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‘Nosso patinho só queria tocar acordeom’, conta diretor sobre adaptação de ‘O patinho feio’ com toques da cultura nordestina

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos
A versão da Trupe Investigativa Arroto Cênico para o clássico “O patinho feio” ganha contornos da cultura nordestina Foto: Camila Curty/Divulgação

Quase todo mundo conhece “O patinho feio”, conto de 1843 do dinamarquês Hans Christian Andersen. Mas quem for ao Espaço Sergio Porto, no Humaitá, a partir do próximo sábado (05), terá a oportunidade de assistir a uma versão bem diferente do clássico cujo protagonista, tido como feio, tem como maior preocupação apenas tocar o seu acordeom em paz. Da plateia, papais, mamães e pequenos vão poder conferir também as participações de um calango e um jumento, entre outros bichos um tanto inusitados para o universo da obra original. Ah! Quanto ao cisne esplêndido que surge no fim da trama, pode esquecer!

É que em sua nova montagem, a Trupe Investigativa Arroto Cênico trabalhou em duas frentes: a opção por não se limitar à oposição entre o belo e o não belo, que tange o conto em seu objetivo de falar sobre as diferenças; e pitadas de cultura nordestina à história.

E, pelo visto, a investida deu certo. Em entrevista ao RIO ENCENA, o diretor Marcos Covask lembrou que, em circulação por festivais em outros estados – como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão – o espetáculo, que estreou virtualmente em 2021, chamou atenção da criançada, entre outros motivos, pelos contornos nordestinos.

— Percebemos também que elas gostaram bastante dos animais regionais que inserimos no espetáculo, como a Severina, a Galinha Velha; o Calango e o Jumento — enumera Marcos.

Na entrevista abaixo, o diretor falou mais sobre as adaptações feitas no clássico, inclusive o caminho traçado para fazer uma história do século XIX parecer interessante para as crianças de hoje. E para isso, não foi necessário recorrer à tecnologia. Confira:

Qual é a grande mensagem que a peça passa para a criançada?
Que a diversidade é a grande graça, a riqueza da vida. Que superando os medos e preconceitos, tornamos nossa vida mais afetuosa, agradável e divertida. As diferenças que encontramos um no outro são as peças que faltam em nosso quebra-cabeça. É importante que as crianças percebam que a natureza é composta de uma comunhão de gente, coisas e elementos diferentes. E que o acolhimento às diferenças nos tornam plurais e nos faz ter uma visão mais empática com o mundo ao nosso redor.

Como vocês trabalharam para uma história do século XIX parecer interessante para as crianças de hoje?
A partir dos questionamentos do texto original, acrescentar, transmutar e aproximá-los das questões encontradas no cotidiano das crianças, com linguagem, ambientação e fundamentação na cultura popular nordestina, com ludicidade e leveza. Em nossa versão, optamos em não restringir a temática à dicotomia entre feio e bonito, mas, sim, trazer uma reflexão sobre as diferenças, a diversidade, o processo de entendimento, aceitação e acolhimento do outro. Partimos de um outro ponto de vista, para contar uma história já revisitada de muitas formas.

O diretor Marcos Covask
Foto: Arquivo pessoal

Fizeram alguma grande modificação ou adaptação na história?
Sim. A história está recontada de outra forma, com outros personagens, noutros lugares, com um desfecho muito mais inclusivo e abrangente, ultrapassando os conceitos de feio e bonito. Além disso usamos sextilhas de cordel para narração, diálogos coloquiais baseados na cultura popular nordestina e uma trilha sonora que pontua e ratifica as narrativas propostas. Em nossa encenação, temos uma Trupe de Brincantes que conta, de maneira peculiar, a história de um patinho rejeitado por não se enquadrar nos padrões vigentes. Afinal, para o senso comum “pato tem que saber nadar”, e o nosso patinho só queria tocar acordeom.

Vocês fazem uso da tecnologia no espetáculo?
Não utilizamos novas tecnologias. Contamos a história utilizando os recursos do teatro, da poesia e da música. Em nosso espetáculo, optamos em realizar uma encenação lúdica e delicada, em que a teatralização vai acontecendo na frente da criança, sem o recurso das coxias. Um mesmo figurino é utilizado para as trocas de personagens. A nossa proposta é fazer no palco um grande jogo de faz de conta com muita música e poesia. Acreditamos que uma história bem contada pode utilizar recursos tecnológicos, mas também pode prescindir desses meios.

E teve alguma reação de crianças nos festivais por onde passaram que tenha chamado atenção de vocês?
Temos relatos de crianças que acharam bem diferente a nossa versão. Em uma das apresentações online, uma criança escreveu: “Que legal, não tem cisne no final”. Percebemos também que elas gostaram bastante dos animais regionais que inserimos no espetáculo, como a Severina, a Galinha Velha; o Calango e o Jumento. As crianças perceberam também que na narração, usávamos trechos rimados (poesia de cordel). Houve uma criança que logo no início de uma apresentação identificou o personagem do “Patinho Feio”. Segundo ela, ele era o único que estava com figurino diferente.

SERVIÇO

Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto | Endereço: Rua Humaitá, Nº 163 – Humaitá. | Telefone: (21) 2535-3846/2535-3927 | Sessões: Sábados e domingos às 15h e às 17h | Temporada: 05/02 a 13/02 | Elenco: Trupe Investigativa Arroto Cênico, Cia de Arte Popular, Cia de Segunda e Teatro Baixo | Direção: Marcos Covask | Texto: Cesário Candhí e Beto Gaspari | Classificação: Livre | Ingresso: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia) | Gênero: Infantil | Duração: Não informada | Capacidade: Não informada


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