SÃO PAULO – O multiartista Jô Soares faleceu na madrugada desta sexta-feira (05), aos 84 anos, após nove dias internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo – a causa do óbito não foi revelada até o fechamento desta nota, e o velório será restrito a amigos e familiares, sem abertura ao público. José Eugênio Soares ficou famoso nacionalmente pelos incontáveis trabalhos na TV, mas antes disso já dava sinais de sua genialidade e versatilidade no teatro, onde iniciou carreira no fim dos anos 1950.
A estreia nos palcos aconteceu em 1959, com “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Na mesma época, fez parte do Grande Teatro TV Tupi. Já nas décadas seguintes, foram cerca de 50 espetáculos, atuando, dirigindo e/ou escrevendo.
Por conta de compromissos na telinha e na telona, a trajetória de Jô nos palcos teve alguns longos intervalos. Depois de emendar seguidos trabalhos nas décadas de 1970 e 1980, foi visto raras vezes nos palcos entre 1980 e 2000 – neste período, esteve em cartaz com pouquíssimos trabalhos, entre eles, “Um gordo em concerto” (1993).
Já em 2003, voltou ao teatro de maneira mais ativa. Levou aos palcos a peça “Frankenstein’s”; uma adaptação de “Ricardo III” – sua segunda de um clássico de Willian Shakespeare, já que a primeira tinha sido “Romeu e Julieta”, em 1969; “Às Favas Com Os Escrúpulos”; “O Eclipse”; “A Cabra ou Quem é Silvia?” e “Happy Hour”, entre outras.
Seu último trabalho nos palcos foi o espetáculo “A noite de 16 de janeiro”, em 2018. Estava em seus planos ainda estrear “O Livro ao Vivo”, obra adaptada de sua autobiografia “O Livro de Jô”, de 2017. Na manhã desta sexta, em entrevista à rádio BandNews FM, a atriz e apresentadora Adriane Galisteu afirmou que tinha em mãos um texto de Jô para levar à cena em breve. Ela não entrou em detalhes sobre o projeto.
Cinema e TV
Na época em que estreou no teatro, Jô também começou sua história no cinema. Nos anos 1950, integrou o elenco dos filmes “Rei do movimento” (1954), “De pernas pro ar” (1956) e “Pé na tábua” (1957), além da chanchada “O homem do Sputnik” (1959).
Já na TV, o primeiro trabalho de destaque foi o humorístico “A família Trapo”, na TV Record, no qual iniciou escrevendo roteiro e acabou ganhando o papel do mordomo Gordon, que interpretou entre 1967 e 1971.
Do início da década de 1970 ao fim da de 1980, trabalhou na Globo em programas como “Faça humor, não faça guerra” (no qual criou e interpretou mais de 260 personagens), “Satiricon”, “Globo Gente”, “O planeta dos homens” e “Viva o Gordo”, em que usava sátiras sobre o cenário político brasileiro para criticar a ditatura militar.
No fim dos anos 1980, Jô trocou a Globo pelo SBT, onde apresentou “Jô Soares Onze e Meia”, considerado o primeiro grande talk-show do Brasil. Em 2000, retornou à emissora carioca para comandar o “Programa do Jô”, programa de mesmo formato, que fez enorme sucesso, ficando no ar até 2016, último ano em que assumiu um compromisso a longo prazo na TV.
Além de escrever para teatro, cinema e TV, Jô Soares também também assinou textos para os jornais Última Hora, O Globo e Folha de S. Paulo, e para as revistas Manchete e VEJA. Entre seus livros, estão O Astronauta sem Regime (L&PM), coletânea de crônicas do O Globo, lançado em 1983, e O Xangô de Baker Street (Companhia das Letras), de 1995, que foi best-seller brasileiro na época e ganhou versão cinematográfica em 2001.
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