda estrutura branca-cisheteronormativa dos realities que vem sendo produzidos no mainstream? Para quem se faz arte? Como criar algo a que nossas mães, vizinhas e amigos tivessem, de fato, acesso? Estas são questões que motivam o nosso Coletivo Arame Farpado desde sua criação e que ficaram ainda mais fortes para nós quando fomos “canceladas” dos teatros em decorrência da pandemia.

Se antes o teatro já se configurava como um espaço com escassas políticas públicas de acesso e fomento a produções negras, periféricas, faveladas e LGBTQIA+, com a pandemia tornaram-se praticamente nulas as perspectivas de trabalho para tal segmento. Contudo, observamos no contexto pandêmico um aumento da produção e do acesso do público a reality shows de vários formatos, inclusive por parte de pessoas dos subúrbios e favelas do Brasil. Ainda que na maioria dos realities haja uma representação ínfima de “corpas” dissidentes negras, periféricas ou faveladas, há algo no formato que atrai a atenção de uma forma geral: a fricção entre o real e o ficcional. Mas que ficções não são contadas ainda?

Phellipe Azevedo, diretor, e João Pedro Zabeti, apresentador e diretor, fazem parte do Coletivo Arame Farpado Fotos: Acervo pessoal

Como se apropriar desse formato a fim de elaborar e difundir nossas próprias narrativas? Escrevivência pode ser como se o sujeito da escrita estivesse escrevendo a si próprio, sendo ele a realidade ficcional, a própria inventiva de sua escrita. E, muitas vezes, o é!

(…) E por isso é uma escrita que não se esgota em si, mas,
aprofunda, amplia, abarca a história de uma coletividade.
(EVARISTO, Conceição, 2020)

Ao friccionar nossos territórios, memórias, tecnologias e deboche, a pesquisa do Coletivo, desenvolvida desde 2017, traz o conceito de escrevivência da Conceição Evaristo como principal dispositivo de criação. Esboçamos uma proposta de reality show na qual o elenco trouxesse luz às novas narrativas, costuradas, coletivamente, através da escuta cênica de “corpas” que, por si mesmas, tecem histórias para além da branquitude colonial. Desta vez a equipe de roteiro conta com Jaqueline Andrade, Vika Flôr, João Pedro Zabeti e Phellipe Azevedo, sob a supervisão da roteirista Renata Sofia. Histórias de chacota, deboche, amor e putaria preenchem a 2ª temporada do reality.

A tecnologia digital, embora não tenha alterado os
princípios ou a lógica da montagem, revolucionou os processos
pelos quais a montagem acontece, democratizando e
simplificando imensamente o seu uso. (BRASIL, Giba Assis. 2015 Cinema de montagem)

Giba aponta a importância de novas tecnologias como possibilidade de democratizar o acesso a práticas artísticas elitizadas, como o audiovisual. Ter a mulher precursora do funk junto com a gente, trazendo a sua inventividade e rataria na figura de uma apresentadora, é a escrita de um novo audiovisual. Um spoiller babado? Amanda Gomes, Aurélio Gomez, Felipe Gazoni, Gabriel Labarba, Jeza da Pedra, Kelly Gomez, Lais Lage, Lucas Hawkin, Nikka, Noah Lopes e Peterson Oliveira são as novas canceladas do “Reality Canceladas 2 – Crias da Z.O” que estreia em novembro no canal do Youtube do Coletivo Arame Farpado.

* Phellipe Azevedo, diretor, e João Pedro Zabeti, apresentador e diretor, são colunistas convidados do Rio Encena


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