RIO – O Midrash Centro Cultural está anunciando a próxima edição do seu já tradicional festival de teatro como “especial”. E, de fato, o evento, que começa nesse domingo (01/05), será marcado por alguns fatos que não se viu nas cinco primeiras oportunidades em que foi realizado presencialmente. A começar pelo palco!
Em vez do centro cultural da Rua General Venâncio Flores, no Leblon, as apresentações serão realizadas no Teatro Municipal Café Pequeno, que fica no mesmo bairro. Isso porque o imóvel onde aconteciam as atividades do Midrash – inclusive o festival – era alugado e foi devolvido pouco depois do início da pandemia, em março de 2020.
Sobre a programação, o Rabino Nilton Bonder, diretor geral do Midrash e idealizador do festival, convidou as atrizes, diretoras e produtoras Natasha Corbelino e Vilma Melo para a curadoria dessa edição. A partir do trabalho das duas – que têm um histórico de peças ligadas a minorias e a temática preta – o Midrash buscar usar esse festival do primeiro semestre de 2022 para difundir e valorizar a diversidade cultural, jogando luz sobre textualidades, corporeidades e musicalidades da cultura afro-brasileira – além, claro, de colaborar para o combate ao racismo estrutural.
Assim, os 20 espetáculos selecionados para compor essa edição serão montagens de grupos expoentes do Teatro Negro do Rio de Janeiro. Além disso, fazem parte ainda da programação 10 encontros com leituras e debates – gratuitos e abertos ao público – entre alunos das principais escolas de teatro da cidade.
Essa mistura, inclusive, já é marca do festival, que tem o propósito de promover um intercâmbio de linguagens e de visões sobre o mundo entre artistas já renomados e outros que ainda buscam maior espaço.
Reabertura
Ainda sobre o Café Pequeno, o teatro, que está fechado desde o início da pandemia (março de 2020), será reaberto após passar por uma série de melhorias. Entre elas, reforma elétrica, hidráulica, pintura, revisão da cenotécnica, reforma do mobiliário e troca do carpete.
A atual gestão municipal, de Eduardo Paes, já acusou diversas vezes o antecessor, Marcelo Crivello, de ter deixado os equipamentos culturais da prefeitura em péssimo estado de conservação. Estes espaços têm sido reabertos gradualmente.
SERVIÇO
Local: Teatro Café Pequeno
Endereço: Avenida Ataulfo de Paiva, Nº 269 – Leblon.
Período: 01/05 a 28/05
Entrada: Peças – R$20 (inteira); R$ 10 (meia); R$ 30 (amigo) / Leituras – Franca
Gênero: Festival
PROGRAMAÇÃO
CORTEJO ENCANTARIAS DE TERRA E MAR
01/05 | domingo | 17h
Companhia Brasileira de Mysterios e Novidades
Abrir um Festival que abre um Teatro que abre uma cidade para um grande movimento de restauração das saúdes que nos habitam. Abrir um Festival que faz renascer um teatro que expande a cidade. Abrir um mês com a abertura de um Festival que reabre as portas de um Teatro no dia do Trabalho é muita coisa. Um ato de congraçamento a partir da Cultura ocupando o dia do Trabalho, a Cultura em ação no dia das pessoas trabalhadoras do Brasil. Caminho do Mar ao Palco, assim serão os primeiros passos do nosso Festival. Caminhos abertos. Saúde!
ABERTURA
LEITURA COLETIVA DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
01/05 | domingo | 18h e 19h
Maria Lucas, Amanda Gomes (Uni Rio), Cachalote Mattos (UERJ), Giulia Calazans (PUC) , Rodrigo (Representante do DA Uni Rio), Rumba Gabriel (Portal Favelas), Dilmar Puri (Aldeia Maracanã), Cláudia Rose (Museu da Maré), Nlaisa Luciano (CEASM Museu da Maré), Frazão (CEASM Museu da Maré), Marilene Ernesto (CEASM Museu da Maré), Leona Kali, Naomi Savage, Andrea Zeni (Fórum Técnica), Fabricio Polido (Fórum Técnica), Natália Balbino, Carolina Godinho, Felipe Ribeiro.
Mediação/Apresentação: Dieymes Pechincha
No dia 1º de maio de 2022, a Constituição Brasileira entra em cena nas vozes de distintas pessoas da Cultura em suas múltiplas representatividades. Ao longo de 2h, mais de 20 pessoas trabalhadoras da Cultura vão fazer a leitura de artigos da nossa Carta Magna em um ato performativo de afirmação da saúde coletiva que celebra o Teatro.
O CLÁSSICO ÊXODO
02/05 | 20h | segunda | 20h
Argumento Coletivo Arame Farpado
Direção Phellipe Azevedo
Com João Pedro Zabeti, Laís Lage, Lidiane Oliveira, Peterson Oliveira, Sol Targino
O público e o ator Peterson Oliveira, esperam o elenco que atravessa a cidade com o pior sistema de transporte público do mundo para começar o espetáculo. Eles se comunicam por WhatsApp para saber a trajetória em tempo real dos atores que todo dia gastam por volta de 2:30h para chegar no Teatro
Duração 90 min. | Classificação 12 anos.
NEGRA PALAVRA – SOLANO TRINDADE
03/05 | terça | 20h
Poesias Solano Trindade
Roteiro Renato Farias
Direção Geral Orlando Caldeira e Renato Farias
Com Adriano Torres, André Américo, Eudes Veloso, Jorge Oliveira, Leá Cunha, Lucas Sampaio, Raphael Elias, Rodrigo Átila, Thiago Hypólito
A vida e obra do poeta pernambucano Solano Trindade (1908/1974).
Solano é poesia, é corpo negro, é militância, é potência e é amor. Na contramão dos estereótipos criados para objetificar e discriminar os homens negros, NEGRA PALAVRA | SOLANO TRINDADE recupera a trajetória do poeta trazendo para a cena suas múltiplas vivências.
Duração 60 min | Classificação 12 anos
LUIZ GAMA – Uma voz pela liberdade
04/05 | quarta | 20h
Dramaturgia Deo Garzes
Direção: Ricardo Torres
Com Deo Garcez e Soraia Amoni
A peça é uma biografia dramatizada de Luiz Gama, ex-escravo, jornalista, poeta, primeira voz negra da literatura brasileira, advogado abolicionista que libertou mais de quinhentas pessoas escravizadas.
Duração 60 min. | Classificação Livre
NEM TODO FILHO VINGA!
05/05 | quinta | 20h
Dramaturgia Pedro Emanuel com colaboração da Cia Cria do Beco
Com Anderson Oli, Camila Moura, Jefferson Melo, Natália Brambila, Ramires Rodrigues e Zaratustra
Após passar para a Faculdade de Direito na UFRJ, Maicon, um jovem negro e cria da Favela da Maré, passa a confrontar os ideais de justiça do Estado Brasileiro diante dos inúmeros eventos de injustiça que ele e seu grupo de amigos vivem diariamente. Ao longo do seu ano letivo, Maicon sentirá, na pele, como essas políticas de precarização abalam todas as esferas da vida. Chegando ao ponto de colocá-lo contra seu melhor amigo.
Duração 70 min | Classificação 14 anos
JONGO MAMULENGO
07/05 | sábado | 20h
Coletivo Bonobando, Cordão do Boitatá e Jongo da Serrinha
Na montagem, o jongo, o samba e o mamulengo são os protagonistas da história contada por atores, músicos e bonecos, que representam importantes figuras históricas como Vovó Maria Joana, Mestre Darcy, Silas de Oliveira, Tia Ciata, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Princesa Isabel, confeccionados especialmente pelo Mestre Zé Lopes, mamulengueiro pernambucano.
Duração 60 min | Classificação livre
PERFORMATIVO CARTAS “ QUERIDO BRASIL”
08/05 | domingo | 18h e 19h
17h | Eleonora Fabião (UFRJ) e Adriana Schneider (UFRJ)
18h | Jaqueline Andrade (UFRJ), Wallace Lino (CEFET), Phelipe Azevedo (UFRJ) e Camila Moura (Martins Penna)
19h | Roda de Conversa
CUIDADO COM O NEGUIN
09/05 | segunda | 20h
Uma obra de Kelson Succi
Direção Musical Fenanu
Cuidado com Neguin é uma obra em processo, sobre o olhar artístico-crítico do NEGUIN Kelson Succi. É uma potência criativa que tem como base a vivência e deslocamento de um jovem pobre, preto e favelado, que sobe e desce o Complexo do Alemão diariamente para ocupar a cidade.
Duração 50 min. | Classificação: 16 anos
NASCIMENTO
10/05 | terça | 20h
Baseado no poema “Kizomba” de Conceição Evaristo
Roteiro e direção Gatto larsen
Com Éder Martins de Souza
Estudo Coreográfico sobre o poema KIZOMBA, da escritora e poetiza Conceição Evaristo, sobre a passagem ao Orum de Abdias Nascimento, dramaturgo artista plástico, escritor, diretor de teatro, líder político e militante negro reconhecido internacionalmente. Ícone para as artes contemporâneas negras.
Duração 35 min. | Classificação Livre
LÓTUS
11/05 | quarta | 20h
Direção, Dramaturgia e Atuação Danielle Anatólio
Lótus é um espetáculo que tem como ponto de partida a poética feminina. É sobre mulheres que desejamos falar, em especial sobre a realidade afetiva das mulheres negras. Em cena, o universo de mulheres que trazem histórias que são invisibilizadas pelo patriarcado subjacente. A peça trata de amor, superação, beleza e vida, isto dentro de um contexto de hipersexualização dos corpos femininos, além de contar os caminhos que essas mulheres encontram para resistir e (re)existir.
Duração: 60 min. | Classificação 12 anos
MEUS CABELOS DE BAOBÁ
12/05 | quinta | 20h
Texto de Fernanda Dias
Direção Vilma Melo
Com Fernanda Dias, Beá e Ana Paula Black
Inspirado no caráter cíclico das mitologias africanas, a história se desenvolve em torno de Dandaluanda. Ao se deparar com episódios nevrálgicos na infância, a menina fantasia um diálogo com o Baobá e é correspondida. A magia que emana da árvore de origem africana, invade a cena e faz com que a mulher Dandaluanda, também alimentada pela sua ancestralidade, valorize sua identidade negra e se torna rainha.
Duração 50′ | Classificação Indicativa 14 anos
CABARÉ DIFERENTÃO
14/05 | sábado | 20h
Cabaré de Variedades que se dedica a fomentar a arte Burlesca!
O Cabare Diferentão, que tem direção da curadora do Festival “Yes, Nós temos
Burlesco”; Marco Chavarry (a.k.a. Delirious Fenix), vem com o objetivo de reunir os novos talentos do Burlesco carioca, fortalecendo a cena e trazendo uma releitura dessa tradicional arte que é o Burlesco.
PERFORMATIVO CARTAS “QUERIDO BRASIL
15/05 | domingo | 18h e 19h
17h | Aza Njeri (puc), Isabel Perroni (unirio), Zeca Ligiero UNIRIO) e Pedro Kosovski (PUC)
18h | Dieymes Pechincha (UFRJ), Claudia Mele (CAL), Thiago Catarino (PUC) e
Poliana Paiva (UFRJ)
19h | Roda de Conversa
TURMALINA 18-50
16/05 | segunda-feira | 20h
Dramaturgia e Direção Vinicius Baião
Supervisão Rodrigo França
Com Átila Bee, Gabriela Estolano, Graciana Valladares, Higor Nery, Leandro Fazolla e Madson Vilela
TURMALINA 18-50 refaz os caminhos percorridos por João Cândido, líder da Revolta da Chibata, como forma de celebrar sua história e combater o apagamento de sua memória, promovido pelos brasis oficiais. O espetáculo relembra os abusos sofridos pelos marinheiros negros até a primeira década do século passado, exalta a Revolta da Chibata, marco na luta por igualdade racial em nosso país, denuncia o esquecimento intencional a que esta revolta e suas consequências foram submetidas e apresenta a vida de João Cândido, um herói nacional pobre e esquecido, incógnito na Baixada Fluminense.
Duração 80 min. | Classificação 10 anos
CÃO CHUPANDO MANGA
17/05 | terça | 20h
Projeto, dramaturgia e performance Fábio Freitas
Encenação e espaço cenográfico Sidnei Cruz
“Cão chupando manga” é um exercício cênico que mistura teatro, circo, dança e artes plásticas num jogo poético sustentado pela técnica da palhaçaria e pela arte da bufonaria.
EU AMARELO: Carolina Maria de Jesus
18/05 | quarta | 20h
Dramaturgia Elissandro de Aquino
Direção Isaac Bernat
Com Cyda Moreno
O projeto se baseia no livro Best Seller da catadora de lixo que se tornou um fenômeno editorial na década de 60. O marco de venda ultrapassa um milhão de livros em mais de 80 países. A peça apresenta o universo da escritora negra mais importante do Brasil do século XX.
Duração 75 min | Classificação Livre
IROKO – MEU UNIVERSO
19/05 | quinta | 20h
Criação Jeff Fagundes
Supervisão de Direção Ricardo Rocha, Julia Limp e Palu Felipe
A história do Tempo no homem é o fio condutor do espetáculo “IROKO: MEU UNIVERSO”. O espetáculo se passa em uma árvore, onde o menino que quer atravessar, encontra medo, solidão e o desejo de voltar para casa. Iroko, que é um orixá que simulacro do orixá “Tempo”, tenta fazer com que ressignifique símbolos e heranças, o que nos torna grande e ao mesmo tempo minúsculos.
Duração 60 min. | Classificação 16 anos
KID MORENGUEIRA – OLHA O BREQUE!
21/05 | sábado | 20h
Texto Andreia Fernandes e Ana Velloso
Direção Sergio Módena
Idealização e Interpretação Édio Nunes
O espetáculo é uma grande homenagem a Moreira da Silva, ícone da música brasileira, que fez do samba de breque a sua marca registrada, sendo considerado um dos inventores e grande divulgador do gênero.
Duração 60 min. | Classificação 14 anos
PERFORMATIVO CARTAS “QUERIDO BRASIL
22/05 | domingo | 18h e 19h
17h | Ana Kfouri (PUC), Carolina Virguez (Cesgranrio/SESC), Jaqueline Lobo (Martins), Antonio Guedes (UFRJ), Morgana Martins (UERJ)
18h | Tatiana Henrique (Cesgranrio), Wescla Vasconcelos (UFF), João Batista (CAL) e Eloisa Brantes (UERJ)
19h | Roda de Conversa
REENCARNAÇÃO
23/05 | segunda | 20h
Criação e Atuação Larissa Siqueira
Reencarnação é uma palestra performance que desmonta, abre e deixa à vista, algumas experiências estéticas disruptivas, da artista Larissa Siqueira.
Experiências que ela chama de Aparições.
Duração 60 min. | Classificação 14 anos
RETALHOS DE UMA FAVELA
24/05 | terça | 20h
DIREÇÃO Rudson Martins
Cia Megaroc de Teatro
O espetáculo dirigido por Rudson Martins e produzido pela Cia de Teatro Megaroc é baseado no documentário ‘’Remoção’’ de Anderson Quack e Luiz Antônio Pilar. Nessa história é retratada a remoção de diversos Morros do Rio de Janeiro. Com muita comédia e diversão por parte de diversos personagens, e sambas consagrados, o espetáculo faz críticas as ações governamentais referentes a remoção tendo como cenário principal o Morro do Pasmado.
Duração 80 min. | Classificação Livre
QUILOMBO
25/05 | quarta | 20h
Direção de Vinicius Rodrigues VN
Com Bailarinos e Atores da Cia. Afro Black
A performance aborda o quilombo do passado e o que não morreu,
que está vivo no século 21. Ainda hoje as pessoas são discriminadas por morarem na
favela, tendo pele clara ou escura.
Ainda hoje, gente preta todo dia é massacrada só por ser preta.
Neste quilombo procuramos a força para lutar por igualdade de viver
CONTOS NEGREIROS DO BRASIL
26/05 | quinta | 20h
Texto Marcelino Freire
Direção Fernando Philbert
Com Rodrigo França
Um espetáculo documentário sobre a condição real e atual da negra e do negro no Brasil. Os personagens veem as cenas por meio das estatísticas apresentadas pelo sociólogo e filósofo Rodrigo França, dados atuais que são expostos para a plateia. Os atores interpretam todos os personagens contidos no livro de Marcelino Freire, “Contos Negreiros”.
Duração 90 min. | Classificação 14 anos
PERFORMATIVO CARTAS “QUERIDO BRASIL
28/05 | domingo | 18h e 19h
19h | Luís Filipe de Lima e Muniz Sodré, a confirmar
20h | Luís Filipe de Lima e a cantora Andrea Dutra
Com o desejo de partilhar histórias da História do chão onde estamos fazendo nosso trabalho, onde criamos e mostramos ações, sonhos, obras de Arte durante todo o mês, convidamos um artista pesquisador que há anos vem investigando o território do Leblon. Luis Filipe de Lima está escrevendo um livro sobre o Leblon, um livro para o Leblon, com o Leblon, e muito do que ele guarda de sua constituição como bairro plural e democrático antes da novelização dos tempos. Também um panorama de acontecimentos do próprio Teatro Café Pequeno, desde os tempos de Aurimar Rocha, seu fundador, que inaugurou o teatro em setembro de 1968 como Teatro de Bolso. Com um repertório de dados preciosos sobre o bairro, uma leitura conversada e musicada para festejar o mês da ocupação artística maravilhosona realizada durante o Festival.
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