Depois de temporadas em São Paulo, onde recebeu indicações a prêmios importantes como o Shell e o Aplauso Brasil, o espetáculo “Um Beijo em Franz Kafka” desembarca no Rio de Janeiro nesta semana para apresentações no Teatro Maison de France, no Centro. Com texto inédito de Sérgio Roveri e direção de Eduardo Figueiredo, a peça, que estreia nessa sexta-feira (07), às 20h, resgata um momento verídico e dramático do escritor Franz Kafka (1883-1924), considerado um dos mais relevantes do século XX.
Numa noite de 1924 em Praga – cidade natal de Kafka que à época pertencia ao Império Austro-Húngaro e hoje é capital da República Checa – o escritor, interpretado por Maurício Machado, recebe Max Brod (Anderson di Rizzi), seu amigo e herdeiro. Tal encontro ocorre dias antes de Kafka, que sofria de tuberculose, ser internado mais uma vez num sanatório.
Com poucos dias de vida pela frente, Kafka faz a situação ficar ainda mais delicada ao fazer ao amigo o seguinte pedido: quer que toda sua obra ainda não publicada seja queimada, como se esta medida pudesse apagar seu passado. Apesar da grande amizade, porém, Brod se nega a atender o desejo e, em vez de incinerar as páginas, as publica posteriormente.
Em cena, o embate entre Kafka e Brod é pontuado por ideias desenvolvidas em obras do escritor, como, por exemplo, “A Metamorfose”, “O Processo” e “O Castelo”. Um dos conceitos representados nos diálogos entre os amigos é a impotência do indivíduo diante de algo maior do que ele.
— Vamos apresentar a impossibilidade do homem de moldar seu próprio destino, onde todos os esforços e iniciativas são inúteis — acrescenta Modesto Carone, principal tradutor da obra de Kafka no Brasil.